Capítulo 42

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ALFONSO

Os meus nervos estão fora de controle quando eu chego ao salão de festas no Bronx. Eu tinha imaginado uma reunião pequena na casa de alguém, talvez num centro comunitário, mas aquilo era... grande.

A Marina Del Rey fica à beira da água, com vista para o Estuário de Long Island. A parte externa é toda de pedra clara, num tom de areia, com fontes, arcos e colunas, e cercada de árvores e arbustos bem aparados.

— É um casamento? — abuelita Bibiana pergunta enquanto eu a ajudava a sair do carro que aluguei.

— Devem fazer casamentos aqui — abuelito Guto responde, então dá uma cotovelada em mim e pisca. — Caso você queira fazer disso um verdadeiro espetáculo.

— Vai ter bolo? — Tomás salta do carro e começa a dar pulinhos.

— Vou estacionar — meu pai diz. — Esperem por mim.

Nós entramos todos juntos. Algumas pessoas na porta olham estranho, mas eu incorporo Lorenzo e sigo em frente, segurando a mão de Tomás.

— Você vai subir num palco e contar a todo mundo o que você sente? — Tomás pergunta num sussurro disfarçado.

Eu lembro de como Lorenzo tinha chamado Carmen ao palco no último episódio. Mas eu era diferente de Lorenzo. Na verdade, Anahí era mais parecida com Lorenzo e eu era mais parecido com Carmen. E Carmen... ela faria as coisas de um jeito diferente.

No, mi hijo. Acho que não. Eu só preciso contar a ela.

Abuelita Bibiana dá um tapinha de aprovação no meu braço e sussurra: — Tengo un buen presentimiento.

Encorajado pelo bom presságio de abuelita Bibiana,eu conduzo minha família até o salão principal. Minha boca fica seca imediatamente.

Meu pai para ao meu lado.

— Isso é que eu chamo de festa — ele diz, impressionado.

Havia pelo menos duzentas pessoas lá dentro. A pista de dança central estava movimentada ao som de salsa. Casais dançavam, crianças corriam pelo chão e pessoas sentadas nas mesas redondas espalhadas pelo salão conversavam e comiam.

Todos estavam bem arrumados, e eu faço um agradecimento silencioso ao "pressentimento" que tinha feito abuelita Bibiana colocar o terno de Tomás na mala, "só por garantia". O meu filho estava muito elegante, mesmo com o braço na tipoia.

As cores da festa eram magenta e amarelo, presentes nas flores e na arrumação das mesas, e também nas luzes neon que iluminavam o teto e os arcos nas paredes. As pessoas se serviam num bufê em uma das pontas do salão e havia um bolo enorme em uma mesa na outra extremidade.

Tomás o avistou na mesma hora.

— Bolo! — ele diz num tom de reverência, e eu seguro uma risada.

Então um burburinho começa, e eu soube que havia sido reconhecido.

Uma semana antes, eu teria dado no pé. Mas hoje não. Meus pais sempre haviam me mostrado que, quando você se importa com uma pessoa, é preciso se fazer presente para ela.

Além disso, eu precisava fazer algo grandioso.

Endireitando os ombros, eu aperto a mão de Tomás.

A multidão na pista de dança abre caminho. Uma senhora idosa com um vestido rodado de paetês amarelos está no centro da pista, dançando com um rapaz.

Por um segundo, o salão inteiro prende a respiração. Então a mulher de amarelo dá um berro.

Gritos começam. Pessoas pulam da cadeira para ampará-la, mas tudo o que ela fez foi apontar para mim sem conseguir dizer nada.

Mise-en-scène AyA - Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora