Capítulo 24

136 9 0
                                    

ALFONSO

Quando o alarme toca, às cinco da manhã, eu me viro para desligá-lo. E então noto um peso morno e um perfume cítrico em meu peito.

Anahí.

Era verdade. Na noite anterior nós tínhamos... bem, eu não estive dentro dela, mas houve uma troca de fluidos e... Meu Deus, eu tinha gozado nela, depois de me esfregar no quadril dela como se fosse... eu nem sabia o quê.

No que eu estava pensando? Nós mal tínhamos dado o primeiro beijo — o primeiro beijo de verdade —, e segundos depois estávamos nus. O que quer que houvesse entre nós, estava indo rápido demais, quase fora de controle.

Mas também tinha sido tão bom que eu não conseguia me arrepender.

O alarme do meu celular continua a soar insistentemente.

Anahí solta um gemido bonitinho e levanta a cabeça para olhar para mim no escuro.

— Que horas são?

Cinco de la... Quer dizer, cinco horas. — respondo.

Resmungando, ela volta a deitar a cabeça no meu ombro e se aninha de novo.

— Por quê? — ela resmunga, a voz saindo abafada.

Uma risada cresceu dentro de mim.

— Por quê o quê?

— Por que... cinco horas — ela responde sonolenta. — E por que... o alarme.

— É o horário do meu treino matinal na academia.

— Ahhh. — Ela mexe as mãos, roçando-os no meu bíceps com os dedos finos. — Então tudo bem.

Eu precisava me levantar. Agora. Nem deveria ter ficado, para começo de conversa, mas eu sentia um puxão no estômago, como se uma âncora invisível me mantivesse preso ao lado dela.

Ignoro aquela sensação e saio da cama. Eu tinha compromissos. O treino na academia, claro, mas também havia combinado de fazer uma chamada de vídeo com Tomás e eu não me perdoaria se decepcionasse meu filho para ficar na cama com uma mulher.

Mesmo que essa mulher fosse Anahí. Mesmo que tudo que eu quisesse naquele exato momento fosse ficar ali deitado com ela por mais dez minutos.

Seguindo o som do alarme, eu encontro meu celular no bolso da calça jeans que tinha deixado no chão na noite anterior. Depois de silenciá-lo, vou até o banheiro. Quando volto, os olhos de Anahí estavam pesados de sono, mas abertos. Eu senti o olhar dela me seguindo pelo quarto enquanto recolhia minhas peças de roupa e me vestia.

E então não havia mais nada a fazer a não ser ir embora. Eu devia falar alguma coisa significativa, mas não sabia o quê. Certamente eu não podia fazer promessas nem planos. Mas também eu não precisava ser um babaca, então, antes de sair, volto até a cama e me sento ao lado dela.

Com movimentos gentis, ajeito o cabelo dela atrás da orelha e me inclino para beijá-la no rosto. Quando ela se ergue, apoiada nos cotovelos, não penso e a puxo para mim, segurando seu corpo quente e nu no meu colo, abraçando-a com força. Anahí se agarra a mim, enfiando o rosto em meu pescoço.

Ficamos abraçados até que o alarme do celular soou outra vez.

— É a minha deixa — eu digo, relutando em soltá-la. — Eu... volto mais tarde.

Eu não deveria, mas não havia sentido em negar que voltaria.

Ela concorda, voltando a se deitar.

Mise-en-scène AyA - Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora