Haaland passou um bom tempo com Carlota nos braços, ele mal respirava e tentava não mexer os braços, parecia uma estátua de cera e a bebê parecia gostar muito do lugar onde estava, pois dormia tranquilamente. Beca e eu aproveitamos para conversar com Inês sobre o pós parto, para perguntar como ela estava.
- O Bernardo contratou duas pessoas pra me ajudar quando ele não está em casa. - Ela contou, toda sorridente. - Tenho tido uma boa rede de apoio.
- Isso é bom. - Beca sorriu. - Infelizmente já atendi algumas mães com depressão pós parto, que tiveram episódios de surto. - Ela suspirou. - É um período delicado, que exige atenção.
- Ah, sim. - Inês assentiu. - Eu tive uma conversa séria com toda a minha família sobre isso, não queria correr o risco de rejeitar minha filha.
- O Haaland parece estar se dando bem com a Carlota. - Beca observou e eu me virei pra olhar também.
- Tirando o fato de que ele se recusa a se mexer. - Inês riu.
- Ele é doido pra ser pai. - Comentei. - Ficou tão feliz quando soube que a Carlota tinha nascido.
- Eu bem vi o jeitinho que ele ficou te olhando quando a Carlota estava com você. - Beca disse. - Eu tentei ficar com raiva dele depois de tudo e até consegui. - Confessou. - Aí vocês voltaram e eu vejo novamente como é intensa a maneira que ele te olha.
- Eu sempre soube que vocês iriam voltar. - Inês deu de ombros. - E fiquei muito confusa quando terminaram e você foi embora.
- Todos ficamos. - Beca acrescentou. - Eu sempre soube que o Haaland era louco pela Ellie, mas não a esse nível de surto.
- Ele tem se martirizado muito sobre isso. - Elas me olharam com mais atenção. - Eu já disse que precisamos deixar essas coisas pra trás, mas ele não consegue.
- Parece idiota dizer isso, mas, ele sofreu muito. - Inês disse. - Estava tão abatido que eu achei que havia adoecido.
- É, eu vi isso também. - Beca concordou.
- Eu já o perdoei. - E isso era verdade. - Ele precisa se perdoar também.
- Apenas dê tempo ao tempo. - Inês sugeriu. - Homens são estranhos, idiotas e complicados.
- Eu acho que nunca te perguntei isso, mas, você quer ser mãe, Ellie? - Beca questionou.
- Eu nunca pensei muito sobre isso. - Respondi. - Mas, sinto algo diferente quando o vejo falar sobre nossos futuros filhos. - Suspirei. - Eu quero ter filhos, desde que o pai seja ele.
- Eu tive esse mesmo lapso quando me dei conta de que amava o Bernardo. - Inês sorriu. - Só posso dizer que você é uma das pessoas mais sensatas que eu já conheci. - Eu soltei uma risadinha sem graça. - Tem um bom julgamento e, se sente-se segura em ter um filho com ele, é por que é o certo a ser feito.
- Acho que o ponto é esse, não é? - Beca completou. - Se sentir lucidamente segura sobre ter um filho com seu parceiro. - E ela estava certa. - Acho que somente amor não é o suficiente pra dar a certeza sobre criar outro ser humano com alguém.
- Eu concordo com tudo. - Assenti e vi Bernardo pegando Carlota dos braços do Erling, a bebê começou a chorar imediatamente.
- Parece que ela tem seus favoritos. - Bernardo riu. - Você leva jeito, cara.
- Você acha? - Haaland sorriu, todo besta. - Ela deve ter gostado porque eu não me mexi.
- Ela gostou porque é você. - Falei e a atenção dele se voltou pra mim.
- Eu mal posso esperar pra ver o filho de vocês. - Inês disse, animada com a ideia. - Vai ser tão lindo.
- Desde que saia a cara da mãe, eu fico tranquilo. - Haaland se sentou ao meu lado.
Passamos a tarde inteira conversando e admirando todo movimento e som que Carlota fazia. Ela era uma bebê muito calma, passou a maior parte do tempo dormindo. Eu vi Haaland suspirar apaixonado por cada detalhe dela, o que era inevitável, porquê eu também estava fazendo isso, acho que ambos estávamos pensando a mesma coisa e isso me assustou um pouco.
Minha mãe sempre me disse que era melhor ter filhos cedo, pra conseguir aproveitar melhor a vida depois que eles se tornassem adultos e com a frequência que Haaland e eu estávamos transando sem camisinha, se eu não estivesse tomando anticoncepcional, já estaria grávida a muito tempo.
Me peguei pensando sobre quantas coisas vivemos em pouco tempo, do dia em que nos conhecemos até a mudança pra Madrid, aconteceram coisas que poderiam facilmente caber uma cinquenta anos. Existe uma carga emocional tão grande entre nós dois, que faz parecer que estamos juntos a muitos anos. Eu tenho plena certeza de que quero passar a minha vida inteira ao lado dele, mesmo que ele ainda se sinta inseguro sobre as decisões erradas que tomou, eu o amo mais do que tudo nesse mundo.
- Acha que o pessoal vai demorar pra chegar? - Perguntei a Beca.
- Jena vai vir direto do trabalho. - Respondeu. - Jack e Phil vão em casa e vão passar no mercado antes de virem.
- Jude deve estar se mordendo de ciúmes. - Haaland disse e começou a rir.
- Porquê? - Questionei. - Ele ficou cuidando do Schördringer.
- Ele tem medo que você decida voltar a trabalhar no City. - Ele continuou rindo e olhando para o celular, provavelmente lendo alguma bobagem que Jude estava dizendo.
- E é fácil assim? - Eu ri também. - Não tenho essa moral toda.
- O Jude não é seu amigo? - Beca questionou Haaland.
- Agora ele é amigo da Ellie. - Respondeu e pareceu não estar se importando com isso. - Inclusive me olhou feio quando fui lá implorar pra ela voltar comigo.
- E mesmo assim te enfiou na minha casa. - Completei.
- Isso se chama cumplicidade masculina. - Ele pontuou. - Mas ele deixou bem claro pra mim que não importa o que aconteça, ele vai defender você.
- Eu gosto do Jude. - Beca riu. - A Ellie sempre arranja algum extrovertido que adota ela e tira sua alma das profundezas do tártaro.
- A Ellie tem muita facilidade em arranjar homens que façam tudo por ela. - Ele resmungou e Beca me olhou de lado, querendo rir
- E foi por isso que você correu com o rabinho entre as pernas pra Madrid na primeira oportunidade que teve, não foi? - Ela provocou.
- Foi. - Ele assentiu com a cabeça e Beca não aguentou e riu. - Quando eu vi a facilidade tremenda que ela teria pra me substituir quando quisesse, entrei em pânico.
- É, grandão. - Beca concordou com ele. - Aprendeu?
- Aprendi.
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Yuánfèn - Erling Haaland
FanficContinuação.| A força de um vínculo entre dois indivíduos. Um relacionamento unido pela fé e pelo destino. O amor que existe entre duas pessoas.