Eu estava andando de um lado para o outro, incapaz de ficar parada. Meu coração batia tão rápido que parecia querer sair do peito. Hoje era o grande dia da operação, e mesmo que eu tentasse não admitir para mim mesma, o medo estava ali, latente. Eu sentia minhas mãos trêmulas, o estômago revirado, e uma vontade desesperada de sair correndo. Mas não havia para onde fugir. Era isso ou nada.A cada volta que eu dava no quarto, sentia minha mente mergulhando em cenários de pânico. E se algo desse errado? E se, no final, tudo isso fosse em vão? Eu tentava afastar esses pensamentos, dizendo a mim mesma que era a melhor chance que eu tinha, mas o medo era implacável, sussurrando no fundo da minha mente.
Então, eu ouvi o som de passos nas escadas. De imediato, soube que era Carl. O jeito firme, mas cauteloso com que ele subia, como se estivesse tentando carregar o mundo nas costas sem fazer barulho. Virei rapidamente e, assim que nossos olhos se encontraram, não consegui segurar.
Eu corri até ele, sentindo o nó de ansiedade se desfazer por um breve instante enquanto o abraçava com força. Enterrei meu rosto em seu peito, tentando encontrar algum conforto no calor familiar do seu corpo. Ele me envolveu com os braços, me apertando contra ele, como se quisesse proteger cada parte de mim. Por um momento, o mundo lá fora desapareceu, e era só nós dois, em um abraço que dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar.
— Eu tô com medo, Carl — sussurrei, minha voz quebrada, admitindo algo que eu estava tentando esconder até de mim mesma.
Ele se afastou um pouco, só o suficiente para olhar nos meus olhos. A expressão dele era séria, mas havia uma ternura ali que sempre me fazia sentir que, de alguma forma, tudo ficaria bem.
— Eu também,Isabella mas gente já passou por tanta coisa. Isso aqui é só mais uma batalha — ele disse, sua voz firme e calma, o tipo de força tranquila que ele sempre soube mostrar, mesmo nos piores momentos.
Eu queria acreditar nele, queria me agarrar à certeza que ele tentava me passar. Mas a verdade é que a incerteza me corroía. Ainda assim, ali, nos braços dele, senti um pequeno alívio. Como se, pelo menos naquele instante, eu não precisasse ser forte sozinha.
Carl afastou uma mecha do meu cabelo que tinha caído sobre o meu rosto, e sorriu de leve.
— A gente tá junto nisso, sempre esteve. Não importa o que aconteça, eu vou estar aqui quando você acordar.
Eu assenti, sentindo as lágrimas arderem nos olhos, mas forcei um sorriso. Eu não queria que ele visse o quanto eu estava desesperada por dentro. Precisava ser forte por nós dois, ou pelo menos tentar.
O som de alguém se aproximando interrompeu o momento. Beth apareceu na porta, seu olhar preocupado, mas ao mesmo tempo, determinado.
— Tá na hora. Precisamos ir.— ela disse, sua voz suave, mas com um tom de urgência.
Eu parei por um momento quando vi os primeiros flocos de neve caindo do lado de fora da janela. A neve sempre trouxe uma sensação de calma para mim, como se, por alguns instantes, o mundo parasse de ser tão cruel. Aquela era uma das poucas coisas que ainda me faziam sorrir genuinamente.
— Tá nevando — murmurei, mais para mim mesma do que para eles, ignorando por um segundo o peso da situação. — Eu amo quando neva.
Carl e Beth trocaram um olhar rápido, e eu pude ver que ele estava pedindo silenciosamente um pouco mais de tempo. Era como se ele entendesse que eu precisava desse momento, desse respiro antes do que estava por vir.
Carl apertou minha mão com firmeza, mas de um jeito carinhoso, trazendo-me de volta à realidade.
— Então vamos lá — ele disse suavemente, me puxando em direção à porta.
Eu o segui, ainda de mãos dadas, e senti o ar gelado bater no meu rosto assim que saímos.
A neve caía suavemente ao nosso redor, cobrindo o chão com uma camada branca e macia. O ar frio fazia nossas bochechas ficarem vermelhas, mas havia algo de mágico naquele momento. Estávamos todos juntos: Carl, meus pais,e Judith, que não parava de rir enquanto corria de um lado para o outro. Era uma daquelas raras ocasiões em que podíamos simplesmente ser uma família, esquecendo, pelo menos por um instante, os horrores do mundo lá fora.
Judith, com suas bochechas rosadas e um sorriso travesso, pegou um punhado de neve e jogou em Carl, que fingiu estar ofendido.
— Ah, é assim? — ele riu, já preparando uma bola de neve para revidar.
Antes que eu pudesse me proteger, senti a neve fria atingindo meu ombro. Maggie, minha mãe, estava do outro lado com um sorriso malicioso no rosto.
— Vai deixar barato, Isabella? — ela desafiou, já pegando mais neve para a próxima ofensiva.
Eu ri, me sentindo leve pela primeira vez em muito tempo, e entrei na brincadeira. Logo, todos estavam correndo, rindo e jogando neve uns nos outros. Judith corria por entre nós, sua risada contagiante enchendo o ar, enquanto Carl a seguia de perto, tentando pegar ela.
Eu me abaixei para pegar mais neve, mas, de repente, senti uma tontura. O mundo ao meu redor começou a girar, e meu corpo ficou fraco. As risadas e brincadeiras ao redor pareceram se afastar, como se estivessem em outro lugar. Tentei me manter de pé, mas minhas pernas não obedeciam. Antes que eu pudesse cair, senti braços fortes me segurando.
— Eu te peguei — ouvi a voz firme e carinhosa do meu pai, Glenn, me dizendo enquanto me amparava.
Eu me segurei nele, tentando recuperar o fôlego, enquanto sentia o calor familiar e reconfortante dos braços dele ao meu redor.
— Obrigada, pai — sussurrei, minha voz fraca, mas cheia de gratidão.
Glenn me segurou com força, seus olhos cheios de preocupação e amor. Ele acariciou meu cabelo e respondeu com uma suavidade que sempre me fazia sentir segura.
— Vou sempre estar aqui pra te segurar, Isabella. Sempre.
Olhei para ele, tentando absorver a segurança que suas palavras me traziam. Saber que, mesmo em meus momentos mais frágeis, ele estaria lá para me sustentar, me deu uma força inesperada.
Maggie se aproximou, acariciando meu rosto com um olhar misto de alegria e tristeza. Judith correu até mim, segurando minha mão com suas mãozinhas quentes, enquanto Carl me olhava com aquele misto de preocupação e carinho, como se quisesse proteger cada parte de mim.
—Eu acho que tá na hora.— Falei ficando de pé outra vez.— Podemos ir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇs
Fiksi PenggemarIsabella sempre soube que sua vida não seria fácil, mas o apocalipse zumbi trouxe desafios inimagináveis. Filha de Shane, um homem cujas decisões controversas moldaram o início do novo mundo caótico, Isabella se vê ignorada e desprezada por Rick apó...