A floresta era um labirinto de sombras e sussurros, cada galho quebrado sob os meus pés amplificando o som do meu coração acelerado. A lua mal iluminava o caminho à frente, e as árvores pareciam se fechar ao meu redor, como se estivessem tentando me impedir de seguir. O frio da noite mordia minha pele, mas eu não sentia nada além da raiva e da adrenalina que me impulsionavam a cada passo.Alpha estava perto. Eu podia sentir.
Meus olhos se ajustavam à escuridão enquanto eu avançava, os sentidos em alerta, procurando qualquer sinal dela. Eu sabia que ela estava fugindo, que Lydia tinha sido o gatilho final, a perda que a fez correr para as profundezas dessa floresta como um animal encurralado. Cada movimento meu era calculado, cada respiração contida para que ela não soubesse onde eu estava, até o último momento.
Eu a vi primeiro como uma sombra, se movendo entre as árvores, rápida, mas hesitante. Alpha. A figura dela era inconfundível, o jeito como se movia com uma combinação de agilidade e desespero. Eu apertei o passo, o barulho de galhos quebrando e folhas secas sendo esmagadas sob minhas botas ecoando como um tambor de guerra. Ela sabia que eu estava ali. Sabia que eu a seguia.
A perseguição se intensificou, um jogo de gato e rato onde cada segundo contava. A cada vez que eu achava que ia alcançar ela, ela se afastava de novo, escorregando pelas sombras como um fantasma. Mas eu não ia desistir. Não depois de tudo o que ela havia tirado de nós.
Finalmente, chegamos a uma clareira, e eu vi a luz da lua refletir no brilho dos olhos dela. Alpha parou na beira de um precipício, o corpo tenso, como um animal acuado. Eu também parei, ofegante, com o peito subindo e descendo enquanto encarava aquela mulher que havia destruído tantas vidas, incluindo a minha.
— Acabou, Alpha. — Minhas palavras saíram baixas, roucas, carregadas com o peso de tudo o que eu queria dizer.
Ela se virou lentamente para me encarar, o rosto marcado pela loucura e pela dor que a transformaram na líder que era. Havia um brilho quase insano em seus olhos, algo que misturava ódio, desespero e um estranho senso de aceitação.
— Nunca acaba, menina — ela disse, a voz serena, mas cheia de uma fúria contida. — Você acha que vai vencer? Que vai se salvar? Não há salvação. Só a escuridão.
Eu dei um passo à frente, o chão abaixo de nós começando a parecer mais instável. O precipício atrás dela parecia tão infinito quanto o abismo entre nós duas. Alpha era um reflexo do que a humanidade havia se tornado: quebrada, distorcida, perigosa. E naquele momento, eu percebia que, de certa forma, eu também estava ali.
— Você tirou tudo da gente — falei, os dentes trincados. — E agora vai pagar por isso.
Ela sorriu, um sorriso amargo, sem humor, e deu um passo para trás, ficando perigosamente perto da beira. O vento soprou forte, fazendo a capa suja dela balançar como se fosse um último suspiro.
— Eu só fiz o que todos fariam para sobreviver. — A voz dela era um sussurro que se misturava com o vento. — Inclusive você. Olhe pra você. Você é igual a mim.
Essas palavras me atingiram como uma lâmina, mas eu não hesitei. Eu corri na direção dela, movida pela raiva e pela necessidade de acabar com aquilo de uma vez por todas. Ela tentou se esquivar, mas estávamos muito próximas, e nossos corpos se chocaram com força.
Por um segundo, nós duas pairamos no limite, a gravidade nos puxando para o abismo abaixo. A mão dela se agarrou ao meu braço, e eu senti o impulso de ceder, de deixar ela cair, de acabar com tudo. Mas em vez disso, segurei firme, a puxando de volta com toda a força que eu tinha. Ela me olhou surpresa, como se não esperasse por isso, como se o destino dela estivesse selado e eu tivesse acabado de mudar tudo.
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Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs
Fiksi PenggemarIsabella sempre soube que sua vida não seria fácil, mas o apocalipse zumbi trouxe desafios inimagináveis. Filha de Shane, um homem cujas decisões controversas moldaram o início do novo mundo caótico, Isabella se vê ignorada e desprezada por Rick apó...