Capítulo 50

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Olhei para Jungkook, por mais tempo do que seria necessário. Quando não suportei mais, desviei os olhos para o chão, sentindo meu coração se estilhaçar em vários pedaços.

-Passei a minha infância toda fazendo tudo de acordo com o que minha mãe decretava pra mim. Nunca seguindo meus próprios passos. -Abri um sorriso e neguei com a cabeça. -Então eu vim pra cá, também sendo obrigado a isso. Pensei que quebrando a sua maldição, eu estaria fazendo algo por que eu queria e não porque alguém já tinha escrito esse caminho pra mim! -Afirmei, vendo ele fechar os olhos por longos segundos, antes de dar um passo na minha direção. -Mas isso também não foi uma decisão minha, não é? Como sempre, alguém estava decretando o que eu deveria fazer.

-Eu sinto muito. -Afirmou, parando no lugar quando me afastei dele.

-Tenho certeza que não.

Virei as costas, caminhando até a porta e saindo do quarto. Jungkook, para o seu crédito, não tentou me segurar e nem me impedir. Caminhei para longe do quarto dele e para longe do meu e, de qualquer lugar que ele ou Salém pudessem me achar.

Percorri os corredores até o jardim central, que ficava no meio do castelo, onde havia a grande escadaria que dava para as cavernas de saída do clã. Apertei o passo até os degraus, descendo cada um deles e desaparecendo por lá.

Não iria embora, óbvio. Apesar de tudo, não queria ficar em outro lugar que não fosse o Clã Hecata. Jungkook não me obrigaria a encaixar o laço, isso eu também tinha certeza. Mas eu precisava respirar. Eu precisava sair dali e fazer algo.

Minha respiração ficou alta e sem pensar, disparei pela escadaria, vendo as paredes da caverna passarem como um borrão ao meu redor. Segurei o decote da minha camisa, acelerando ainda mais os passos até sair da caverna, tendo que desviar das árvores no caminho.

Não parei de correr, chegando até o rio e percorrendo todo o caminho nas pedras que o delimitavam. Continuei correndo, com a floresta que não passando de um vislumbre pelos meus olhos, enquanto o vento batia contra meu rosto.

Meus pés deslizaram no chão e eu parei de correr, com os cabelos saltando para o meu rosto com a parada brusca. Ergui os olhos para a cachoeira bem na minha frente, escutando o som da água caindo e dos pássaros ao meu redor. Olhei ao redor, encontrando a mesa de pedra ali, vazia e solitária, como estava da última vez que a encontrei.

Dei um passo na direção dela, parando quando ouvi o som de um galho se quebrando. O cheiro invadiu minhas narinas e minha boca se encheu de água, quando soube exatamente o que estava ali.

Caminhei até uma das árvores e escalei ela até estar sobre um dos galhos, escondido entre as folhas da copa. Acima da cachoeira, um cervo estava bebendo água, com uma tranquilidade sem igual.

Senti o cheiro de sangue no ar, me mostrando que ele estava machucado em alguma parte do corpo. Era um cheiro tentador demais para mim. Meu corpo sentiu uma onda de adrenalina se iniciando, com a possibilidade de caçá-lo.

Passei a língua sobre os lábios, me movendo lentamente sobre o galho, sem fazer o mínimo de som possível. O cervo ergueu a cabeça, olhando ao redor, parecendo pressentir alguma coisa.

-Espero que não esteja pensando em matar o pobre animal. -O cervo disparou e desapareceu no meio da floresta. Olhei por cima do ombro, para a floresta atrás de mim. Mingi estava sentado na mesa de pedra, me observando com as sobrancelhas erguidas.

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