Capítulo III

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 Victor estava cansado naquele dia. Apoiava o rosto na mão, esperando o tempo passar com tédio extremo. O intervalo estava quase chegando, mas parecia não vir nunca.

Enquanto ele se sentava confortavelmente em sua cadeira, aguardando o fim da aula, foi interrompido por uma entrada súbita na sala: era seu amigo, Diogo, trazendo consigo uma tropa de outros garotos barulhentos. Minutos antes, haviam saído todos para o banheiro e, desde então, não mais retornaram.

— Por favor, sentem-se! — exclamou Rodrigo, de forma mansa. — O recreio está quase chegando. Esperem só mais um pouco!

Eles assim o fizeram, reivindicando seus lugares. Diogo, como uma espécie de castigo por seu mau comportamento, sentara logo na frente, ao lado de Victor. O mesmo, no entanto, estava animado por tê-lo de novo.

— Foi pro banheiro, mano? — começou ironicamente.

— Hm? — Diogo estava disperso. — Ah, sim. Fui.

— É... Não foi, não — Deu um risinho sarcástico.

— Não fui, mesmo — respondeu com indiferença.

De imediato, Diogo se virou para trás. Era um pouco humilhante para Victor ter que conviver com esse espectro não muito caloroso. Não estava disposto a se encaixar em nenhum grupo, mas, ao mesmo tempo, não estava com vontade de ficar sozinho.

Olhou para o lado. Suas falhas tentativas de puxar algum assunto com o colega resultaram em nada mais do que frustração. Portanto, pegou o celular e imergiu em um mundo que não existia. Afinal, não é como se o mundo empírico também não fosse irreal.

Três batidas à porta. O ar condicionado quase suprimiu os sons, mas logo se tornou muito claro: a diretora da escola, Marilúcia, estava fazendo uma visita especial.

— Bom dia, turma! — exclamou, com sua voz rouca. Sua pele era enrugada e seus cabelos dourados eram achatados, não chegando sequer aos ombros.

Rodrigo logo se colocou ao fundo da sala, sabendo que a visita da diretora duraria até o fim do período. No entanto, poucos foram os que realmente focaram nas palavras rígidas da mulher, preferindo conversar entre si.

— Alunos, atenção, por favor! — gritou o professor, entrelaçando os braços. — Meninos! Meninos!

— Diogo — proferiu a diretora, de forma concisa. Nesse momento, Diogo, que tagarelava avidamente com seus amigos, imediatamente se virou, incomodado. — Por favor, vá até a Priscila.

— Sempre eu! — Enfureceu-se. Loch olhou brevemente para ele, de forma neutra. — As meninas também não param de falar!

— Pois eu não estou falando com as meninas. Estou falando com você. Por favor, vá para a sala da Priscila — Suas palavras eram ordens. Diogo obedeceu-as de forma hesitante, a cabeça baixa e a posição rebelde. — Vai logo!

— Tá, tá, já tô indo! — disse, já no corredor. Rodrigo conduziu-o.

— Bom — Marilúcia finalmente retomou a postura. —, eu queria falar sobre...

Victor não conseguiu se concentrar no que aquela mulher tão entediante falava. Naquele dia, mais do que em todos os outros, se sentia distante de tudo e todos, como se nada existisse, nada fosse plenamente material. Era somente um grande transe em que estava imerso. Talvez pelo sono.

Quando caiu em si, foi porque o sino soou de forma estridente, por toda a escola. Finalmente, levantou-se, de forma desanimada e cansada. Queria dormir.

A Psicologia do AssassinatoOnde histórias criam vida. Descubra agora