Mas eu não venci

195 29 3
                                    

Os rapazes me incluíram na conversa deles, mesmo que na maioria das vezes eu não fosse capaz de entender uma frase completa. Lia, por outro lado, fez questão de me ignorar, talvez ela tenha algum interesse em Vincent ou seja acostumada a ser a única garota do grupo, mas não é como se eu fosse fazer parte, só vim porque fui convidada.

Estava entretida ouvindo uma história de Jame sobre como ele quebrou o braço enquanto subia no ônibus da escola quando uma sirene tocou.

- Hora da corrida. - Vincent levantou, animado. - Vamos, Ellie.

- É agora, Jesus. - Me levantei, me sentindo nervosa.

- Credo, parece que tá caminhando pra morte. - Vincent riu. - Você vai gostar, relaxa.

- Ele é bom, Ellie. - Kai garantiu. - O melhor de nós.

- Já tô aqui né. - Respirei fundo e comecei a caminhar com Vincent até um carro amarelo. - Achei que iríamos no seu carro.

- Só carros fornecidos pelo evento. - Ele abriu a porta pra mim. - Pra ninguém trapacear.

- Entendi. - Entrei no carro e me deparei com três cintos de segurança, dois que se cruzavam no peito e um que me segurava pelo quadril. - Bem, é mais fácil eu morrer dentro do carro do que ser arremessada pra fora.

- Obrigado pela confiança. - Vincent zombou.

- Sempre que precisar. - Afivelei os cintos enquanto ele ria da minha cara.

- É uma corrida curta. - Avisou enquanto ajustava as coisas do carro. - Apenas duas curvas até a linha de chegada.

- Se eu gritar você se assusta? - Perguntei só por garantia.

- Não. - Ele riu. - Mas vou ficar triste.

- Já peço desculpas por magoar seus sentimentos. - Vincent negou com a cabeça e continuou sorrindo.

Ele ligou o carro e nós seguimos até a linha de partida, as pessoas já estava amontoadas por lá, não era a primeira disputa da noite. Eu estava morrendo de medo e ansiedade, nunca na minha vida me imaginei em um evento desses que meu irmão sempre vê no YouTube.

- Eu posso gravar? - Perguntei. - Meu irmão vai enlouquecer com isso.

- Não sei se você vai conseguir segurar o celular. - Ele maneou a cabeça. - Mas pode tentar.

Vincent fechou os vidros, pra garantir que meu celular não voasse pra fora do carro. A contagem foi feita por um placar eletrônico na frente dos cinco carros enfileirados, meu coração estava prestes a sair pela boca quando a sirene soou alta e eu fiquei praticamente surda com o barulho feito pelos motores dos carros.

- Puta que pariu, eu vou morrer! - Gritei ao mesmo tempo que tentava abrir a câmera do celular.

- Não vai! - Vincent gritou de volta, havia um sorriso enorme no rosto dele.

- Oi Dave! - Berrei para a tela do celular que agora grava uma imagem distorcida e tremida de mim. - Eu estou em uma corrida de carros e você não, otário! - Vincent fez uma curva e eu quase bati a cara no vidro da janela. - Eu tenho uma vida muito mais legal do que a sua! - Continuei implicando quando me recuperei.

Mexi o celular por todos os ângulos, mostrando Vincent e tudo que dava pra mostrar enquanto lutava pra não deixar o celular cair. Encerrei o vídeo quando nos aproximamos da segunda curva e prestei um pouco mais de atenção no piloto, ele estava concentrado e só desviava o olhar para o lado quando ultrapassava algum carro. Eu vi Vincent ultrapassar os três carros que ainda estavam na frente dela segundos antes de fazer a curva, logo estávamos em linha reta até a chegada. No entanto, quando estávamos quase chegando, um carro nos ultrapassou e chegou na frente, vencendo a corrida.

Yuánfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora