Me odeie, mas me ame.

Capítulo Cinquenta e três - Apenas arrumando

Coloquei as pastas dentro da caixa de papelão, junto com todos os outros objetos do meu escritório. A reforma do quarto de Amélie começaria em breve, e eu precisava esvaziar o local. Como tudo estava quase acertado, já levaria as coisas para o meu escritório na minha empresa. Se eu levasse essas coisas para a Augustine's, seria perda de tempo, já que sairei de lá em breve.

Nicolas e eu escolheremos a decoração do quarto assim que ele chegar do Canadá. Mas eu chamei uma pessoa para pintar e tirar todo o mofo daquele cômodo. Pelo o que estava lendo, recém-nascidos são sensíveis a quase tudo.

— Daqui a alguns meses você estará aqui, do lado de fora, Amélie. Já vou te avisando que viver não é fácil. Os desafios serão difíceis, mas eu sempre estarei ao seu lado para te ajudar a superá-los, e tenho certeza de que o seu pai também estará aqui para o que você precisar. Você é uma das pessoas mais amadas do mundo, minha abelhinha.

Eu havia começado a chamá-la de abelhinha há alguns dias. As abelhas costumam trabalhar em grupo, assim como nós duas. Atualmente, nós duas dividimos o mesmo corpo e fazemos tudo juntas, inclusive trabalhar. Minha pequena trabalhadora, ela nunca me deixa sozinha. A única pessoa que estava comigo vinte e quatro horas por dia. 

— Falando no seu pai... você também está chateada por ficar mais tempo sem ele? Sinto que posso surtar de saudades — comecei a rir. — Quem diria que em algum dia eu sentiria saudade de Nicolas Machado, não é? Isso é culpa sua, Amélie! Acho que eu devia te agradecer por isso.

Meu celular começou a tocar em cima da escrivaninha. Bufei irritada, com preguiça de ter que levantar para atender a ligação. As pessoas deviam presar pelo descanso das grávidas!

— Você escolheu a cor vermelha para a nossa fachada? — Letícia berrou do outro lado da linha telefônica.

— Sim, escolhi.

— Não conheço nenhuma marca de roupa bombada que tenha vermelho como a sua cor oficial!

— Seremos a primeira.

— Por que escolheu essa cor?

— Porque é a minha preferida.

— Sério, Lise?

— Amiga, quero que a Amélie's tenha a minha essência; posso dizer que a cor vermelha transmite quem sou. E, além disso, vermelho é uma das cores mais bonitas que existe, pode admitir.

— Tá, realmente é uma cor bonita.

— Viu só? Já consigo imaginar as clientes saindo com uma sacolinha vermelha com a nossa logo estampada!

— Já tem a logo em mente?

— Estou acumulando ideias para começar a desenhar.

— Tem certeza de que não quer contratar alguém para fazer? Você já está muito sobrecarregada!

— Tudo está sobre controle, não se preocupe.

— E como anda todo o processo do desfile? Acho que estou meio desatualizada...

— Augustine mandou uma pessoa para me ajudar enquanto você se dedica a empresa.

— Que legal.

Nós descobrimos que ficaria muito pesado se as duas focassem nos dois trabalhos ao mesmo tempo, por isso dividimos as tarefas. Letícia assumiria a maioria das obrigações da empresa, enquanto eu cuidaria do desfile e lhe daria todo o suporte necessário. As coisas estavam andando mais rápido daquele modo.

Alguém tocou a campainha, chamando a minha atenção.

— Tem alguém tocando a campainha, preciso ir.