Temos um romântico nato aqui

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Erling Braut Haaland

Vi na expressão do rosto da minha namorada que ela queria me estrangular, mas estava em dúvida sobre qual seria o motivo. Eu não pretendia ir comemorar com os caras na casa do Vinicius, mas, depois de ver o jeito que ela me olhou, preferi dar um tempo, pra não levar uns bons gritos quando chegássemos em casa. Ela mal falou comigo quando saiu do centro de treinamento e, sabendo que haveria imprensa lá fora, preferi deixar ela sair sozinha. Jude percebeu que havia alguma coisa errada, não disse nada, apenas me olhou com a expressão mais séria possível, mostrando que estaria do lado dela em qualquer briga. Eu entendo, eu faria o mesmo.

Tomamos banho e nos trocamos, saindo do centro se treinamento, fui parado por algumas equipes de televisão. Eles me fizeram perguntas sobre as expectativas no novo time, sobre a despedida do time antigo e coisas do tipo, até que uma única repórter um pouco mais ousada teve coragem de me fazer perguntas sobre a Ellie. Eu tive vontade de rir, ninguém havia me perguntado sobre ela antes e eu estava amando a oportunidade.

- Então, Haaland. - Ela estava sendo discreta. - Nós acompanhamos o seu relacionamento com a doutora Osborn, que agora também é médica do Real Madrid. - Eu apenas assenti, esperando ela concluir. - Notamos que houve um afastamento, logo depois ela veio pra Madrid e você em seguida. - Eu não me aguentei e ri. - Acho que você já entendeu minha pergunta. - Ela riu também. - Foi por causa dela que você decidiu assinar com o Real?

- Em parte, sim. - Fui sincero. - Sempre tive planos de jogar no Real Madrid, mas não pretendia que fosse agora.

- E o que mudou? - Ela insistiu.

- Minha mulher foi pra longe de mim e levou todos os meus planos na mala dela. - Dei de ombros.

- Temos um romântico nato aqui. - A mulher olhou para a câmera enquanto sorria. - Posso perguntar o motivo dessa novela toda? - Acho que até ela ficou surpresa pela pergunta que fez, mas eu tirei por menos.

- Eu nunca tive nada tão precioso nas mãos. - Pensei bem antes de responder. - Fiquei com medo de atrapalhar a vida dela com a loucura que é a minha e por um momento de loucura pensei que seria melhor que ela seguisse sem mim.

- Estou ficando emocionada aqui. - Ela me deu mais corda. - Parece que vocês conseguiram se resolver no final das contas.

- Ela me castigou um pouquinho, mas, me aceitou de volta. - Brinquei.

- Gente, parece história de filme. - Ela parecia genuinamente feliz com minhas respostas. - Mas, você mudou sua vida pra vir atrás dela, acho que as coisas se igualaram.

- Talvez. - Maneei a cabeça. - Certa vez ela me disse que precisava de uma pessoa melhor, então eu estou bem comprometido com isso.

- Meus parabéns, Haaland. - Ela me olhou por um tempo. - Pelos gols e pela coragem.

- Obrigado! - Assenti, me sentindo envergonhado.

- Quer mandar alguma mensagem para sua amada? - Ela foi bem brega e eu adorei.

- Ellie, eu te amo! - Peguei o microfone e olhei para a câmera. - Todos os gols da minha carreira são pra você.

- Obrigada pela entrevista. - A repórter se despediu sorrindo e eu saí também.

Jude era o único que estava me esperando.

- Não vai lá na Ellie? - Perguntou quando me aproximei.

- Vou, depois. - Afirmei. - Ela está brava e eu não quero levar una gritos.

- Vocês são estranhos. - Ele deu de ombros.

- Somos sim. - Apertei o ombro dele. - Não sei onde o Vinicius mora.

- Vai me seguindo. - Eu concordei.

Confesso que a alegria contagiante deles só me contagia por um tempo, depois ela me cansa. Os caras são ligados no duzentos e vinte o tempo inteiro, estão sempre dispostos a fazer uma festa e ostentar muitas coisas. Esse, definitivamente, não é o meu jeito de comemorar ou de viver a minha vida.

- Aí, Haaland. - Camavinga se pendurou no meu pescoço. - Fez a maior declaração pra Ellie.

- Tenho que me garantir, cara. - Brinquei. - Manter meu avião na minha garagem.

- Esperto. - Ele riu. - Tinha muita gente de olho nela.

- Eu tô sabendo. - E, de repente, eu percebi que ele era uma dessas pessoas. - Acho que só vou ter paz quando puser uma aliança pesada no dedo dela.

- Eu faria isso logo. - Ele continuou sorrindo, mas se afastou, indo buscar uma bebida.

Olhei no relógio e já passava da hora do jantar, eu não queria ficar no meio da bagunça, queria ir pra casa dela, me resolver com a minha mulher e foi o que eu fiz quando consegui me livrar deles. Passei em uma lanchonete e comprei comida, porque sei que ela não resiste a um bom hambúrguer com batata frita. Meus planos eram para comer, nos deitar no sofá e ver um filme antes de dormir, mas, quando Ellie abriu a porta, usava um pijama de seda que deveria ter meio palmo de tecido no short e minha atenção foi direto para as pernas dela. Até me perdi na conversa que ensaiei dentro da minha cabeça.

No final, o lanche ficou esquecido em cima do balcão, nos resolvemos da melhor maneira possível e eu só lembrei da comida quando acordei na cama vazia, ouvindo o barulho da embalagem.

- Schördringer, para com isso! - Ouvi Ellie ralhar. - Larga esse saco!

Abri a porta do quarto e espiei a sala, Ellie estava agachada perto do sofá e o gato estava tentando fugir dela com o saco do lanche preso na boca.

- Você não pode comer essas coisas, morceguinho. - Ela falou como se o gato entendesse.

- Precisa de ajuda aí? - Ambos se assustaram com a minha voz e Schördringer largou o saco, indo se esconder em baixo do sofá.

- Esse morto de fome subiu no balcão e pegou a comida, acredita? - Ela levantou, incrédula. - Só apronta.

- Ele conseguiu rasgar? - Ela negou. - As batatas devem estar murchas.

- Vou comer do mesmo jeito. - Ela abriu os hambúrgueres e os colocou pra aquecer no forno.

- Você não está com raiva de mim, está? - Perguntei, incerto.

- Não. - Ela me olhou, séria demais. - Mas, nunca mais me atrapalhe no meu trabalho, ou vamos ter problemas sérios. - Eu engoli em seco e assenti. - Posso ter feito algo que te incomodou sem querer, mas não interferi no seu trabalho, então não faça com o meu.

- Prometo. - Garanti. - Me desculpe.

- Tudo bem. - Ela também enfiou as batatas fritas no forno e eu fui ajudar a arrumar nossa comida.

Yuánfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora