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Comecei a desenhar sobre o olhar atento de Salém. A primeira parte do enigma se referia a maldição, obviamente. A segunda, a forma que Jungkook está agora, no Clã Hecata. Então temos a parte dos sonhos, onde tudo começou pra mim. E a ultima parte de como quebrar a maldição e traze-lo de volta.
Os primeiros sonhos nunca consegui ver Jungkook, apenas o lugar ao redor dele. Isso porque ele não queria que eu o visse, ele queria que eu prestasse atenção no lugar em que estávamos. Nos últimos sonhos ele deixou isso ainda mais claro. "Eu estou aqui" é a resposta pra isso. É lá onde ele foi amaldiçoado e onde eu devo ir.
"Voltar ao início é um começo, mas o risco estará sempre presente"
Dois significados, o primeiro os sonhos e o segundo onde a maldição começou para Jungkook. O risco estará sempre presente, porque é lá que preciso ir. Uma floresta no meio de um vale. Uma cachoeira. Uma mesa de pedra. Foi isso que eu desenhei, lembrando de todos os sonhos que havia tido e todos os lugares que apareceram neles.
-Conhece esse lugar? - Virei a folha para Salém, vendo ele analisar o desenho que parecia ter sido feito por uma criança de cinco anos.
-Er... o que é isso, exatamente? -Indagou, parecendo confuso. Um dos lados do seu bigode estava erguido, como se ele estivesse fazendo uma careta.
-O lugar dos meus sonhos. Onde Jungkook está e... onde eu imagino que tenha sido amaldiçoado. -Afirmei, mordendo o lábio enquanto encarava Salém, desejando que ele reconhecesse o lugar. -Você estava com ele quando aconteceu. Sabe onde fica esse lugar?
Ele colocou a pata na folha, parecendo pensar. Seus bigodes se movimentaram um pouco, antes de ele erguer a cabeça pra mim, parecendo surpreso.
-É no vale a oeste do Clã Hecata. Jungkook e eu estávamos indo até lá naquele dia. -Ele voltou a olhar para o desenho, então pulou para o chão e começou a procurar algo. O mesmo voltou segundos depois com um mapa de Órion na boca. Ajudei ele a abrir o mapa, então ele correu a pata por ele e apontou para um ponto, a oeste do Clã Hecata e ao norte do Clã Ventrue.
-É muito, muito longe. -Afirmei, afundando na cadeira. -Não posso atravessar tudo isso. Vou morrer, Salém.
-Por isso que diz "o risco estará sempre presente", humano burro. -Afirmou, me fazendo encolher os ombros em frustração. -Vai ter que ir até lá. Se vira, parceiro. O seu macho está te esperando.
-Pois o meu macho que continue esperando então. Não vou virar jantar dos vampiros lá fora. -Resmunguei, me colocando de pé e pegando o desenho, deixando Salém para trás, à medida que subia as escadas de volta.
-Você não está entendendo a gravidade da situação, Jimin! -Salém veio atrás de mim, saltitando pelo chão. -Não pode pensar em desistir agora. Não quando sabe o que precisa fazer.
-Como você espera que eu saia daqui e atravesse todo esse território de vampiros sem ser morto? -Me virei pra ele, parando no meio da biblioteca. - Não tem como, está bem? Além disso, o assassino de Mingyu e provável criador da maldição está lá fora, me procurando.
-Você não pode ter certeza disso. -Desdenhou, me fazendo revirar os olhos.
-Ah claro, como se a bruxa atrás de mim do lado humano da muralha não fosse resposta o suficiente. E os humanos desaparecidos? -Ele não respondeu. Neguei com a cabeça e sai da biblioteca, não querendo discutir mais daquilo.
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Me sentei na mesa, vendo que Taehyung ainda estava me observando. Por algum motivo, dessa vez ele não se retirou depois de trazer todo meu almoço. Ele estava parado, escorado no sofá, com os braços cruzados e os olhos fixos em mim.
-O senhor quer alguma coisa? -Indaguei, segurando os talheres com um pouco mais de firmeza.
-Quero que me chame de Tae, já te disse isso. -Afirmou, e eu ergui os olhos até ele. -E depois, tenho algo que precisamos conversar. Mas posso esperar que termine sua refeição.
-Pode falar. -Pedi, querendo que ele fosse logo embora. Taehyung me encarou por alguns segundos. Então se aproximou, puxando uma cadeira e se sentando na mesa também.
-Sua alteza, príncipe Namjoon, exigiu um encontro com você. Quer ter certeza de que está bem. E parece que nossa palavra não é suficiente. -Soltei o garfo, fazendo ele cair sobre o prato e causar um ruído.
-E... eu vou voltar pra casa? -Perguntei, com já lábios trêmulos. Taehyung negou com a cabeça na mesma hora e eu fui atingido por um misto de decepção e alívio.
-Vamos levá-lo até a muralha amanhã ao amanhecer. Participará do nosso encontro com sua majestade. O príncipe poderá ter a confirmação que precisa sobre seu bem estar e depois você volta pra cá. -Taehyung afirmou, batucando os dedos na mesa. Encarei a comida na minha frente, sentindo algo se revirar dentro de mim.
-Sabe se minha família vai participar? Digo, o príncipe comentou algo sobre eles? -Questionei, mesmo sabendo que não deveria esperar muito da minha mãe.
-Ele não falou nada. Então terá que descobrir amanhã quando formos até lá. -Taehyung se colocou de pé, ajeitando a cadeira no lugar, enquanto eu absorvia a decepção. -Imagino que vá querer uma carruagem.
-Sim, por favor. -Pedi e ele assentiu. Taehyung se retirou no mesmo instante. Não demorou um segundo sequer, após a porta ser fechada, para as patas de Salém causarem um barulho no chão de madeira, e ele pular em cima da mesa.
-Qual o problema com a sua família? -Ele andou pela mesa, até encontrar alguma coisa que fosse do interesse dele naquelas comidas.
-Nenhum. -Comecei a comer, ignorando ele.
-Mentiroso. -Retrucou, me encarando com os olhos julgadores de sempre. Continuei comendo, ignorando a existência dele. -É sério, qual o problema da sua família?
-Minha mãe não se importa muito comigo e com o meu irmão. Bem, talvez ela até se importe. Mas está fazendo um ótimo trabalho em fingir que não. -Afirmei, soltando os talheres e olhando pra ele. -Ela sempre quis que eu me casasse com o príncipe de lá. Eu era um dos pretendentes. Só que ele não me escolheu, e isso a deixou com raiva. Desde então ela me ignora completamente. E nem com tudo que está acontecendo ela parece se importar.
-Hum, que péssima mãe a sua, hein? -Ele se sentou na mesa me observando. -Não sabia que tinha um irmão.
-Tenho. O nome dele é Jin. O motivo do príncipe não querer se casar comigo. -Abri um sorriso fraco, sentindo falta deles. -Pensei que poderia vê-los amanhã cedo. Mas parece que não.
-Nunca se sabe. As vezes ainda vai. -Salém voltou a comer. -Taehyung não disse que eles não iam. Só falou que não sabia. Então, relaxa, Jimin.
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Continua...
Espero que tenham gostado desse capítulo.
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Corte De Sangue || JIKOOK ||
Fantasi[Concluída] A milênios de anos atrás um trato entre vampiros e humanos foi estabelecido para que ambas as espécies não entrassem em uma guerra que estava prestes a acontecer. Então as terras foram divididas entre norte e sul. O norte se tornou dos v...