Capítulo II

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 Verônica Paes sentava no fundo da sala. Naquele momento, segurava seu celular contra o seu rosto, vendo a própria imagem refletida na câmera frontal. Usando-a como espelho, arrumava seus longos e hidratados fios de cabelo negros, que refletiam uma luz branca de tão limpos. Enfim, preparou seu rosto e seu corpo na melhor posição para tirar uma foto.

— Eu tô bonita? — perguntou.

— Oi? — respondeu Diogo, seu namorado, que estava ao seu lado apesar de lhe ter sido determinado um lugar diferente no espelho de classe.

— Eu tô bonita?

— Tá, tá — falou com desinteresse, checando o celular.

— Diogo! — Revirou os olhos. — Sai de perto. Tá atrapalhando a minha foto.

Ele assim o fez, enquanto sua parceira aproveitou a oportunidade para tirar múltiplas fotografias de si mesma.

Subitamente, puderam-se ouvir os passos pesados do professor Rodrigo em sua direção. Ela imediatamente escondeu o celular debaixo da classe e, com o olhar amedrontado, recolheu-se, a fim de não ser flagrada.

— Como estão as coisas aqui, meninas? — perguntou o professor, de forma suave mas levemente impositiva. Em seguida, cruzou os braços novamente e olhou para Diogo, que estava disperso em seu celular, sem nem notar a chegada do professor. — De novo fora do lugar, Diogo?

— Ah, eu vou me comportar dessa vez!

— Certo, então. Confio em você.

Finalmente, Rodrigo saiu, retornando para sua mesa na frente da sala.

. . .

Verônica estava entediada. Esperava perdidamente pelo fim do período, que chegaria em 18 minutos, para enfim liberá-la ao intervalo.

Deu um gole d'água em sua garrafa. Ao posicioná-la de volta no lugar em que a colocara, viu uma garota que mal falava durante as aulas perto de si, escorada em sua mesa.

— Oi — proclamou, sorrindo. Era uma garota negra, de cabelos longos e encaracolados e corpo robusto. — Verônica, né?

— É... — Estava confusa. Seu rosto deixava claro seu desconforto. — Você quer alguma coisa?

— Ah... — Foi contaminada por uma surpresa peculiar. — Não, eu só queria...

— Queria o quê? — disse Paes, depois de ter cortado a outra garota.

— Hum... Nada. Desculpa por incomodar. Meu nome é Luiza, prazer.

— E? — Pausa constrangedora.

Luiza e Verônica permaneceram se olhando. Ambas estavam desconfortáveis uma com a outra, mas por motivos distintos.

— Eu... — A garota negra começou.

— Com licença, por favor — Levantou-se.

— Ah, claro — Virou-se novamente.

Verônica achou aquela breve situação um tanto estranha. O que diabos aquela garota queria com ela? Por que ser tão inconveniente em um momento tão inadequado?

Com uma certa inquietude, pediu ao professor para ir ao banheiro, antes de conseguir escapar da sala. Quando voltou, o intervalo estava quase começando.

Sentando-se em sua classe, olhou para trás, prestes a conversar com suas amigas:

— Vocês conhecem aquela garota ali na frente? — cochichou.

— Não...

— Falou comigo do nada. Muito estranho...

— Verônica, você vai querer comprar lanche com a gente? — Interrompeu uma delas.

— Vou só acompanhar. Tô fazendo jejum.

Assim sendo, respirou fundo e esperou, como em todos os outros dias.

A Psicologia do AssassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora