Quando a pele arde e se rompe

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Dou um salto para trás, aumentando a distância entre nós. Com a visão periférica procuro meu arco, correndo em sua direção. Solas apenas observa.
Rolo e agarro a arma, armando o disparo. Nesse momento o arco é arrancado de minha mão, arremessado com força contra a parede, quebrando em vários pedaços.
Já estou no chão, tentando alcançar minha adaga. Esforço inútil, sou erguida no ar, completamente impotente.
- Pode me explicar o que foi isso? - ele se senta tranquilamente enquanto me mantem suspensa.
- Trégua? Pode me por no chão... Por favor...
Ele adoça o café lentamente, fingindo não me ouvir. Com um gesto ele me desce.
Sinto meu rosto queimando, coração acelerado.
- Então sou sua refém agora?
Ele toma o café devagar e baixa a caneca. Me encara com um olhar sério.
- Isso só depende de você.
Tento me acalmar, controlar minha respiração. Me sento e sinto um peso em meus ombros.
- Você sabe que tenho que ir.
- E você sabe que eu não posso deixar que diga nada sobre o que eu falei.
Minha frustração fica visível.
- Outro empasse, Vhenan.
Ele se levanta e caminha em minha direção. Sinto um sentimento opressor.
- Como vamos resolver esse empasse?
Balanço minha cabeça, me levanto rapidamente.
- Só me deixe ir. Não pretendo dizer nada a ninguém...
- Esse papel é meu, Vhenan. - ele segura o meu pulso - Você não é boa em mentir.

Meu coração pára por um instante, minha garganta seca. Mas não consigo desviar o olhar, nem me mover.
'O que eu faço?'

Meu corpo, estático, de repente decide se mover, quase que involuntariamente. Me ponho na ponta dos pés e alcanço seus lábios com os meus. Foi instinto, reação inconsciente, totalmente involuntária. Mas meus lábios estão ali, entregues a um beijo, até aquele momento, não correspondido.
Solas solta o aperto no meu pulso, não encorajando o beijo.
Me sinto estúpida e me afasto, confusa, mas sinto sua mão me puxando pela cintura, pressionando seu corpo contra o meu.
Outro beijo, mas dessa vez intenso, firme e profundo, me tirando todo o ar dos pulmões. Seus lábios buscam os meus com urgência, movendo e envolvendo, sua respiração ofegante entre suspiros e gemidos silenciosos. Minha mão puxa sua nuca, quero mais próximo, mais forte...
O beijo é interrompido mas sou incapaz de abrir meus olhos, ainda ofegante.
- Não devia... - sua voz rouca e baixa faz todo o meu corpo estremecer. - Você não devia estar aqui, mas agora que está...
Finalmente abro os olhos e vejo seu rosto corado, seus lábios vermelhos, ele está respirando rapidamente.
Minha mão ainda segura sua nuca, minha cintura está presa por sua mão. Não nos movemos, só ficamos ali, respirando e nos olhando.
- Estou aqui... - minha voz sai mais baixa que esperava - E agora?
- Não estou certo, Vhenan...
Toco suavemente seu pescoço, trazendo o toque para seu rosto.
- Nem eu... Estamos em outro empasse, Solas.
Ele beija meus dedos e me olha nos olhos.
- Posso resolver esse empasse, Vhenan...
Seus lábios envolvem os meus novamente, suas mãos espalmadas nas minhas costas me puxando contra seu corpo. Uma tempestade se forma dentro de mim, sinto tudo se mexendo, misturando...
Sua língua envolve a minha, sua respiração rouba meu ar, sinto minhas pernas tremendo e cedendo, seus braços me envolvem, mantendo-me perto, tão perto.
Ele me ergue nos braços, lábios colados nos meus. Sinto seu sorriso.
- Ma'venuralas... Ma'lath... (minha deusa, meu amor) - ele sussurra por entre os dentes, me carregando para o quarto.
Minha pele arrepia, queima sob seu toque, um calor intenso, quase insuportável, arde. Me sinto queimar por dentro.
Ele me deita gentilmente, me olhando de cima. Seu olhar é gentil e carinhoso, mas sinto um brilho sombrio, distante.
Minha respiração descompassada faz meu peito arfar rapidamente enquanto observo ele soltando as amarras do meu braço emprestado o que me causa um desconforto, ele o move e beija o local ferido.
- Solas, eu... - a frase morre em meus lábios quando sinto seu toque suave abrindo minha blusa. Seus dedos são hábeis, seu hálito quente próximo a minha orelha, estou enlouquecendo.
Ele beija meu pescoço, descendo lentamente pelo meu peito, seus lábios quentes deixam um rastro de saliva.
Sinto pequenos tremores em meus músculos, um misto de aflição e ansia me confunde.
Ele finalmente abre minha blusa e me olha fixamente, como se estivesse memorizando cada detalhe em adoração. Então ele suspira.
- Vhenan, você é tão linda!
Sinto minhas bochechas quentes, fico um pouco envergonhada. Estico minha mão, tentando alcançar seu rosto.
Ele se aproxima, beijando a pele entre meus seios, suas mãos tocando e os apertando com firmeza, me fazendo soltar um gemido mais alto.
Ele explora minha pele com seus lábios, língua e mãos, lentamente.
Um doce sofrimento me acomete, me contorço e suspiro, querendo mais.
- Solas, eu... Sim...
Ele desce e encontra minha barriga a explorando com beijos suaves. Ele puxa minha calça, me expondo completamente. Seguro minha respiração.
Seus lábios alcançam meu centro, me fazendo soltar um gritinho de surpresa.
Ele olha para cima, com um sorriso no rosto.
- Devo continuar?
Balanço minha cabeça rapidamente, tapando minha boca com a mão, apenas aproveitando o momento.
E ele realmente me deu o que aproveitar, sua língua explorando avidamente, não me dando tempo para respirar.
Meu corpo entra em ebulição, agarro o lençol, curvando minhas costas.
Sinto seu peso sobre mim, sua respiração acelerada próxima do meu ouvido.
- Me empeça, me faça parar... - sua voz rouca me enlouquece.
- Por favor, continue...
Ele me preenche sem misericórdia, forte e fundo, pesado e intenso. Não consigo abrir os olhos, aperto meu rosto com força contra seu ombro.
Sinto-me rasgar, partir, separar de mim mesma. Dor e prazer, felicidade e tristeza, amor e ódio tudo em um só momento.
Nessa intensa luta eu não tinha a menor chance de vencer, me entrego completamente, a cada estocada uma nova forma de mim se abre.
Quando finalmente se torna imóvel, apenas nossas respirações, no mesmo compasso, quebram o silêncio.
Não sei quanto tempo se passou até o primeiro som.
- Você está bem, Vhenan? - sua mão toca meu rosto suavemente.
Eu sorrio e aceno.
- Estou viva.

Sob o véuOnde histórias criam vida. Descubra agora