Capítulo 13

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CARMEN NO COMANDO

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EPISÓDIO 3

Cena: Beijo de Carmen e Lorenzo.

INT: Cozinha dos Serranos — NOTURNA

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Ilba deu a deixa e Dahlia pegou o celular na ilha da cozinha. Ela olhou para a tela.

É tía Jimena. Un momentito.

Foi até os fundos da cozinha e tomou a escada, saindo do set.

Na bancada, Carmen reclamou:

— Ela vai demorar uma hora.

Lorenzo cruzou os braços e deslizou o quadril ao longo da bancada, chegando mais perto de Carmen, invadindo sutilmente o espaço pessoal dela, mas sem ultrapassar o limite. Ele lhe lançou um sorriso charmoso.

— Acha que tenho alguma chance de vencer?

Carmen, que estava debruçada com os cotovelos apoiados na bancada, levantou o olhar na direção dele, avaliando-o.

— Acho que sim. Se você se lembrar de todos os passos da receita, executá-los perfeitamente e terminar a tempo.

Ele solta uma risada.

— Sem pressão.

E, por Carmen conhecê-lo e saber como ele se cobrava constantemente, ela repetiu as palavras baixinho, sem sarcasmo: — Sem pressão.

Parte da tensão de Lorenzo abandonou seu rosto quando ele olhou para Carmen. Ele descruzou os braços, tocando o rosto dela com uma das mãos. Seus dedos fortes percorreram a face dela, contornando o pescoço. Ela se arrepiou com o toque dele.

— Tem alguma coisa aqui — ele disse, no tom de voz baixo e sedutor que lhe valera um disco de platina por seu primeiro álbum.

Ele passou gentilmente o polegar pela bochecha dela.

Carmen sabia o que aquilo significava. Uma desculpa, um pretexto para tocá-la. A distância entre os dois o estava matando, e ele não conseguia mais manter as mãos longe dela. Ela o entendia, porque também sentia o mesmo.

Mas não estava disposta a deixá-lo usar desculpas.

— Não tem, não. — A voz de Carmen era confiante, mas as palavras vibravam de desejo.

A surpresa ficou evidente no rosto de Lorenzo: ele primeiro arregalou os olhos escuros, para em seguida estreitá-los. Ela nunca tinha sido tão direta quando eles estavam juntos.

— Tem razão — ele disse. — Não tem. Eu só... Eu só queria...

E isso foi tudo.

Os dedos dele não apertaram o rosto dela. Ele não a puxou. Era importante deixar claro que ela queria aquilo tanto quanto ele, que os dois estavam na mesma página, juntos para o que houvesse.

Carmen se ergueu da bancada onde estava apoiada, levantando o rosto na direção dele, buscando-o. Ele passou o outro braço em torno de sua cintura e se aproveitou do gesto que ela fazia para puxá-la para perto. Em um único movimento fluido, os dois de repente estavam colados um ao outro, envolvidos pelo calor e pela proximidade suscitados pelos aromas da cozinha.

Por uma fração de segundo, seus olhos se encontraram, num consentimento silencioso. Sim, aquilo estava acontecendo. Sim, seus corpos desejavam aquilo. E, quando se inclinaram um para o outro, suas bocas se encontraram no meio do caminho, numa colisão de lábios.

Carmen afundou os dedos no cabelo de Lorenzo enquanto ele firmava a mão nas costas dela. Seus lábios se espremiam um contra o outro, o peito arfava e a boca se abria enquanto eles trocavam um beijo apaixonado que parecia que duraria para sempre.

O silêncio no local era ensurdecedor, o único barulho no ambiente era o som de seus gemidos baixos e de sua respiração, captados pelo microfone entre eles. A atenção de ambos estava cem por cento focada um no outro, exceto...

Exceto pela inquietante sensação de que faltava alguma coisa.

E então:

— Corta! Vamos fazer de novo!

Mise-en-scène AyA - Adapt [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora