Acordei deitada na grama, sentindo o calor do sol aquecer meu rosto. Era uma sensação agradável, mas estranhamente fora de lugar. Abri os olhos devagar, piscando contra a luz intensa, e me sentei, olhando em volta. Tudo parecia... normal. Normal demais. O tipo de normal que eu não via há muito tempo, desde antes de tudo isso começar.O campo verde ao meu redor estava tranquilo, sem nenhum sinal de perigo. A brisa suave carregava o som distante de pássaros cantando, algo que eu só conseguia lembrar em fragmentos de memórias antigas. Mas, agora, ali estava, real e palpável.
Eu senti uma confusão crescente, como se minha mente estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que não fazia sentido.
— Olha quem acordou. — Uma voz familiar soou de repente, vinda da direção de uma casa que eu não tinha notado antes. Virei rapidamente, e meus olhos se fixaram em uma mulher loira, de olhos azuis, que me observava da janela da cozinha.
Meu coração deu um salto.
— Mamãe? — A palavra saiu antes que eu pudesse processar totalmente. Eu me levantei, minhas pernas se movendo automaticamente em direção à casa. Corri, sem pensar, sem hesitar, até alcançar a porta. Passei por ela, entrando na cozinha ensolarada.
Tudo estava tão certo, tão exatamente como deveria ser. O cheiro de café fresco enchia o ar, e a mesa estava posta com pratos de café da manhã, como se fosse qualquer manhã comum.
— Peraí, eu morri? — A pergunta escapou dos meus lábios, meu cérebro ainda tentando entender o que estava acontecendo.
— Não ainda. — Outra voz respondeu, uma que fez meu coração parar por um segundo. Eu me virei e vi um homem sentado à mesa, tirando o boné e colocando-o cuidadosamente sobre a madeira. Ele me olhou com aquele sorriso que eu nunca pensei que veria de novo.
— E aí, garota?
— Pai? — Minha voz tremia, e eu me senti como uma criança novamente, olhando para o rosto do homem que significava tudo para mim.
Era ele. Era meu pai. Exatamente como eu me lembrava, com aquele olhar protetor e a calma que ele sempre trazia consigo, mesmo nas piores situações, era o Shane antes da obsessão pela Lori.
Fiquei ali, congelada por um instante, tentando entender como isso era possível. Meus olhos iam de um para o outro, tentando absorver a realidade surreal do que estava diante de mim. Eles estavam ali, tão vivos, tão reais... Mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim sabia que isso não podia estar acontecendo. Não assim.
— Eu... Como? — As palavras falhavam, meu peito apertado com uma mistura de alegria, saudade, e uma sensação crescente de que algo não estava certo.
Minha mãe sorriu, o mesmo sorriso suave que eu me lembrava, aquele que sempre me acalmava quando eu era pequena.
— Venha, querida. — Ela disse, sua voz como uma brisa quente de verão. — Temos tempo, mas não muito. Vamos aproveitar isso.
Eu me aproximei devagar, sentindo o calor da presença deles, algo que eu pensei que nunca sentiria de novo. Mas, mesmo enquanto meus pés me levavam para perto deles, uma parte de mim, no fundo, estava começando a entender o que estava acontecendo. Isso não era real ou significava algo ruim... Mas por enquanto, eu só queria ficar ali, com eles, só mais um pouco.
O aroma familiar do café da minha mãe preenchia o ambiente, e eu estava sentada à mesa da cozinha, observando meus pais. Minha mãe servia o café com aquele cuidado que ela sempre teve, enquanto meu pai estava concentrado em passar manteiga em uma fatia de pão. Tudo parecia tão incrivelmente normal, que eu quase podia esquecer de onde tinha vindo.
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Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs
Hayran KurguIsabella sempre soube que sua vida não seria fácil, mas o apocalipse zumbi trouxe desafios inimagináveis. Filha de Shane, um homem cujas decisões controversas moldaram o início do novo mundo caótico, Isabella se vê ignorada e desprezada por Rick apó...