Capítulo 9: Uma adorável voz.

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“Nas profundezas do rancor, uma chama ardente de amor pode emergir, derretendo as barreiras e transformando inimizade em paixão.” — (Cici).

Emma Sabatella, após um dia exaustivo, encontrava-se deitada em sua cama, desfrutando do aconchego de seu quarto na dimensão passada. Enquanto mergulhava naquela atmosfera de paz, uma estranha sensação de “formigamento” começou a percorrer suas pernas, como tantas outras vezes. Fascinada pela experiência, Emma se viu ser levada novamente pelo estranho espelho, transportando-a para seu verdadeiro mundo.

Instantaneamente, ela se encontrou em seu quarto, deitada em sua real cama, sentindo a maciez de seus lençóis roxos sobre seu corpo. Ela sempre se encontrava ali, depois de uma longa viagem no mundo espelhado. Não sabia a razão, mas ele sempre a trazia para seu verdadeiro quarto e não ao do casarão, onde ficava o espelho.

Então, depois de sair de suas perguntas sem respostas, ela se levantou com um misto de surpresa, sabendo que havia voltado ao seu lar. Após um refrescante banho, desceu as escadas para encontrar seus amados avós, cujo carinho e presença sempre trouxeram conforto e alegria.

Ao vê-los naquela manhã, Emma cumprimentou-os com um sorriso radiante no rosto, saudando-os com um “Bom dia, vó, bom dia, vô!” Enquanto os dois se serviam dos deliciosos pães caseiros, ela se sentou com um semblante feliz, sentindo-se rejuvenescida pelas novas experiências vivenciadas no mundo espelhado.

Seus avós a olharam surpresos, mas felizes, como se não a vissem tão alegre desde o acidente de semanas atrás.

— Bom dia, minha neta. Você parece tão... melhor. Aconteceu alguma coisa para deixá-la tão alegre? — perguntou a avó, transparecendo a felicidade em ver a amada neta daquela forma, tão vivaz!

— Sim, estou mesmo melhor! — anunciou Emma com um sorriso contagiante. — Acho que estou conseguindo ter fé novamente na realização do meu sonho, quer dizer, do nosso sonho, vó! — disse, como uma criança que acabara de ganhar um doce.

— Sério? Fico feliz por você estar se dedicando a isso. Sei que vai realizá-lo por nós, eu acredito em você. — Dona Matilda ficou surpresa e feliz pela neta, pois estava começando a ver a possibilidade de um recomeço para o seu sonho.

— Eu também acredito em você, Emma. Sei que não desiste facilmente de seus sonhos. — disse um reluzente Sr. Thomas.

Emma já tinha voltado a frequentar a faculdade depois de ter se recuperado melhor e agora também tinha a oportunidade de dar aulas de dança, mesmo que em outro mundo. Aquilo a deixava feliz e esperançosa de certa maneira. Quem sabe algum dia não tivesse novamente a chance em seu verdadeiro mundo de participar de um grupo de dança, como sempre desejou.

— Obrigada por vocês me apoiarem sempre, isso significa muito para mim. — disse Emma, agradecida. Assim, eles continuaram o café da manhã, colocando a conversa em dia.

.....

A jovem Emma estava desfrutando de um tranquilo passeio pelas ruas de Barcelona quando, subitamente, seus ouvidos foram presenteados com um belo som de violão. A melodia envolvente da música encantava sua alma alegre e ansiosa naquele momento. Curiosa e fascinada, Emma vasculhava os arredores, tentando localizar a origem daquela voz suave acompanhada pelo som do instrumento, e logo avistou o ponto de onde vinha tão encantador conjunto musical.

Era uma rua tranquila, poucos carros passavam, cercada por belas árvores que enfeitavam as calçadas. Pessoas caminhavam descontraídas pelo local, segurando-se pelas mãos em perfeita harmonia, enquanto outras se acomodavam voluntariamente em mesas de uma pequena lanchonete ao ar livre, de onde provinha a música simples e cativante. Emma dirigiu seu olhar ao modesto palco do estabelecimento e reconheceu imediatamente a figura responsável por aquele belo som e canto. Era o mesmo garoto que ela julgava repugnante, mas também com cara de anjo.

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