Marilúcia, Priscila e Rodrigo estavam isolados na sala dos professores. O ambiente estava obscuro e incerto.
— Então, o que vocês acham que aconteceu? — começou Marilúcia, bebendo um copo descartável de café.
— Marilúcia! — exclamou Priscila. — Você não tem medo de que o café esteja envenenado?
— Não — Sua resposta foi tão seca quanto sua pele.
— Pois eu acho que você deveria — complementou Rodrigo, seriamente. — Acho que alguém matou os dois.
— Dois? — Priscila pareceu chocada por um momento. — Ah, o faxineiro!
— Não entendo isso, Rodrigo — A diretora permanecia cínica. — Obviamente foi uma casualidade. Provavelmente a própria psicóloga envenenou a pobre garota.
— Aí que está! — Levantou de seu assento, abruptamente. — Queria esperar o momento certo para contar, mas agora que somos só nós três, acho que não tem problemas: eu vi um pacote usado de veneno de rato no lixo!
— E daí? — Levantou igualmente, dessa vez com delicadeza. — Isso não indica nada. Anna poderia ter posto o veneno no prato, ou em um dos pacotes de comida, não sei!
— Os pacotes estavam todos fechados! Marilúcia, você foi quem preparou as comidas? Não notou alguém invadindo e colocando o veneno?
— Não! Na realidade, eu permaneci bem atenta quanto a isso, e não presenciei nada. É impossível, de fato, que alguém tenha envenenado a comida da garota sem que eu tivesse visto.
— Então... — Franziu o cenho.
— O quê? — Cruzou os braços, tentando equilibrar-se em sua postura imponente. — Agora vai dizer que eu matei a menina?
— Marilúcia, você tem certeza que ninguém...?
— Absoluta! E é absurdo me acusar de algo assim!
— Acalmem-se! — Priscila interveio, levantando e se colocando entre os dois. — Por favor, não vamos brigar! Precisamos dar um bom exemplo para os outros!
— Bom exemplo... Eu tento dar um bom exemplo todos os dias! — A outra mulher respondeu, inconformada. — Mas me cobram cada vez mais! Alunos, professores... Eu estou exausta. As dores que eu sinto estão cada vez mais fortes!
— Eu sinto muito — Priscila fez um rosto penoso. — Espero que você consiga passar por tudo isso, Marilúcia. Mas, ao mesmo tempo, você tem que se acalmar. Aliás, vocês dois!
— Você matou os dois, Marilúcia? — Rodrigo parecia nem estar ouvindo as falas da coordenadora.
— Eu não... Por que você...?
— Marilúcia!
— Rodrigo! — Priscila interveio, mais uma vez. Dessa vez, nem mesmo Marilúcia parecia estar prestando atenção em sua voz fina. — Vocês precisam parar de...
— Tá bom! — A diretora empurrou a mulher para o lado, antes de dar um passo a frente e se impor em frente a Rodrigo. — Fui eu! Eu empurrei o homem do terceiro andar e envenenei a garota!
Os olhos do homem se arregalaram. Ele suspirou de forma pesada, como que em desaprovação, e cruzou os braços. A outra mulher, enquanto isso, permaneceu caída no chão, sentindo a dor da queda e observando a diretora com surpresa. Estava espantada. A pessoa em que mais confiava, em que mais depositava esperança, segundo suas próprias palavras, foi capaz de cometer dois assassinatos em menos de duas horas.
— Você é um monstro! — Rodrigo disse, assertivo.
— Você não entende... Nunca entenderia... Eu estive sob uma pressão absurda durante anos, décadas até! É horrível, Rodrigo. Os anos passam, as pessoas me temem, me respeitam, mas parece que algo ainda falta, lá dentro. Parece que ainda tem um vazio me atormentando, dia após dia, e que nenhum dos meus princípios poderia preenchê-lo. Eu finjo que sou firme, que sou forte, que sou superior a todos aqui, mas me sinto tão fraca que... — Cogitou antes de continuar. — É como se eu fosse um desses ratos. Sim, ratos! São todos ratos. Sanguessugas, parasitas, isso e nada mais. Os professores, os alunos, os funcionários, são todos pragas que me corroem, dia após dia! Eu não tenho um segundo para relaxar, para me acalmar, e ainda tenho que aguentar todas as reclamações que ouço, de todos! Todos! Ninguém nessa espelunca gosta de mim! Querem a minha morte! Me odeiam! Pois eu odeio vocês também, e todos os outros. E os dois assassinatos que fiz não se comparam aos anos de tortura que impuseram contra mim!
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A Psicologia do Assassinato
Mystery / ThrillerNo ano de 2027, uma psicóloga macabra aprisiona dez pessoas dentro de uma escola, dando-os apenas uma ordem: matar uns aos outros sem dó nem piedade. Numa conjectura de medo e mentiras, cada um dos personagens se envolve em dilemas morais e facetas...