Vi o momento em que ela prendeu o ar, o desespero brilhando em seus olhos de forma tão nítida que chegava a sufocar. O que quer que tenha naquele envelope pode mudar o curso de todas as coisas que estamos vivendo ultimamente.
– Abre pra mim?- um sussurro, foi isso que eu fui capaz de captar quando seus olhos desesperados encontraram os meus.
Não concordei verbalmente, em vez disso retirei delicadamente o envelope de suas mãos e envolvi uma de suas mãos com a minha para lhe guiar até a cadeira novamente. Lhe entreguei um copo de água e só então me sentei em sua frente para abrir an envelope amarelo.
– Antes de qualquer coisa, por favor tente acalmar sua respiração, eu estou aqui para o que quer que esteja nesse envelope.- instrui me sentando em frente a ela.
Quando ela consentiu, tirei a fita que lacrava aquela coisa e me preparei para o que quer que viesse. O assunto ali dentro poderia ser a salvação ou a sentença, cada letra poderia ser como um tiro em direção ao anjo que me deixa cada dia mais apaixonado, queria ter uma saída, a possibilidade de simplesmente apagar todo o mal que aquele canalha fez contra ela ou então o poder de o transformar em fumaça magicamente, mas a única coisa que eu poderia fazer para mudar minimamente o destino das coisas era abrir aquela maldita embalagem de papel. As palavras tomavam forma na minha frente, as linhas invisíveis no papel guiavam meus olhos rumo a verdade, rumo a notícia que poderia mudar tudo o que a minha garota estava vivendo.
– Não vai acontecer uma segunda audiência.- as palavras se formaram sozinhas e tomaram liberdade para sair por entre meus lábios.
Não consegui decifrar totalmente sua reação, era uma confusão total. A surpresa estava junto do alívio, que viera acompanhado do medo, que tinha como companheira a felicidade. Não sabíamos se isso era algo bom.
Taylor Alison Swift
Por que não teríamos uma segunda audiência? Era uma decisão do júri? Alwyn tinha comprado os responsáveis pelo caso? Eu não tinha apresentado provas o suficiente? O problema estava em algo que eu disse? Tinha um problema? Eu quero chorar, me espernear, passar minhas unhas pelo meu corpo até que tudo esteja na carne viva, gritar até perder a capacidade de falar por muitos dias ou então só colocar pra fora tudo o que mantive no estômago nos últimos tempos. É óbvio que eu sou o problema. Dois braços que mais pareciam troncos de árvores me envolveram, um abraço quente que poderia facilmente me proteger de qualquer coisa que pudesse vir a me atingir.
– Vamos marcar um encontro com os advogados, eles vão saber explicar o que isso quer dizer.- sua voz, mesmo que estivesse tensa, passava adiante sua ânsia em me acalmar, adorava esse traço dele.
Eu não queria ter que falar alguma coisa. Travis tinha colocado nosso filho no bebê conforto perto de nós poucos segundos antes de ler as palavras impressas naquela folha, o que era um alívio para mim naquele momento. Meu, o que ele é? Aí caramba, o que Travis é pra mim? Travis, isso o Travis, tinha assumido o controle da situação, me livrando da parte chata de tentar buscar por uma resposta que poderia me deixar ainda mais agitada.
Travis Michael Kelce
Tentei, da forma mais delicada possível, guiar minha garota até a sala, correndo até a cozinha para buscar nosso menino. Nunca pensei que estaria tão envolvido em um momento como esse, mas farei de tudo para que estiver ao meu alcance para aliviar a situação para ela.
– Vou ligar para os advogados, peço pra eles virem aqui ainda hoje.- digo de forma acelerada meio segundo antes de deixar a sala depois de selar sua testa protetoramente.
Passei os próximos vinte minutos no batente da porta com um telefone no ouvido, ouvindo promessas incessantes vindo de Allred sobre uma vinda até a casa em que Tay e eu estamos enquanto aguardamos o final do processo aqui na Flórida. Minha estrela tinha um olhar vidrado, quase como se sua alma não estivesse em seu corpo enquanto minhas palavras se tornavam cada vez mais distantes da cena a qual vivemos a contragosto. Queria correr até aquele juíz imbecil e o espancar por deixar minha mulher tão nervosa, mas não seria eu o idiota a desencadear um gatilho no ser humano mais doce que já pisou na terra.
Para completar a cena, como se sentisse toda a tensão presente no ar, o choro desesperado de Peter preencheu o cômodo, transformando o olhar vidrado de minha garota no mais espontâneo olhar de pânico. Ela estava congelada no lugar. Desliguei a chamada praticamente de imediato, Glória viria ao nosso encontro de um jeito ou de outro, minha prioridade no momento é acalmar as duas pessoas mais importantes da minha vida. Num ato desesperado tiro Peter do carrinho e o aninho em meu colo antes de seguir apressadamente até Taylor, acolhendo ela num meio abraço o qual ela dividia com nosso filho.
– Allred deve chegar a qualquer momento, vamos descobrir que isso na verdade é algo bom e que tanto você quanto nosso filho estarão seguros pelo resto das nossas vidas.- usei a mão que estava livre para acariciar seu cabelo. – E se as notícias não forem as melhores, eu dou um jeito de manter vocês em segurança. Se precisar eu enterro aquele verme vivo, contrato um assassino de aluguel ou suborno a polícia para condenarem ele a morte. Ele nunca mais vai chegar perto de você.
– E se não tiver o que fazer?- sua voz era trêmula, definitivamente odeio ver ela assim. – E se eu só tiver que aceitar que perdi?
A puxei ainda mais de encontro ao meu peito, fazendo com que ela esteja parcialmente deitada em meu tronco. Suas lágrimas molhavam minha camisa, meu coração doía por saber que alguém a tinha machucado tão profundamente.
– Se não tiver o que fazer, nós vamos criar uma solução, mas você nunca terá que aceitar que perdeu alguma coisa. Não teria que aceitar ter perdido algo nem que o mundo estivesse acabando.- acho que nunca falei algo com tanta convicção. – E se fizerem pouco de você, lembre-se que tem dois times completos de brutamontes prontos para assumir a linha de frente em uma batalha contra quem quer que estiver contra você.
