Capítulo Quarenta - Um novo ciclo.

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Eloise Menezes

Letícia analisava meus croquis enquanto eu andava de um lado a outro da sala em pura ansiedade. A feição dela era neutra, e aquilo me impedia de interpretar a sua verdadeira opinião. Sempre fico atordoada quando alguém analisa o meu trabalho, tenho medo de não ter feito algo bom o bastante. Em todas as minhas coleções sempre tem a fase da insegurança, e dessa vez, a fase estava devastadora.

— E então, o que achou? — Quebrei sua minuciosa analise, a fazendo olhar para mim.

— Tá incrível, nunca vi algo parecido!

— Tem certeza?

— Sim. As grávidas vão esta bem vestidas para qualquer ocasião; você arrasou, Eloise!

Não pude conter um sorriso largo. Fazia tempo que eu não sentia isso, a satisfação de ter feito um bom trabalho. Tinha me esquecido do quanto era bom me sentir assim. É extraordinário. Incrível. Pude sentir-me eu mesma outra vez.

— Acha que vão me escolher?

— Eu escolheria, independentemente da coleção que Brenda fizesse. Duvido que a dela chegue aos pés da sua!

— Não é pra tanto... não podemos desmerecer o trabalho dela desse jeito. Apesar de tudo, ela se encontra na mesma situação que eu.

— Oi? Eu te conheço? — falou espantada. — Pensei que a odiasse!

— E odeio, mas isso não quer dizer que eu deseje o mal dela. 

Sentei-me em minha cadeira giratória, rodopiando, mas parei quando a bile começou a subir pela a minha garganta. Quando esse enjoo me daria uma trégua?

— Você mudou.

— Como assim?

— Parece mais feliz do que estava há meses atrás.

— Deve ser satisfação pelas coisas finalmente estarem dando certo, quer dizer... a maior parte delas. — Fiz careta ao lembrar dos problemas em que me meti com a escolha de ajudar Nicolas.

— Não acho que seja só isso! — Se levantou, colocando os croquis em minha mesa.

— E o que mais seria?

— Sei lá... deve estar feliz pelo seu noivo, incrivelmente lindo, ter declarado publicamente o amor dele por você.

Quase cai para trás ao captar àquela frase, sorte que a cadeira era firme e aguentou o meu peso.

— C-como você sabe? — Foi impossível disfarçar a minha face espantada.

— Vi no site de fofoca dos empresários. Quando pretendia me contar?

— Minha nossa, esse maldito site! — Minha respiração ficou acelerada. — Quem mais sabe, Letícia?

Aquele era o fim, só podia ser o fim.

— Era para ser um segredo? — Franziu o cenho em confusão.

Ok, ela não sabia de nada e nem podia saber. Eu não podia envolve-la nessa confusão. Não podia bagunçar a vida de ninguém com os meus problemas estúpidos; era preciso fingir. Tentei controlar o desespero que dominava o meu peito, aquilo não me levaria a lugar algum. As pessoas acabariam descobrindo de qualquer modo, eu só não esperava que fosse tão cedo. Respirei fundo, me preparando para mentir.

— Eu não queria ser o alvo de fofocas, só isso. Me desculpe por ter guardado segredo, ainda estou me acostumando com a ideia.

— Por isso não está usando o anel?

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora