Capítulo 16: Um olhar diferente.

12 2 0
                                    

“Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração. Esquecer...Esquecer... Esquecer será sempre a melhor opção?” — (Willian Shakespeare).



Era uma bela manhã de quinta-feira naquele início de novembro em Barcelona, com o sol brilhando no céu e iluminando a cidade. Emma levantou-se e fez sua oração matinal, depois seu devocional e enfim tomou seu banho. E com a mente cheia de expectativas e pensamentos sobre o casarão e a dimensão espelhada, ela se arrumou e desceu contente pelos acontecimentos em sua vida.

Ao chegar na sala, Emma viu sua avó terminando de preparar o café e seu avô colocando os pães frescos sobre a mesa, que estava repleta de delícias. O aroma do café e dos pães quentinhos fez Emma sorrir, sentindo-se feliz com o delicioso café da manhã que a esperava.

— Bom dia, abuelos! — cumprimentou-os, abraçando-os um de cada vez. — O cheiro do café da manhã sempre me alegra — disse, fazendo gestos com as mãos como se estivesse inalando o aroma delicioso.

— Principalmente quando é o café da sua avó — disse o Sr. Thomas, servindo-se de café em uma xícara de porcelana antiga, o que fez Emma lembrar das várias peças de porcelana do casarão na outra dimensão.

— Bom dia, minha querida — saudou sua avó, colocando a garrafa de café sobre a mesa.

Emma sentou-se ao lado esquerdo de seu avô, que ficava no centro da mesa, de frente para sua avó, que também havia acabado de se sentar. A casa de Emma era acolhedora, eles não eram ricos, mas tinham tudo o que precisavam para viver bem e felizes. O ambiente familiar tornava tudo ainda mais especial.

A jovem amava estar no conforto de sua casa e junto de sua família, tanto no mundo real quanto no mundo espelhado. Cada dia tornava-se mais difícil pensar em fazer uma escolha entre sua vida atual e a vida na outra dimensão. Esses pensamentos apertavam seu coração, pois imaginava que qualquer decisão traria consigo a dor da perda. Emma amava a adrenalina e a emoção das descobertas na outra dimensão, pois sabia que algo a aguardava lá, um propósito que ainda estava por se revelar em sua vida. Mas também sentia uma profunda felicidade em estar com seus avós, que a criaram sozinhos desde sua infância. Sabia que tinha um papel importante no mundo em que vivia e que tinha suas próprias responsabilidades e propósitos a cumprir.

A jovem havia perdido seu querido pai em um trágico acidente e logo em seguida sua mãe a abandonou. Como poderia continuar sendo feliz diante de tantas perdas? No entanto, Emma encontrou forças para seguir em frente. Seus avós a acolheram, amaram e deram todo o amor que lhe faltava da mãe. Eles foram sua fonte de felicidade e conforto, preenchendo o vazio deixado pela ausência dos pais. Emma aprendeu a ser forte e não se deixar abalar pelas provocações e chacotas que enfrentou na escola por ser órfã. Ela tinha seus avós amorosos, amigos verdadeiros que a entendiam e, acima de tudo, a presença constante de um Deus maravilhoso que nunca a abandonou, trazendo paz ao seu coração e a felicidade de ter pessoas maravilhosas ao seu redor.

Enquanto refletia sobre as lembranças do passado, Emma se recordava vagamente de seus pais, principalmente do pai, pois ainda era muito nova quando tudo aconteceu. As fotos do casal espalhadas pelo quarto de seus avós a faziam reviver momentos felizes, mas também despertavam questionamentos sobre o motivo pelo qual sua mãe havia partido. Em momentos como esse, em que a família deveria estar mais unida, lutando contra o luto e a perda, a mãe de Emma agiu de forma contrária, tomando decisões ruins e machucando profundamente sua filha. Mesmo aos vinte anos, Emma ainda se perguntava se um dia veria sua mãe novamente, a não ser na dimensão espelhada.

— Pois é, tenho um pouco de pena dele.

Emma estava tão imersa em pensamentos sobre a mulher que a abandonou que já não acompanhava a conversa de seus avós.

Através Do Espelho Onde histórias criam vida. Descubra agora