A verdade dos pesadelos

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Olho ao redor. Somente escuridão.
- Onde estou?

Começo a caminhar devagar pois não enxergo nada. Até meus passos fazem eco, então imagino que estou em um grande salão.

- Estou sonhando... - ouço o som dos meus pensamentos.
Consigo ver uma luz à distância, caminho mais rápido em direção àquele ponto de luz. Mas me sinto tão cansada... Como se meus pés estivessem afundando em lama.

A luz parece mais distante, como se não importasse o quanto eu corresse em sua direção.

- Solas? - minha voz ecoa de maneira errática, estranha, como se não fosse minha.
Não importa o quanto eu corra, nunca vou alcançar...
Sinto um cheiro forte... Pinheiros na chuva? Não... Menta no meu chá...

- Por quê você não gosta de chá?

Ouço a reverberação da minha voz.
Paro de andar, sinto frio. A suave e fresca fragrância permanece no ar.

- Ma lasa banal'ghilana! ( Você me enganou! )
Minha voz ecoa várias vezes antes de desaparecer.
De repente estou em uma praça, pequenos pontos de luz velana formando uma iluminação esverdeada e difusa.
Olho ao redor e, como sempre, estou sozinha.
- Por que você não fala comigo?!

Ouço um uivo e sinto meu coração congelar em meu peito. Olho para trás e vejo o Lobo cinzento, seus olhos amarelos me encaram.

Sinto minhas pernas tremendo, as minhas forças se esvaindo.
Não consigo correr! Não consigo me mexer. O imenso lobo se aproxima, rosnando com as presas à mostra.
Sinto à urgência de correr mas minhas pernas não se movem.

O lobo grunhe mais alto, pronto para o ataque, me sinto apavorada mas me lembro que isso é apenas um sonho, estendendo minhas mãos. Sinto um terror incontrolável quando noto apenas minha mão direita à frente.
- Não é um sonho?! - minha visão escurece, sinto o toque sobre meus olhos, a respiração próxima a meu pescoço...
- Ir abelas, Vhenan...( Me desculpe, coração... )
Balanço a cabeça, meu corpo não se move, meu coração está disparado, só consigo dizer:
- Tel'abelas... ( Sem desculpas )

Acordo em sobressalto, ainda ofegante, sentindo todo o corpo tremendo.
Olho ao redor e noto que estou em um quarto na casa de Leliana, ainda está escuro então deduzo que é madrugada.

Que sonho foi esse? Será que foi apenas um sonho?
Sempre tive a esperança de encontra-lo no imaterial durante os sonhos, mas em três anos isso não aconteceu. Apenas o lobo. Sempre o lobo cinzento me espreitando, aguardando o momento certo para atacar.

Por quê me atacar?

Tenho esses sonhos desde àquele fatídico dia, onde perdi meu braço e meu coração. Penso se algum dia recuperarei pelo menos meu coração...
Mas esse sonho foi diferente... Eu ouvi, senti, seria um encontro no imaterial?

Será que a bruxa tem razão?

- Não posso perder meu foco, não agora! - digo em voz alta na esperança de que eu mesma seja capaz de acreditar nessas palavras.

Uma lista realmente extensa de compromissos salta em meus pensamentos. Preciso tentar dormir pois meu dia será longo e bastante complicado.

Sob o véuOnde histórias criam vida. Descubra agora