Tem alguma coisa doendo aqui

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Deixamos as sacolas no carro e entramos no bar, o local era propositalmente mal iluminado, com mesinhas pequenas e intimistas, tudo parecia muito simples, mas o cheiro de comida que pairava no ar era bom. Eu gostei. Não precisamos procurar uma mesa escondida, porque eu já não estava com vergonha de estar vestida simples demais, o bar era aconchegante, me senti bem assim que entramos.

- E de repente eu me sinto mais feliz. - Haaland quase dançou quando viu o cardápio com fotos de comidas bonitas. - Tô morrendo de fome.

- Anéis de cebola. - Observei. - Sanduíche de frango crocante. - Ele me olhava sorrindo. - Vamos pedir esses , não é?

- Com certeza. - Ele chamou o garçom imediatamente.

Pedimos mais algumas coisas e uma jarra de suco, porque ele estava dirigindo e eu não queria exagerar no álcool. O cheiro dele já me embriagava o suficiente cada vez que batia alguma brisa.

- Vou precisar ficar duas horas na esteira depois de comer tudo isso. - Os olhos de Haaland brilharam quando nossos petiscos chegaram.

- Em dois jogos você queima as calorias. - Fiz pouco caso. - Eu vou demorar um pouco mais. - Ele pendeu a cabeça para o lado e me olhou de cima a baixo.

- Não precisa não. - Ele baixou o olhar e passou a prestar atenção na comida. - Eu senti falta de estar com você. - Eu não soube muito bem o que responder. - Nós também éramos amigos.

- Ainda podemos ser amigos. - Tive vontade de morder minha língua logo depois de falar, foi a resposta mais idiota possível.

- Não consigo ser somente seu amigo, Ellie. - Ele soltou uma risadinha um pouco amargada. - Na verdade, acho que não sou capaz de fazer isso.

- Me desculpe. - Ele me olhou, sem entender. - Você errou, mas não é justo o que tenho feito você passar.

- É justo. - Respondeu. - Fiz a maior bagunça na sua vida e continuo fazendo isso.

- Você está tentando. - Admiti. - E eu estou te tratando mal mesmo depois de ter me pedido perdão.

- Você tem o direito de não me perdoar. - Percebi ele nervoso, pois secou as mãos na calça.

- Eu te perdoei naquela mesma noite. - Ele me olhou surpreso. - Só não estava sabendo lidar com as coisas que ouvi de você.

- E o que isso quer dizer? - Ele enfiou uns três anéis de cebola na boca e mastigou com dificuldade.

- Que eu entendi as suas razões. - Comecei devagar, com medo dele se engasgar com a quantidade de comida na boca. - E poderia ter considerado elas uma grande prova de amor se você tivesse conversado comigo. - Ele assentiu e continuou prestando atenção em mim. - Só que, doeu. - Fui sincera e ela soltou um suspiro. - E ainda dói um pouco.

- Eu não sei mais o que dizer. - A voz dele soou fraca.

- Eu não preciso que você me diga mais nada. - Sorri, tentando acalmar ele. - Só estou te contando o que está acontecendo comigo.

- Eu fico feliz que esteja me contando. - A essa altura ele já havia deixado a comida de lado. - Estive tão angustiado porque você sequer me olhava nos olhos.

- Seu olhar costuma derrubar minhas barreiras. - Confessei e um sorrisinho surgiu no rosto dele. - E eu meio que precisava delas.

- Ainda precisa? - Havia uma certa esperança nos olhos dele.

- Um pouco. - Ele assentiu, o rosto tomando uma expressão de decepção. - Eu preciso de um tempinho, eu permiti que você me conhecesse completamente e isso ainda não foi o bastante pra te fazer conversar comigo antes de tomar uma decisão equivocada.

Yuánfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora