Capítulo 15: Longa história de amor.

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“Tarde demais a conheci, por fim; cedo demais, sem conhecê-la, amei-a profundamente.” — (William Shakespeare).


Ao retornar da conversa com Leonardo, Emma se sentou novamente à mesa de jantar e percebeu que Matteo a observava atentamente até que ela se pronunciasse.

— Desculpa, Matteo, pelo imprevisto de mais cedo — ela se desculpou com certo constrangimento.

— Tudo bem... E não precisa se desculpar — respondeu Matteo, com uma expressão um tanto quanto pensativa.

Conversaram por um tempo, e Emma explicou a Matteo sobre seus sentimentos por ele (após ele terminar de se declarar), o que se resumiam a uma amizade sincera. Ela também compartilhou o ocorrido com Leonardo, esclarecendo que o mesmo era apenas um amigo. Pelo menos era o que ela achava que estava se tornando aquilo: em uma estranha amizade, apesar das briguinhas constantes.

Emma olhou para Matteo, esperando sua reação, enquanto se pronunciava novamente.

— Então, eu espero que continuemos com nossa amizade, que é muito importante para mim — disse ela, um tanto sem jeito. — Sou tão grata a você pela oportunidade que está me dando no estúdio de dança. Me desculpa mais uma vez se dei a entender algo que não era verdadeiro. Eu realmente não queria deixá-lo com falsas esperanças.

A expressão de Emma era sincera, e ela esperava que Matteo entendesse sua posição. Ele a observou por um momento antes de responder.

— Já falei, Emma, não precisa se desculpar. Ninguém escolhe por quem se apaixona, não é? E eu fico feliz por você ter um amigo tão próximo assim, e do jeito que ele olha para você — ele apontou discretamente para Leonardo, que estava sentado a alguns metros de distância. — Acho que pode existir ainda amor recíproco entre pessoas neste mundo.

Emma ficou surpresa com o comentário de Matteo. Ela se perguntou o que o levava a pensar dessa forma.

— Mas o que te faz pensar assim? — ela perguntou, curiosa para entender melhor o ponto de vista de Matteo.

Matteo olhou para a mesa onde Leonardo estava, conversando silenciosamente com sua mãe, enquanto seu pai falava seriamente ao telefone. Ele voltou seu olhar para Emma, com um brilho nos olhos.

Às vezes, basta observar as pessoas e suas interações para perceber que o amor verdadeiro ainda existe. Pode ser nos pequenos gestos, nos olhares ou até mesmo nas palavras não ditas. Acredito que, apesar de todas as dificuldades, o amor é uma força poderosa que pode unir as pessoas de maneira única e especial — disse Matteo, com um sorriso suave nos lábios.

Emma refletiu sobre as belas palavras de Matteo e curiosa, disse: — O que você falou é verdade, mas sinto que tem algo por trás dessas palavras, não têm? — ela endireitou-se mais para frente, encarando-o curiosa.

— Eu já amei outra pessoa antes de você, Emma. Mary Jane era o nome dela — Matteo suspirou ao relembrar seu primeiro grande amor juvenil, uma história que o deixava triste sempre que se recordava. — Pode parecer clichê, mas foi amor à primeira vista. Eu a conheci na minha terra natal, em Londres — disse, contando sobre a garota. — Ainda estava no meu primeiro ano da faculdade de música. Naquela minha segunda semana na universidade, ao adentrar o imenso portão do lugar, não pude deixar de reparar na mais bela moça debruçada sobre o piso, sendo alvo de chacota de alguns universitários. Ela havia sido jogada com todos os seus livros de propósito por algumas garotas, não sei por quê, mas também não desejei saber. Apenas fui ajudá-la, e ela sorriu para mim com um olhar humilde e terno. Quando já estava de pé, segurando todos os livros em meu braço, dei uma certa reprimenda nas garotas e levei Mary até sua sala, conversando com ela pelo caminho. Depois de alguns dias, nos tornamos muito próximos, até que tive coragem de pedi-la em namoro. Vivemos muitos momentos bons naquele tempo do meu primeiro ano de faculdade — Matteo terminou seu relato com um olhar sonhador, lembrando-se dos velhos tempos. No entanto, logo seu rosto se tornou mais triste e decepcionado.

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