Yuánfèn - Erling Haaland

A vida não é só aqui

É dia de ultrassonografia, mas só Haaland e eu sabemos disso. Estou estressada porque Erling e Jude estão no meu pé desde cedo, tentando me convencer a fazer uma festa. Não quero seguir essa moda de chá revelação, não gosto de nada chamativo como as pessoas andam fazendo e por isso estou com vontade de esganar os dois.

- Já disse que não vou fazer nada. - Ralhei. - Minha família está em Londres, a do Erling do outro lado do globo. - Expliquei. - Não vou fazer nada com um monte de estranhos.

- Aí. - Jude se ofendeu.

- Se eu fosse fazer um chá revelação com as pessoas que importam, só teria você e o Sebastian de convidados. - Continuei.

- Não sei se me sinto muito honrado ou muito humilhado. - Ele riu.

- Eu me sinto bem importante. - Sebastian disse.

- Fica na sua. - Jude brigou com ele.

- Quando descobrirmos quem está vindo por aí, você vai ser uma das primeiras pessoas a saber. - Afirmei. - Mas não vou fazer chá revelação, quem se importar com essa criança vai fazer isso sem precisar de festa.

- Nessa parte você tem razão. - Concordou a contragosto. - Você só me humilha e eu ainda estou aqui.

- Você é muito dramático. - Retruquei.

Estávamos almoçando, os rapazes estavam bem agitados com a proximidade do início da Champions. Agora eles teriam mais jogos e um sistema diferente, o que iria exigir um pouco mais daqueles que gostam de moleza. Haaland não estava preocupado, porque sempre dá seu melhor nos treinos e nos jogos, bem como Jude, que havia diminuído consideravelmente a frequência com a qual aparecia em festas e parecia estar se tornando um cara mais consciente sobre tudo.

Iríamos sair mais cedo, para conseguir chegar no horário certo da consulta. Não convidamos Jude, como pretendíamos fazer, porque pretendo fazer uma surpresa pra ele. Infelizmente não posso comemorar com muitas pessoas, porque todas estão longe, mas ainda tenho o padrinho do bebê me enchendo a paciência todos os dias, pra lembrar que Erling e eu não estamos totalmente sozinhos.

Não que eu esteja sem suporte, muito pelo contrário, acho que Haaland se tornou ainda mais homem e ainda mais altruísta depois que descobriu a gravidez. Eu não tenho do que reclamar, mas ainda sinto falta de dividir esses momentos com as nossas famílias.

- Vinicius vai fazer uma social na casa dele. - Sebastian disse. - Falou que vai convidar o Alvaréz.

- Sério? - Haaland bufou. - Eu não vou conseguir me livrar desse cara nunca?

- Eles mantém contato desde o aniversário da Ellie. - Sebas explicou. - Se deram bem.

- Que nada. - Jude retrucou. - Ele não faz parte do nosso time, não tem motivo pra manter proximidade.

- A vida não é só aqui. - Falei sobre o centro de treinamento. - Vocês sabem que podem ter amigos independente do time deles, não sabem?

- Você vai defender? - Jude cruzou os braços.

- Só estou dizendo que nós não somos obrigados a ir. - Dei de ombros. - Mas o Vinicius tem o direito de ser amigo de quem ele quiser.

- Você não pode ser um pouco menos sensata? - Erling resmungou. - Eu nunca tenho razão nessa vida.

- Eu vou. - Sebastian deu de ombros. - Vocês deveriam ir também.

- E por qual motivo eu faria isso? - O loiro se virou pra ele.

- Primeiro, porquê você precisa mostrar superioridade. - Sebas levantou um dedo. - Segundo, porque é melhor observar seu desafetos de perto. - Levantou o segundo dedo. - Terceiro, é uma festa do seu colega de time, você não vai querer deixar um clima estranho.

- Droga, ele tem razão. - Jude se deu por vencido.

- É. - Haaland admitiu a contragosto. - Mas ele é um sonso, não se deixe enganar.

- Eu não. - Sebastian riu. - Jamais.

- Assunto encerrado, então. - Agradeci mentalmente por Sebastian ter argumentos mais sólidos que os meus.

Terminamos de comer e seguimos nosso dia normalmente, duas horas antes de encerrar nossos turnos, Erling foi me buscar na minha sala e nós saímos como dois fugitivos para não dar tempo de Jude perguntar nada.

- Ninguém estranhou você ter saído cedo? - Perguntei assim que ele deu partida no carro.

- Hoje teve treino de reparação. - Explicou. - Eu disse que me sentia bem e pedi pra sair mais cedo.

- E o Ancelotti permitiu? - Me surpreendi.

- Eu disse que queria comprar alguns presentes para o bebê e que iria te fazer uma surpresa. - Riu. - Ele tem sido muito bonzinho desde que anunciamos a gravidez.

- Todo mundo tem percebido isso. - Sorri também.

- Acho que deveríamos fazer algo em comemoração a vida do nosso bebê. - Ele voltou no assunto. - Não estou sugerindo um chá revelação, apenas uma festinha mais intimista.

- Se você faz tanta questão. - Acabei cedendo. - Mas eu vou organizar do meu jeito.

- Como a senhora quiser. - Assentiu. - Falou com a confeiteira?

- Sim. - Assenti. - Convidou o Jude pra jantar lá em casa?

- Disse que você faria lasanha e ele aceitou imediatamente.

- Vamos buscar os bolinhos quando estivermos voltando do médico. - Expliquei. - Já estão prontos, apenas esperando a cor do recheio.

- Ele vai surtar. - Haaland riu. - Muito mesmo.

- Gostaria de fazer isso com todas as pessoas das nossas famílias. - Confessei.

- Eu também. - Ele suspirou. - Mas também é um momento nosso, podemos aproveitar do jeito que nos faz feliz.

- Tem razão. - Concordei. - Jude tem ficado tão feliz com cada coisinha sobre esse bebê, tenho certeza de que será um padrinho muito presente.

- Nós escolhemos bem de ambos os lados. - Comentou. - Beca vai dar um jeito de estar sempre perto, você vai ver.

- Grealish não ficou chateado porque não o convidamos? - Ele negou.

- Ele disse que vamos ter outros filhos. - Respondeu, rindo.

Seguimos até a clínica onde meu pré-natal estava sendo feito, fomos atendidos no horário marcado e saímos de lá surtando com o resultado em mãos. Passamos na confeitaria para buscar os cupcakes que havíamos encomendado e logo pegamos o caminho de casa, porque tínhamos um gato pra alimentar e uma lasanha para fazer.

Meus enjoos estavam realmente melhorando, eu já conseguia comer comida de verdade e isso estava me deixando muito feliz. Estava tomando suplementos, que eram normais na gravidez, mas sempre levava um puxão de orelha da obstetra porque Erling sempre me entregava, contando das besteiras que eu comia.