Brigas

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Isabella.

Acordar ao lado de Carl era uma das poucas coisas que me fazia sentir paz nesses tempos turbulentos. A luz suave da manhã filtrava pelas cortinas, iluminando o quarto de uma maneira quase mágica. Eu me virei devagar, observando seu rosto tranquilo enquanto ele dormia. Seus cabelos desgrenhados, a cicatriz no rosto, tudo nele parecia perfeito aos meus olhos.

Se eu soubesse que meu tempo seria tão curto, teria deixado o medo de lado há muito mais tempo. Cada momento ao lado dele era precioso, e agora, toda a eternidade não seria suficiente.

Passei meus dedos levemente sobre sua bochecha, tentando memorizar cada detalhe, cada linha, cada marca. Ele se mexeu um pouco, ainda adormecido, e eu sorri, sentindo meu coração aquecer com a simples visão dele.

-Bom dia - Sussurrei, embora soubesse que ele ainda estava dormindo. Precisava dizer isso, precisava aproveitar cada oportunidade de falar com ele, de estar com ele.

Fechei os olhos por um momento, sentindo o peso da realidade cair sobre mim. Tinha que ser forte, tinha que aproveitar cada segundo. Não podia deixar que o medo e a tristeza me dominassem. Carl merecia ver meu sorriso, ouvir minhas risadas, sentir meu amor, não minha angústia.

Ele começou a acordar, seu olho se abrindo lentamente. Quando seu olhar encontrou o meu, senti um arrepio de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.

-Bom dia- Ele murmurou, um sorriso sonolento surgindo em seus lábios. -Você tá acordada faz tempo?

-Não muito- Menti, preferindo não contar sobre os minutos que passei apenas observando ele - Só o suficiente pra perceber como você dorme pesado.

Ele riu, um som que eu guardaria no meu coração para sempre.

-Espero que eu não tenha roncado- ele brincou, me puxando para mais perto. -Porque eu quero manter a imagem de namorado perfeito intacta.

-E quem disse que você é meu namorado?- Perguntei arqueando uma sobrancelha e ele me jogou na cama, ficando por cima de mim.

- Eu estou dizendo.- Respondeu dando um beijo em minha bochecha.

- Assim que funciona então?- Ele concordou com a cabeça, eu segurei seu rosto com as minhas mãos e selei nossos lábios.

A porta do quarto se abriu e a voz de Glenn me fez jogar Carl no chão com o susto.

- Eu já sei que vocês estão juntos, não precisam esfregar na minha cara, é muito pro seu pai.- Glenn disse tampando o rosto e eu revirei os olhos.

-Era só bater na porta.- Respondi como se fosse simples e ele me olhou sério.- Tá bom, tá bom, desculpa pai.

- Desçam pra tomar café, hoje o dia vai ser corrido, a noite vamos na base dos salvadores.- Meu pai não estava animado para fazer isso, não era do tipo que achava que as coisas se resolviam matando pessoas.

Descemos as escadas e fomos direto para a cozinha, onde Maggie estava organizando o café da manhã. Glenn e Carl começaram a conversar sobre a invasão à base dos Salvadores, enquanto Maggie me entregava um prato com algumas coisas para comer. Olhei para a comida e senti um nó no estômago. Ultimamente, o enjoo me acompanhava a maior parte do tempo, tornando difícil comer qualquer coisa.

Maggie me observava com um olhar de repreensão.

- Você precisa comer, Isabella - disse ela, e eu sabia que tinha razão. Mesmo assim, a perspectiva de forçar a comida para baixo me fazia sentir ainda mais enjoada.

- Eu sei, mãe - respondi, tentando dar um sorriso. Peguei um pedaço de pão e comecei a comer, embora cada mordida fosse um esforço.

Glenn e Carl estavam profundamente envolvidos em sua conversa sobre a invasão.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora