Capítulo 10: Nova chance.

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"Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma, até que chegue o momento certo para se tornarem realidade." — (Anatole France)


Ao chegar na livraria, situada a alguns quarteirões de sua casa, Emma adentrou o aconchegante ambiente, envolto pelo agradável aroma dos livros. Por um acaso, esbarrou em alguém ao entrar, e ao se virar para se desculpar, deparou-se com aquele rosto de anjo. Um anjo que, por um acaso, testava sua paciência.

Ele exibiu um sorriso irônico ao questionar: — Anda me seguindo, garota atrapalhada?

Curiosamente, era a segunda vez que se encontravam no mesmo dia. Emma olhava Leonardo sutilmente, com o violão pendendo ao lado do corpo. Ela reparou que o mesmo aparentava não ter mudado muito, exceto pelo fato de seu cabelo loiro ter crescido um pouco, formando pequenas ondas rebeldes que caíam pelos lados de sua cabeça, o que o deixava ainda mais belo. — “O quê você tá pensando Emma?” — A garota repreendia-se mentalmente pelo pensamento absurdo sobre o garoto. Mas era um fato, apesar disso.

— Se soubesse que você estava aqui — respondeu ela, tentando manter-se firme sob o olhar dele —, não teria vindo. No entanto, queria comprar uns livros e estou ansiosa para comprá-los logo, para poder ir embora sem ter que ouvir mais suas piadas sem graça. — disse, fuzilando-o.

Leonardo apoiou-se no parapeito de uma das estantes de livros, lançando um sorriso maroto nos finos lábios.

— Não precisa ser tão rude, Emma — retrucou ele, com um toque de diversão em sua voz.

— Acho que você foi rude primeiro, garoto — defendeu-se Emma, ciente de que ele só a chamava de “garota atrapalhada” — Além disso, você ficou me encarando o tempo todo lá no palco — disse ela, de forma direta e clara.

Leonardo tentou negar: — Quem disse que eu estava encarando você? — perguntou, mas era evidente que ele estava tentando esconder algo.

— Vai dizer que não estava, então? — desafiou Emma, desconfiada.

— Tudo bem, você venceu. Eu estava mesmo — confessou ele, rendendo-se com as mãos erguidas — Mas tem algum problema?

O coração dela falhou uma batida.

Ela então ficou por um momento sem reação diante da resposta dele. — Por acaso ainda está com raiva desde aquele incidente? Ou pelo fato de eu ter ido à sua casa? — perguntou encarando-o estritamente para afastar os pensamentos inoportunos — Minha avó trabalha lá, tá bem? Não posso deixar de ir vê-la às vezes. — argumentou, lembrando-se de que não havia mais visitado sua avó no trabalho, afinal.

Leonardo pousou o olhar sobre os dela e disse de forma sincera: — Estou tentando esquecer o que você fez naquele dia, Emma, porque aquela camiseta era importante para mim.

Emma sentiu-se um pouco desconcertada com a sinceridade dele. — Já pedi desculpas. — disse sincera.

— Tudo bem. — rendeu-se ele — E não se preocupe em ir visitar sua avó, você pode ir quando quiser — continuou ele. — Ela é uma ótima pessoa, diferente da neta, é claro...

— Já vai começar com as intrigas? Você não cansa não? — ela revirou os olhos diante do comentário provocativo, enquanto devolvia um livro para a estante.

— Acho que não. Mas o quê posso fazer? — soltou uma risada anasalada fazendo com que a garota revirasse novamente os olhos e mudasse o percurso do corredor de livros em que estavam.

— Está bem, vou fingir que não ouvi isso — disse ela, virando-se para ele — Mas mudando de assunto, eu não sabia que você cantava e ainda se apresentava em lugares como aquele — comentou, lembrando-se da lanchonete pequena e simples da calçada.

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