Sete anos se passaram, e muita coisa mudou. Às vezes, parece que foi uma vida inteira atrás que estávamos lutando contra Alpha, Beta, e os Sussurradores. As noites insones, os combates intermináveis e o medo constante ficaram para trás, embora as cicatrizes — físicas e emocionais — ainda estejam aqui.Eu e Carl vivemos juntos agora. Depois de tudo, as coisas simplesmente se encaixaram desse jeito. Não houve um momento específico em que decidimos ficar juntos. Foi mais como uma certeza silenciosa que cresceu ao longo dos anos, algo natural, quase inevitável. A gente se cuidava, um apoiava o outro, e, de alguma forma, criamos uma nova vida.
Hershel Jr., por outro lado, cresceu mais rápido do que eu gostaria de admitir. Ele está com sete anos agora, e cada dia que passa, ele se parece mais com o meu pai. Não só na aparência, mas no jeito doce e curioso de ser. Maggie ficaria tão orgulhosa dele.
Hoje era uma tarde tranquila. Sentávamos na varanda da casa nova, um lugar entre as montanhas que havíamos reconstruído com materiais que vieram de Alexandria. A nova comunidade estava quase pronta — era diferente de tudo o que já havíamos feito. Mais segura, mais estruturada, e com menos zumbis para nos preocuparmos. Com o tempo, a quantidade de mortos-vivos foi diminuindo. De certa forma, a luta contra eles se tornou secundária. Agora, éramos nós reconstruindo o mundo, não mais apenas sobrevivendo.
Carl estava ao meu lado, um livro aberto no colo, embora ele estivesse mais focado em observar Hershel do que em ler. Hershel estava brincando com algumas pedras no chão, concentrado como sempre. Quando ele levantou os olhos para nós, eu soube que ele estava prestes a dizer algo importante. O garoto sempre ficava quieto por alguns segundos antes de fazer uma pergunta que ele sabia que nos faria pensar.
— Posso perguntar uma coisa? — Ele começou, a voz calma, mas com uma leve hesitação. Eu e Carl trocamos olhares, e ele assentiu.
— Claro, meu amor, o que foi? — perguntei, me inclinando um pouco à frente.
Hershel olhou para o chão, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. Ele parecia tão pequeno, mas ao mesmo tempo, tão maduro para a idade dele.
— Eu queria saber... se eu posso chamar vocês de mãe e pai.
A pergunta me pegou desprevenida. Carl também ficou visivelmente desconcertado, os olhos arregalados, quase como se ele não tivesse certeza do que havia acabado de ouvir. Nós dois ficamos em silêncio por um momento, e eu tentei processar o que aquilo significava.
— Hershel... — Carl começou, a voz baixa e cuidadosa. — Você tem uma mãe e um pai que amavam muito você. Maggie e Glenn... Eles te amavam mais do que qualquer coisa. Não que a gente não ame, nós amamos.
Hershel assentiu, como se já tivesse pensado nisso antes de fazer a pergunta. Ele levantou os olhos, sérios, mas suaves.
— Eu sei — ele respondeu com firmeza. — Eu sei que eles me amavam. Mas vocês são quem cuida de mim agora. Vocês são quem está aqui, quem faz tudo por mim. E... eu sinto que é isso que vocês são pra mim, mãe e pai.
Senti meu coração apertar no peito. As palavras dele eram tão puras, tão cheias de amor, que foi difícil segurar as lágrimas. Eu olhei para Carl, e vi o mesmo conflito nos olhos dele. Sabíamos que nunca tomaríamos o lugar de Maggie e Glenn, nem queríamos. Mas, ao mesmo tempo, não havia como negar o que éramos para Hershel. Nós éramos a família dele.
Carl, sempre o mais equilibrado entre nós dois, foi quem falou primeiro. Ele abaixou o livro, olhou para Hershel e sorriu de leve.
— Se é isso que você sente, então... sim, Hershel, você pode nos chamar de mãe e pai.
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Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs
FanficIsabella sempre soube que sua vida não seria fácil, mas o apocalipse zumbi trouxe desafios inimagináveis. Filha de Shane, um homem cujas decisões controversas moldaram o início do novo mundo caótico, Isabella se vê ignorada e desprezada por Rick apó...