Capítulo II

29 4 19
                                    

 Loch avistou a jovem, agachada em posição fetal no fim do corredor. Com calma, aproximou-se dela, o rosto espantado e confuso acerca do que tudo aquilo se tratava. Parecia demais para que ele conseguisse entender.

— V-Você tá bem...? — gaguejou.

— O que você acha? — gritou, aos prantos. — Vocês não entendem nada do que eu sinto, mesmo!

— Não! Eu... — Engoliu um punhado de saliva, antes de suspirar. — Eu entendo. Realmente, eu entendo. Não essa parte do racismo, claro, mas... eu também me sinto excluído, de certa forma...

— Como excluído? Você tem o babaca do Diogo como amigo... É um deles. Como todos os outros.

Victor se sentou calmamente ao seu lado. Não se preocupou em fazer contato visual, em contraste com ela, que constantemente olhava para ele.

— Eu acho que nós não somos tão diferentes assim — Respirou fundo, com um semblante melancólico. — Sabe, é como se... fosse tudo falso.

Luiza logo elevou sua cabeça, levemente esperançosa. Seus olhos fitaram Victor, conforme ela permanecia incrédula com o que ele acabara de dizer.

— Falso?

— É... Eu sei lá. É como se eu... não fosse realmente eu.

— E quem é realmente você, então?

Pausa silenciosa. Victor permaneceu observando o nada, enquanto pensava na questão. Quem realmente ele era? Quem ele era, além de um fantoche de outras pessoas, como Diogo, que por vezes nem o considerava direito? Quem ele era?

Suas pálpebras se encheram de lágrimas, por um momento. Nem sequer se lembrou de responder à questão.

— Pessoal! — ecoou a voz de Priscila, de longe, pelo corredor. Os dois imediatamente se levantaram, receosos. — Eu encontrei comida!

A Psicologia do AssassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora