Capítulo 23

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ANAHÍ

Os meus dedos tremem ao tirar o cartão da bolsa para destrancar a porta da minha suíte no hotel. Eu não me viro para olhar para Poncho enquanto abro a porta e entro no quarto, acreditando — esperando — que ele estivesse me seguindo.

Ele estava.

No segundo em que a porta se fecha atrás de nós, ele me põe contra a parede e cola a boca na minha. Eu me entrego por completo. Passo os braços em torno do pescoço de Poncho arqueando o corpo em sua direção. O corpo dele é uma revelação — os músculos fortes e a sólida extensão de sua ereção pressionam meu abdômen.

Eu já sabia como era o toque, o cheiro dele, a sensação de seus lábios nos meus. Mas aquilo era diferente.

Daquela vez era real.

Quando a língua dele desliza pelos meus lábios, eu os abro com um gemido.

Até que enfim nós íamos fazer aquilo direito.

Nossas línguas se tocam, provando uma à outra, acariciando-se. O beijo de Poncho é mais forte, mais audacioso que o de Lorenzo. E eu me deixo levar.

Por mais que já tivéssemos feito isso antes várias vezes, tudo é novo. Nós não somos Carmen e Lorenzo nesse momento. Somos só Anahí e...

— Poncho — sussurro, minha boca colada à dele.

Ele pressiona os lábios na curva do meu pescoço e faz um som questionador com o fundo da garganta.

— Me toque, por favor. — eu peço.

Ele obedece.

Suas mãos deslizam pelas minhas costas, num caminho certeiro, contornando as laterais do meu corpo e minha cintura, parando em minha bunda para apertá-la e então descendo pela parte de trás das minhas coxas. Ele me levanta como tinha feito quando filmamos o episódio quatro. Aquilo tinha me deixado arrepiada em cena, e estava fazendo com que me arrepiasse de novo.

Ainda me beijando, Poncho me carrega até a mesa onde tínhamos comido pizza e tomado vinho, e me coloca sentada sobre ela. Então ele pressiona o quadril contra o meu, e senti-lo daquele jeito faz com que eu deseje desesperadamente tocá-lo também.

— Tira — eu imploro, puxando a camiseta dele. — Tira agora.

Ele se afasta apenas o suficiente para alcançar as próprias costas, passando as mãos em torno da camiseta e arrancando-a pela cabeça. Na difusa luz de Nova York que entrava pelas janelas — porque nós nem pensamos em acender a luz ao

chegar —, eu corro os olhos e os dedos pelos ângulos e retas dos músculos de Poncho. Eu senti vontade de tocá-lo desde que o vi na esteira da academia.

E agora eu podia.

Mas Poncho não se contenta em apenas ficar parado e deixar que eu o toque. Ele se inclina na minha direção, capturando minha boca novamente, com fervor.

E então me surpreende, murmurando junto aos meus lábios:

— Isso não é um beijo cenográfico.

— Não — eu concordo, unindo a minha língua à dele de novo, para me convencer. Beijar de língua era um limite que nós nunca havíamos ultrapassado no trabalho. — Até porque você claramente não está encenando.

Ele ri, e então afasta a boca da minha para traçar uma linha pelo meu pescoço, chegando até meu ombro nu.

— Essa blusa — ele diz baixinho, correndo os dedos por debaixo da alça. — Você usou essa blusa para me deixar doido?

Mise-en-scène AyA - Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora