Raiva consumidora

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Carl Grimes.

A sala de hospital estava mergulhada em um silêncio perturbador. Eu estava ao lado da cama da Isabella, segurando a mão dela, como fazia todos os dias desde que aquela maldita cirurgia tinha acontecido. Era tudo o que eu podia fazer, esperar, rezar, implorar para que ela voltasse para mim. Minhas mãos estavam cansadas, suadas, mas eu não as soltava. Não podia.

Então, de repente, eu senti. Foi leve, quase imperceptível, mas estava lá. Seus dedos se moveram. Meu coração disparou, e por um momento, pensei que estivesse imaginando, que o desespero estava pregando peças em mim. Mas não, eu sabia o que tinha sentido.

— Isabella? — sussurrei, minha voz tremendo. Eu olhei para o rosto dela, esperando, rezando para que os olhos dela se abrissem, mas nada. Então, eu vi de novo. Um movimento sutil, quase como um reflexo. — Isabella! — gritei, agora desesperado.

As pessoas na sala pararam, e eu vi Beth se aproximando, aquela expressão de ceticismo no rosto dela. Eu me virei para eles, sentindo meu coração explodir no peito.

— Ela mexeu! Eu senti! Ela apertou minha mão, eu tenho certeza! — falei, minha voz ficando cada vez mais alta.

Beth me olhou com aquela expressão que eu já estava começando a odiar. Aquela mistura de pena e condescendência.

— Carl, o corpo às vezes tem espasmos musculares. Pode parecer que ela mexeu, mas é involuntário. — A voz dela era calma, como se estivesse explicando isso pela centésima vez, e talvez estivesse. Mas eu sabia. Eu sabia que não era só isso.

— Não foi um espasmo! — gritei, me levantando de repente, o medo e a raiva borbulhando dentro de mim. — Eu sei o que senti! Ela está tentando voltar, ela está lutando!

Beth suspirou, e eu pude ver que ela estava prestes a falar algo que eu não queria ouvir. Ela trocou um olhar com Glenn e Maggie, como se estivesse pedindo apoio. Eles estavam lá, mas eu podia ver a dor e a dúvida nos olhos deles também.

— Carl, eu vim aqui pra falar com você, com todos vocês. — Beth começou, sua voz baixa, mas firme. — Nós não costumamos manter pessoas assim por muito tempo. É perigoso, você sabe disso. Ela pode... ela pode se transformar durante a noite, e isso não é um risco que podemos correr.

As palavras dela caíram como uma bomba na minha cabeça. Era como se o chão tivesse se aberto sob meus pés.

— O quê? — minha voz saiu em um sussurro, mas eu já sabia onde aquilo estava indo.

— Carl, a Isabella não está mostrando sinais de melhora. Não há atividade cerebral significativa. Precisamos... — ela hesitou, procurando as palavras certas. — Precisamos deixar ela ir.

O mundo parou. Tudo o que eu podia ouvir era o som do meu coração batendo descontrolado nos meus ouvidos. Minha visão ficou turva, e de repente, a raiva tomou conta de mim.

— NÃO! — gritei, antes que pudesse me conter. Num impulso de pura fúria, peguei o vaso de vidro na mesa ao lado e o joguei com toda a força na parede. O som foi ensurdecedor. O vaso explodiu em mil pedaços, como se refletisse o caos dentro de mim.

Todos na sala ficaram parados, chocados, mas eu não me importava. Minhas mãos estavam tremendo, e eu sentia minha respiração pesada, difícil de controlar.

— Ninguém vai fazer nada com a Isabella! — gritei, apontando um dedo para cada um deles. — Se alguém tocar em um fio de cabelo dela, eu juro por Deus que vou explodir essa porra de hospital! Vou deixar uma horda de zumbis entrar aqui e não quero nem saber!

O pavor nos olhos deles só alimentava minha raiva. Não era só medo do que eu podia fazer, mas também do que estava acontecendo. Eu não podia perder a Isabella. Eu não podia. Ela era tudo para mim, e não importava o que acontecesse, eu não ia deixar ninguém tirar ela de mim.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora