Conspiração no Oeste

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Naquela manhã estava determinada a obter alguma informação daquele grupo de Dalish.

Me sentia inquieta e irritada, não dormira bem, porém foi uma noite sem sonhos.

Desci apressadamente até a prisão, acompanhada por um guarda.
A mesma cela com os mesmos 3 Dalish de ontem.
- Você vem comigo! - Disse de forma dura a um jovem Dalish de cabelo alaranjado.
O garoto se levantou e caminhou ao lado do guarda.

Já na sala de interrogatório eu nem me sentei, apenas olhei no fundos dos olhos cinzentos do jovem elfo.
- Ar eolasa mah ma hartha! ( Sei que você entende! )  - Mah ma ju dirth!
( Vai me dizer a verdade! )

O elfo parece nervoso, noto que está tremendo.
- Esh'an mah ma ju balal'ghilana. ( me disseram que você me me enganaria )

Eu dou mais um passo, ficando a milímetros do rosto do jovem Dalish e digo, em voz baixa e suave:
- Ar ju tel'din... ( eu não vou...)

O jovem evita meu contato visual, desviando o olhar rapidamente.
- Vir dirthera or Fen'Harel i galin ju'rar fen! ( Contaremos as lendas do lobo temível e todos o temerão! )

Sinto minha cabeça latejando, começo a pensar em pedir ajuda de Leliana para esse interrogatório, mas logo me lembro de que eles são o meu povo.

Que monstro eu seria se torturasse meu próprio povo?

- Iras ane mar lethal? ( onde está seu povo? )

Me surpreendi com seu tom mais brando.

- Ar tel'ema lethal... ( não tenho mais um povo... ) - falo com uma expressão triste.
Talvez isso tenha comovido o jovem Dalish, pois notei que sua expressão mudou. Ele parecia confuso e se sentou na cadeira.
Eu puxei a outra cadeira e me sentei próximo a ele.
- Ahn is garal? ( o que acontece? ) - pergunto, torcendo para que ele esteja pronto para responder.
- Esh'an iras hara Fen'Harel. Ma ane vir. ( eles sabem que o caminho para Fen'Harel é você. )
- Ahnsul? ( por quê? )

O elfo me olha diretamente agora. Sua expressão fica séria e contundente. Quase não é mais a mesma pessoa.
- Você é quem ele quer!

Eu me levanto de repente, o coração saltando do peito.
- Você fala minha... - as palavras morrem antes de sairem da minha boca. Elvehn é a minha língua. Essa também é...
- Você me entende, não é? - o jovem acena com a cabeça
- Pode me ajudar? Como posso chegar a ele? Eu não sou o caminho que você diz!
O Dalish olha para as próprias mãos, pensativo.
- Você vai nos guiar até o oeste. Chegou a hora de ser a nossa salvação!

Já no meu quarto, olhando para o teto, penso que seria incrível tirar umas férias, descansar em algum lugar novo.
Talvez visitar Josephine em Antiva...
A quem quero enganar? Estou presa aqui, não sei se posso me salvar, como salvar mais um povo. Salvar... Ironia pensar que ao apoiar Solas em sua guerra pessoal, os Dalish estariam condenando todos ao fim.
Mas eu quero...

Ando em um corredor estreito, parece se uma caverna.

Está escuro mas estou segurando uma tocha de fogo velano.
Me dei conta de que estou sonhando mas vou aproveitar para tentar encontra-lo.

Ando mais depressa pelo corredor de pedra, suas paredes parecem se tornar mais e mais estreitas.
Quando sinto meu coração disparar sei que corro perigo. Mas dessa vez não pretendo fugir.

Caminho em direção à algo que deduzi ser a saída, sinto minha pele arrepiar.
Ouço um uivo e de repente estou na floresta, é noite e está tudo escuro.
Vejo dois olhos amarelos me observando na escuridão. Logo consigo ver o grande lobo caminhando em minha direção, rosnando.

Desta vez não vou fugir!

Me agacho e estico minha mão para ele.
- Não precisa me atacar... - falo com tranquilidade, minha voz soou mais doce do que esperava.
O grande lobo caminha, dentes à mostra, o som do seu grunhido cada vez mais alto.

Quando ele chega a distância do toque eu gentilmente afago a lateral de sua cabeça, próximo a orelha.
O gigante para e senta, quase fechando os olhos enquanto acaricio seu pelo.

- Viu? Eu nunca irei machucar você...
Apenas ouço um sussurro vindo por trás da minha cabeça:
- Tel'aron ar, Vhenan...( não como eu te machuquei, coração... )

Não me viro, apenas sinto. Sinto a respiração quente próxima a minha orelha, sinto meu coração acelerado.

Minha mão continua acariciando o lobo, que já se deitou perto de mim.
- Iras ane ma? ( onde está você? )
Sinto seus lábios suavemente tocando a pele do meu pescoço, fazendo que um tremor percorra minha espinha.

Eu quero me virar, eu preciso vê-lo, mas estou certo de que se eu tentar, vou acordar.
- Não me deixe... Por favor... - não me viro, continuo acariciando o lobo ao meu lado, que está dormindo calmamente.
- Não posso, você sabe... - sua voz faz meu coração tremer.
- Peço que os liberte.
Eu não consigo me conter, me viro rapidamente e...
Acordo em sobressalto, sem fôlego.

Sob o véuOnde histórias criam vida. Descubra agora