Capítulo 44: Último dia, muitas felicidades.

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“As maiores loucuras são as mais sensatas alegrias, pois tudo que fizermos hoje ficará na memória daqueles que um dia sonharão em ser como nós: Loucos, porém, felizes!” — (Kurt Cobain)



Emma nunca poderia imaginar que aquela seria sua última vez atravessando o antigo espelho do enorme casarão, que tantas vezes a levou para aquela dimensão. Desde que tudo começou, após o casarão ter sido indenizado, ela sempre pensou que o mesmo seria destruído, mas isso nunca aconteceu. Ele permaneceu lá, com o espelho esperando por ela sempre que a chamava, convidando-a para mais uma aventura em outro mundo.

— Bem-vinda de volta, querida Emma. — saudou o Sr. Bunny, olhando-a com admiração. — Como é para você ter que vir pela última vez?

Ele perguntou, e ela lhe lançou um sorriso triste, como se ainda não tivesse certeza sobre sua decisão, mesmo que já a tenha tomado.

— Não vai me dizer que mudou de ideia? — ele olhou-a preocupado. — Tenho certeza de que algo aconteceu, posso ver em seu olhar. — ele realmente a conhecia.

— Eu... eu não sei de mais nada, Sr. Bunny. Sou muito feliz em minha vida real, com minha família e as pessoas que amo. Sempre me senti completa por tê-los e, principalmente, por ter Deus. — ela falou como se fosse a única verdade, mas havia um “porém” escondido ali, e ele sabia disso.

— Mas...? — ele a encarou, esperando que ela continuasse.

— Mas aí eu conheci Léo. No começo, nunca nos demos bem. Ele sempre me provocava com aquele jeito de garoto mimado dele. — ela lembrou dos meses passados, que pareciam até anos. — Eu comecei a gostar dele aos poucos, e ele disse que nunca conheceu uma garota como eu. Tivemos tantos momentos bons juntos... — ela expressou como se nunca mais fossem se ver. — Ele me completava de certa maneira, como um ímã que não pode ser separado, como uma lua que não se afasta de suas estrelas. — ela lembrou das palavras dele naquela noite chuvosa na sala de sua casa.

— Você fala tudo isso no passado, não vai perdoá-lo?

— C-como? — ela gaguejou, encarando-o também. — Você já sabia?

— Mas é claro, Emma. Sou o seu mentor, como não saberia? — ele disse em tom suave. — Eu sei muito bem o que aconteceu, sei o que está passando em seu coraçãozinho. — ele tocou gentilmente com suas pequenas patas nas mãos dela. — Por que não atendeu a minha voz quando lhe pedi para ouvi-lo? Quando pedi para que ficasse.

— Quê? Era você? — a voz calma, porém profunda, realmente a lembrava de alguém.

— Sim, era eu, Emma. Eu sempre estarei aqui para protegê-la e aconselhá-la. Fui designado para isso.

— Mas, mas... Me desculpe, Sr. Bunny. Eu estava angustiada e temi descobrir a verdade, porque a verdade dói. Ela arranca flores e coloca espinhos no lugar, deixa cicatrizes difíceis de serem curadas, e eu não sei se estou preparada para sentir isso novamente. — ela lembrou-se da mãe, quando a abandonou, quando deixou de amá-la e seguiu outro destino, sem ela, sem a família.

Eu sei que a verdade dói, mas às vezes é preciso sofrer para entender que existem curas, que existem milagres. Sua mãe a abandonou, mas quem sabe um dia ela volte? Quem sabe os motivos por trás disso? Apenas Ele sabe de todas as coisas. — ele falou com convicção.

— Você tem razão, Sr. Bunny. Preciso deixar o passado para trás, as lembranças ruins. Eu queria que ela voltasse um dia, sempre pensei nisso, mesmo com o que ela fez. Ainda tenho esperança.

Perdoar às vezes é difícil, mas quando alguém verdadeiramente olha para a cruz de Cristo, reconhece que ninguém era merecedor de Seu amor e redenção. No entanto, Ele escolheu amar a humanidade, os perdoando e os salvando, levando sobre Si todos os pecados. Ele morreu por vocês. E quando a humanidade entende isso verdadeiramente, como não perdoar também?

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