Capítulo 5: Conhecendo novas pessoas.

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“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.” – (Miguel Unamuno).



Já haviam se passado algumas semanas desde o encontro entre os sogros de “Ester”, e Emma já estava familiarizada com a dinâmica entre os dois mundos em que vivia. Ela havia aprendido a reconhecer os sinais que indicavam quando o espelho a chamava, como a sensação diferente em seu coração e o formigamento em suas pernas. Assim, ela se acostumou a alternar entre ser Emma em seu mundo verdadeiro e “Ester” naquele antigo mundo em Barcelona.

Durante esse tempo, Emma estabeleceu amizade com alguns dos empregados do casarão, mas havia uma pessoa em especial com quem ela se conectava: Anastácia. Anastácia era uma mulher de meia idade, antiga na família Lemon, e se tornou uma figura materna para Emma naquele mundo espelhado. A jovem apreciava a companhia de Anastácia, pois ela era sociável, simpática e cheia de sabedoria. Suas conversas eram enriquecedoras e divertidas, e Emma valorizava muito os ensinamentos e conselhos que a empregada compartilhava com ela.

E naquela bela manhã em Barcelona, a rua que antecedia o casarão, chamada Enric Granados, era um local movimentado e cheio de vida. A rua homenageava o renomado pianista catalão Enric Granados, que havia deixado um legado importante na cidade. Era uma rua repleta de restaurantes, cinemas, óperas, teatros e museus, que atraíam tanto os moradores locais quanto os visitantes. Emma lembrava-se de como sua família daquele lugar amava frequentar o 'Museu Teatre de la Ciutadella', um estabelecimento marcante na cidade, onde especialmente Lílian, sua mãe, apreciava peças teatrais e musicais.

Barcelona, tanto naquela época quanto nos dias atuais, era uma cidade encantadora e acolhedora. As calçadas eram agradáveis, com árvores e plantas que proporcionavam sombra em diferentes partes. À noite, o ambiente se tornava cinzento e acolhedor, criando uma atmosfera única que envolvia as colinas da cidade.

No entanto, naquele momento, Emma não podia desfrutar desses lugares deslumbrantes, pois o sol brilhava intensamente do lado de fora do casarão. Mesmo assim, ela decidiu caminhar em direção à cozinha para conversar com Anastácia. A empregada era mais do que uma funcionária para Emma; era como uma segunda mãe naquele lugar. Conversar com Anastácia era sempre agradável e divertido. A mulher de meia idade possuía sabedoria e compartilhava ensinamentos valiosos que havia aprendido na igreja e com seus pais.
Suas palavras eram como versos bíblicos que encantavam a jovem. Emma valorizava a sabedoria e a simplicidade de Anastácia, e fazia o seu melhor para guardar cada ensinamento em seu coração.

Enquanto adentrava a cozinha, Emma sentia uma sensação de acolhimento e familiaridade. O ambiente estava repleto de aromas deliciosos, por isso, após saudar Anastácia, ela dirigiu-se astutamente até uma das panelas do grande fogão.

— Ester! Ainda não está na hora do almoço, então pare de enfiar esse seu dedinho na geleia, oras! — falava Anastácia com uma falsa repreensão, ao flagrar Emma se aproximando do grande fogão.

— É que essa sobremesa está tão boa! — elogiou Emma, terminando de provar o doce que tinha pegado.

— Isso eu sei, mas aqui não é lugar para mocinhas como você ficar, sabe disso, não é? — praguejava a senhora. — Mas por que estou falando isso? Eu amo quando você está aqui! — e soltou um prazeroso sorriso.

— Eu também amo ficar conversando e ouvindo suas belas palavras. — olhou com compaixão para a mais velha. — E bem que a senhora podia me ensinar a fazer essas delícias. — dizia alegremente, ainda perto do grande fogão.

— Para quê? Por acaso quer treinar para quando se casar? — Anastácia soltou um riso malicioso.

— Quê? Aquele insensível e sem coração? — expressou, encarando a empregada. — Não, não mesmo!

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