Capítulo 7

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CARMEN NO COMANDO

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EPISÓDIO 2

Cena: Carmen e Lorenzo vão a um tapete vermelho de um evento.

EXT: Tapete vermelho — NOTURNA

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Na extremidade do tapete vermelho, Carmen ajustou o corpete de seu vestido, mostrando-se desconfortável ao levantar o tomara que caia de paetê azul.

— Ainda não entendo porque tenho que aparecer em fotos com você.

Lorenzo sorriu em sua direção, e ela sentiu um frio na barriga provocado pela força de sua atenção.

— Porque você é minha acompanhante.

Não, não sou.Dê o fora, frio na barriga. Isso não é real. Eu sou sua assessora de imprensa. Ou sua babá. Não acompanhante.

Lorenzo abaixou a cabeça e o tom de voz.

— Antigamente você adorava passar pelo tapete vermelho de braço dado comigo — As palavras doces a deixaram arrepiada.

— Sim, mas antigamente eu era sua esposa — Carmen retrucou com rispidez enquanto tentava ignorar as coisas deliciosas que a voz dele fazia com ela. — E agora não sou mais.

Lorenzo endireitou a postura e endureceu a expressão. Carmen tentou ignorar o peso em sua consciência, deixando seu olhar correr pelo tapete vermelho, onde outras pessoas muito bem-vestidas posavam para fotos sob os estouros dos flashes. Os cenógrafos e os técnicos de iluminação tinham se superado dessa vez.

— Somos os próximos — Lorenzo disse com frieza.

Sim. Ela o magoara. Mas ele a magoara também. Eles tinham se divorciado por uma série de razões, e uma delas foi porque não conseguiam parar de machucar um ao outro.

Ou pelo menos essa foi a história que lhe ocorreu quando leu o roteiro.

Carmen respirou fundo, colocou um sorriso no rosto e caminhou sobre o tapete, pendurada no braço de Lorenzo.

Flashes brilharam. Figurantes se movimentaram em silêncio. O barulho da multidão seria acrescentado depois.

Carmen sorriu, inundada pelo nervosismo e pela necessidade de parecer profissional. Ela não estava ali como sua acompanhante, mas sim como sua assessora. Seu único objetivo era ajudar a reconstruir a imagem de Lorenzo para salvar a empresa de sua família. Ela não estava ali para se divertir ou para aproveitar a noite com ele.

Ainda que estivesse aproveitando.

Enquanto eles caminhavam até seu lugar, Lorenzo perguntou pelo canto da boca: — Não é tão ruim, é?

— É horrível — Carmen disse sob um sorriso forçado. Mas ela não estava se referindo às luzes ou às pessoas. Estava se referindo àquela proximidade, ao cheiro do perfume dele, que a envolvia como uma nuvem de conforto, ao corpo forte dele ao seu lado.

Era tudo horrivelmente... maravilhoso. Ela queria se aproximar ainda mais, ficar colada nele, se deixar envolver por seu calor e sentir a pele dele na sua.

Foco, Anahí.

— Corta!

Ah, graças a Deus.

Mise-en-scène AyA - Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora