Meu fim

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Caminhar por Alexandria com Carl parecia surreal, considerando tudo o que ele havia passado. O sol estava brilhando, lançando uma luz suave sobre as casas e os jardins bem cuidados. Carl andava ao meu lado, ainda um pouco cambaleante, mas determinado a entender mais sobre o mundo ao seu redor.

- Então, como a gente chegou aqui? - Ele perguntou, olhando em volta, curioso.

Respirei fundo, tentando escolher minhas palavras com cuidado.

- Foi uma longa jornada. Passamos por muitas dificuldades, mas conseguimos encontrar esse lugar seguro. Aqui é onde temos tentado reconstruir uma vida normal.

- Quem está aqui com a gente? - Carl continuou, franzindo a testa enquanto tentava lembrar.

- Quase todo mundo da nossa antiga vida. Rick, Michonne, Glenn, Maggie... Daryl, é claro. E muitos outros que encontramos pelo caminho. - Eu disse, observando suas reações.

Carl assentiu lentamente, absorvendo as informações. Havia uma expressão de concentração em seu rosto, como se ele estivesse tentando montar um quebra-cabeça com peças que não se encaixavam perfeitamente.

- E a prisão? - Ele perguntou. - Por que saímos de lá?

Aquele era um tópico doloroso, mas eu sabia que ele precisava ouvir a verdade, mesmo que fosse difícil.

- A prisão foi atacada. Perdemos muita gente lá, foi um momento muito difícil para todos nós. - Minha voz estava baixa, quase um sussurro.

- E a gente? - Ele perguntou de repente, parando de caminhar e se virando para mim. - A gente tem alguma coisa?

A pergunta me pegou de surpresa. Eu podia ver a sinceridade e a confusão em seus olhos, e senti um aperto no coração.

- Nós somos melhores amigos. Como sempre, a gente briga bastante, mas somos amigos. - Respondi, tentando manter a voz estável.

Carl olhou para mim por um momento, seus olhos fixos nos meus.

- Eu achei que nesse auge da nossa vida, você já teria visto que eu gosto de você. - Ele disse, sua voz carregada de uma honestidade que me deixou sem palavras.

Engoli em seco, sentindo meu coração acelerar.

- O quê? Você o quê? - Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, traindo minha surpresa.

Carl não desviou o olhar, esperando uma resposta. Eu senti uma mistura de emoções confusas, tentando processar o que ele havia acabado de dizer. A sinceridade dele me desarmou, e eu sabia que precisava escolher minhas próximas palavras com cuidado.

- Carl... - comecei, minha voz tremendo um pouco. - Eu...

Não consegui terminar a frase, paralisada pela intensidade do momento. As palavras dele pairavam no ar, e eu sabia que qualquer coisa que eu dissesse a partir de agora mudaria tudo entre nós.

- Você tá dizendo isso porque ainda tem a memória de antigamente, agora as coisas são diferentes, você não... você não gosta de mim agora.

-Eu gosto, eu tenho certeza que gosto...-Ele suspirou se dando por vencido, parecia cansado demais para discutir.

Alguns dias se passaram e a rotina em Alexandria parecia seguir em frente, mas eu me sentia desconectada, como se estivesse assistindo a tudo de longe. Carl estava recuperando sua memória aos poucos, e a presença dele, ao mesmo tempo familiar e estranha, mexia comigo de uma forma que eu não conseguia explicar.

Um homem novo apareceu na comunidade, chamavam ele de Jesus por causa de sua semelhança com as imagens religiosas. Eu ouvi falar dele, mas não prestei muita atenção. Meus pensamentos estavam confusos, e eu não conseguia me concentrar em nada.

Runners •ᴄᴀʀʟ ɢʀɪᴍᴇsOnde histórias criam vida. Descubra agora