Capítulo 20: Uma relíquia especial.

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“Entre o passado, onde estão nossas recordações e o futuro, onde estão nossas esperanças. Fica o presente onde está o nosso dever.” — (Milton Bigucci)


Naquela tarde ensolarada de sábado, Emma se encontrava no batente da janela da sala, olhando para o Sol quente daquele dia. Enquanto o calor envolvia seu corpo, sua mente vagava pelas lembranças da noite de quinta-feira, que havia sido marcada pela chuva e pelo frio. Lembrar daquele dia trazia de volta as memórias dolorosas de sua mãe, que ressurgiam em sua mente como flashes vívidos.

Ela desviou o olhar para o celular e abriu o Instagram, onde notou que Leonardo havia curtido a foto que ela havia postado mais cedo. Na imagem, ela acariciava carinhosamente o adorável Sócrates, um filhote de pelos dourados, em um pequeno banco na praça da cidade. A foto havia sido capturada por seu avô durante um lindo passeio dos dois na tarde do dia anterior.

E na mesma noite do dia anterior, Leonardo havia ido falar com os avós de Emma para pedir a bênção para a união dos dois, algo que era de extrema importância para ambos. Dona Matilda e Thomas aceitaram o relacionamento, pois a avó conhecia Leonardo muito bem devido ao tempo que havia trabalhado em sua casa. Ela havia percebido o olhar verdadeiro e romântico que ele dedicava à sua querida neta, mesmo com as pequenas desavenças que ocorriam ocasionalmente. Emma acreditava que havia um propósito divino envolvido em seu relacionamento, e isso lhe trazia um sentimento de segurança e certeza.

Leonardo havia enviado uma mensagem para Emma, dizendo que marcaria um jantar na mansão para que ela e seu avô pudessem conhecer seus pais também. Emma não conseguia esconder seu nervosismo diante desse momento, mas sabia que era necessário, principalmente porque ainda não conhecia os pais de Leonardo pessoalmente, devido à agenda ocupada deles. Ela esperava causar uma boa impressão e torcia para que o encontro fosse agradável.

Após responder a mensagem de Leonardo concordando com o jantar, Emma guardou o celular no bolso direito de sua saia jeans clara e dirigiu-se ao avô.

— Que dia esplêndido temos hoje, vovô! — disse para o mais velho, que se balançava em sua macia poltrona, tomando um delicioso chá de linhaça enquanto acariciava o adorável Sócrates, a fofa bola de pelos que haviam adotado meses atrás. O gatinho, como já mencionado, recebeu o nome de Sócrates em homenagem ao grande filósofo que seu avô Thomas admirava desde sua juventude.

— De fato, hoje é um dia maravilhoso! — sorriu o avô, observando atentamente alguns adolescentes que brincavam de futebol na calçada, todos felizes e suados pelo sol. — “Cada novo amanhecer traz consigo a sensação de recomeço. Mesmo que o cenário de nossas vidas às vezes permaneça o mesmo, sempre há uma vontade dentro de nós de seguir em frente, de melhorar as coisas e de aproveitar as novas oportunidades de um novo dia.” — recitou ele, olhando para as nuvens no alto.

— Que lindo, vovô — disse Emma, encantada com as poesias do mais velho. Às vezes, elas surgiam inesperadamente e em qualquer momento.

— Mesmo que eu goste de vê-los felizes assim, eles vão ficar vermelhos por causa desse sol — comentou o velho, olhando novamente para os rapazes na rua. O clima realmente parecia inacreditável, em consideração aos dias anteriores.

— No meu tempo, eu estaria colhendo milho no campo, ao lado de meus falecidos pais, nesse horário do dia — anunciou mais uma vez o senhor Thomas, enquanto Sócrates descia dos braços do avô para beber água em sua vasilha próxima à poltrona. — Viu, querida? Até o Sócrates está sentindo calor! — riram os dois, em meio ao ambiente aquecido pelo sol.

— Vovô — chamou Emma, aproximando-se —, já que hoje é sábado e eu não trabalho no estúdio, poderíamos ler juntos algumas de suas anotações antigas? — perguntou, sabendo que o avô guardava momentos marcantes de sua vida em maravilhosos cadernos antigos.

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