A por la quinze

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É noite de final da champions league. Eu mal vi os rapazes durante o dia inteiro, pois estavam todos ao redor de Ancelotti, fazendo coisas que não faço ideia do que são. Passei o dia me remoendo e pensando em contar logo para minha família sobre a gravidez, afinal, vai que meu pai infarta com a notícia ou minha mãe me bate no meio do campo por não ter contado primeiro pra ela. Mas, no final, decidi continuar com o mesmo plano, contar ao Haaland e depois aos outros.

Um carro locado me levaria até o estádio, porquê os jogadores precisariam estar lá mais cedo e teria toda uma pompa para a chegada do ônibus do time, indo separada eu conseguiria chegar com mais tranquilidade. Minha família e Jena veriam o jogo das tribunas, juntamente com a família do Haaland e do Jude, eles meio que decidiram aglomerar todos eles no mesmo lugar, pra obrigar uma amizade sem que precisassem ter tanto trabalho, o que eu duvido muito que aconteça, porque a mãe do Jude é muito fechada.

Desci quando já estava pronta e entrei rapidinho no carro que já me esperava, o motorista teve que seguir pela rota reservada aos ônibus dos times, porque tudo ao redor doe estádio estava parado. Senti falta de Sebastian assim que tomei meu lugar no banco se reservas, ele fugiu como o diabo da cruz quando soube que viajar com o time era opcional para ele, disse que veria o jogo pela televisão. Chequei minha bolsa pela milésima vez, tocando o exame dobrado no bolso lateral, para ter certeza de que estava lá, não sabia quando teria um momento com ele para mostrar, mas sabia que não passaria dessa noite.

Estava tão aérea e tão nervosa que mal percebi o tempo passando, a gritaria que a entrada dos jogadores causou acabou me despertando a tempo de ver Haaland dar uma corridinha até mim, apenas para me dar um selinho e arrancar mais gritos da arquibancada.

- Boa sorte, mi vida. - Acariciei seu rosto. - Amo você.

- Eu te amo mais. - Ele piscou para mim.

- A por la quinze. - Sussurrei e ele abriu um sorrisinho antes de voltar correndo para perto dos outros, de onde Jude me observava.

Sorri para ele e fiz um coração com as mãos, desejando sorte. Ele me devolveu um coração de dorama e um sorrisinho nervoso, essa não seria a melhor a partida da vida dele, o nervosismo não iria deixar. Mas estava tudo bem.

A torcida do Borussia é a coisa mais linda do mundo, mesmo como torcedora do Bayern, eu sou obrigada a admitir isso. O que eles fazem é sensacional e o medo que colocam nos adversários é real, eles sabem torcer de uma maneira arrepiante, talvez faltasse um pouco disso na torcida do Real Madrid, todo mundo ainda é calmo demais para o meu gosto.

- Nervosa? - Ancelotti parou ao meu lado, com sua inseparável caixinha de chicletes.

- Você não? - Devolvi a pergunta.

- Não. - Deu de ombros e jogou dois chicletes na boca. - Aceita?

- Não, obrigada. - Ele assentiu. - Estou muito nervosa, acho que vou vomitar.

- Calma. - Ele riu. - Vamos vencer.

- Gostaria de ter essa confiança toda. - Suspirei. - Posso desmaiar a qualquer momento.

- Por favor, não faça isso. - Ele riu ainda mais. - Haaland vai sair da partida pra vir te socorrer.

- Vou tentar me segurar. - Eu ri também.

Logo todos os nossos sorrisos foram sumindo, a pressão do primeiro tempo nos engoliu, o Borussia estava mostrando o melhor do seu estilo te jogo, mas Ancelotti não parecia preocupado, apenas sério, como sempre. Me mantive sentada no meu lugar, ouvindo a inquietação de todo o banco de reservas enquanto o chefe apenas mastigava seu bom chicletinho.

Quando o primeiro tempo acabou, o clima não estava lá dos melhores, a moral de todos estava um pouco baixa e Jude parecia prestes a cair em prantos. Quase comi meus dedos enquanto todos estavam no vestiário, Ancelotti não é tão emotivo quanto Guardiola, ele não grita tanto e não costuma surtar, mas o fato dele continuar calmo deixava Haaland mais nervoso do que levar uns bons gritos.

Quando eles retornaram para o segundo tempo, algumas posições haviam sido modificadas e isso pareceu surtir um efeito positivo, o time do Borussia pareceu surpreso e perdeu um pouco da efetividade. Quando o primeiro gol saiu, pensei que ficaria surda, contra todas as probabilidades, Carvajal simplesmente cabeceou para dentro da rede, nos deixando perplexos, pra dizer o mínimo.

O ânimo do banco de reservas melhorou e no campo também, embora Jude ainda parecesse extremamente perdido. Haaland ainda seguia chamando toda a atenção, conseguindo deixar Vinicius um pouco mais livre parar se aproximar da pequena área, mas o segundo gol saiu de um passe do Jude, um chute certeiro que não deu outra opção ao Vini se não marcar um lindo gol pra fechar o placar da final.

Jude foi substituído logo depois, talvez Ancelotti só estivesse esperando que ele fizesse algo significativo na partida para poder tira-lo, ele realmente não estava no seu melhor.

- Você está bem? - Perguntei assim que ele afastou Joselu do assento ao meu lado para conseguir sentar.

- Não. - Franziu o cenho e me encarou. - Nunca fiquei tão nervoso na minha vida.

- Vamos precisar trabalhar nisso depois. - Ele assentiu, sem tirar os olhos do campo.

- É o meu maior sonho. - Disse. - Estou a quinze minutos de realizar o meu maior sonho, Ellie.

- Eu sei. - O abracei de lado. - E você contribuiu para que ele aconteça.

- Eu acho que vou desmaiar. - Respirou fundo. - Não tô bem não.

- Está bem sim. - Tentei afastar o nervosismo dele. - Respira fundo e conta até quinze algumas vezes.

Ele me obedeceu, o ouvi contando baixinho por todos os minutos até o juiz apitar, finalizando o jogo. Jude demorou cerca de trinta segundos para levar as mãos a cabeça, como se não pudesse acreditar no que estava acontecendo.

- Acabou. - Seu peito subia e descia rapidamente, eu fiquei com medo dele infartar.

- Parabéns Jude, você venceu sua primeira champions league. - Me levantei e o puxei comigo para fora do banco de reservas.

- Nós vencemos, Ellie. - Ele me abraçou. - Ouviu, garoto? - Falou com minha barriga. - O seu padrinho e o seu pai venceram a champions!

- Vai lá! - O empurrei para o campo e tentei disfarçar meus olhos cheios de lágrimas por ele ter lembrado de mim e do meu bebê nesse momento tão importante.

- Você não vai? - Franziu o cenho. - Haaland já está te procurando. - Apontou para o gramado.

- Já vou. - Senti meu estômago gelar. - Vai na frente, esse momento é de vocês.

- Eu vou voltar pra te buscar se demorar muito. - Ele sorriu e se afastou, indo abraçar os companheiros de equipe

De longe, vi o loiro acenar para algumas pessoas, enquanto seu olhar se voltava para mim. Ele abriu um sorriso lindo e começou a caminhar na minha direção.

Me emocionei muito com as reações do Jude nessa final

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Me emocionei muito com as reações do Jude nessa final. Ele foi tão pitico. 🥹💙

Ps: Acredito que sairão três capítulos ao longo do dia de hoje.

Yuánfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora