Capítulo Treze. - Sai daqui!

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O barulho de batidas na porta me tiraram da terra dos sonhos. Resmunguei algo antes de tentar  levantar da cama. Um braço musculoso me envolvia em um aperto, impedindo-me de levantar. Segui o olhar até o dono do braço e, involuntariamente, soltei um grito quando percebi que era Nicolas que estava deitado ao meu lado.

— Filha, está tudo bem ai dentro? — Reconheci a voz da minha mãe.

O sujeito deitado ao meu lado se acordou assustado, me olhando incrédulo. Então, tudo veio à tona na minha cabeça. Eu havia dormido com Nicolas, e pior... eu que tinha sugerido.

— Está tudo bem mãe, me assustei com uma barata. — Fiz um gesto para que ele começasse a se vestir. — Já vou atende-la, só um minuto!

Fui até a minha mala e peguei uma roupa qualquer, vestindo-a. Nicolas observava aquela cena com um sorrisinho no rosto, o lancei um olhar ameaçador e ele levantou as mãos em rendição.

— Vai pro banheiro! — Sussurrei.

Quando ele fez o que pedi, segui o caminho até a porta, abrindo-a e permitindo a entrada da minha mãe.

— Nossa, esse quarto está uma bagunça! — Disse ao notar as cobertas jogadas no chão, e a cama toda bagunçada.

— Eu me mexo muito dormindo, a senhora sabe.

— Mas parece que passou um furacão por aqui!

Um calafrio percorreu todo o meu corpo ao me lembrar do "furacão".

— E o que a senhora veio fazer aqui?

— Vim te chamar para o café da manhã, temos que aproveitar tudo, afinal, é o nosso último dia em Paris!

— Tem razão, mas preciso tomar um banho, acabei de acordar e estou toda suada.

— Mas o ar condicionado está ligado.

— Costumo suar quando tenho pesadelos, a senhora sabe.

— Tudo bem, mas não demore muito, já está tarde!

— Pode deixar.

Ela sorriu e se retirou do cômodo, fechei a porta o mais rápido que pude.

Nicolas saiu do banheiro com um riso divertido nos lábios, e naquele momento tive vontade de soca-lo.

— Nós tivemos um pesadelo e tanto, não foi? — Disse em um tom zombeteiro.

— Sai daqui, preciso me arrumar.

— Vai mesmo fingir que nada aconteceu?

— Depois falamos sobre isso, agora preciso me arrumar.

— Você quem manda, patroa — usou seu tom mais irônico.

— Sai daqui, Nicolas!

Ele me olhou indignado e saiu batendo a porta.

Merda!

O que eu tinha feito?! Dormi com o cara que jurei odiar por toda eternidade, e agora estava o expulsando do meu quarto.

Pra que inimigos quando você pode se auto sabotar, não é mesmo?

Entrei debaixo do chuveiro e permiti que ele levasse os rastros do sexo que ficaram em meu corpo, ele só não conseguiu tirar o roxeado que ficara em meus pescoço.

Maldito Nicolas Machado!

Me arrumei nas pressas, mas não de um modo que eu não pudesse me vestir bem. Uma coisa é certa, ninguém jamais me verá desarrumada!

Os meus pais já estavam sentados à mesa quando cheguei ao restaurante do hotel. Me servi com alguns croissants, peguei um copo de suco e me juntei a eles à mesa.

— Achei que seria mais rápida.

— Não consigo sair desarrumada, mamãe.

— Deixe a garota, Fátima! — meu pai disse em um tom divertido. — A sua mãe me contou que teve pesadelos esta noite, querida, está tudo bem?

O meu "pesadelo" chegou ao recinto, sentando-se junto a sua família em uma mesa que fica de frente pra nossa, dando um sorriso cínico para mim. Fechei a cara.

— Sonhei que um avestruz corria atrás de mim.

— Você tem medo dessa ave até nos sonhos, não acredito! — minha mãe não conteve uma risada.

— Tenho medo, fazer o que.

Ao fim da refeição, a família Machado veio até nós, para nos cumprimentar já que, segundo eles, agora somos da mesma família. Os pais de Ítalo não poderiam demonstrar mais falsa alegria, era óbvio que eles não se agradaram com essa união.

— O meu irmão está mais sorridente do que o normal, chega a ser estranho — Cátia disse quando estávamos um pouco afastadas do resto.

— Ele deve ter infernizado a vida de alguém — falei ao esquecer com quem estava conversado. Ela sorriu sem graça.

— Nicolas é um bom rapaz, mas é meio atentado de vez em quando, tenho que admitir.

— Não falei por mal, desculpa.

— Eu não me importo — sorriu.

 Conversamos mais um pouco e depois subi para o quarto, precisava arrumar as minhas malas, queria aproveitar o restante de tempo que tenho antes de voltar ao Brasil.

Eu e os meus pais fomos uma última vez no Museu do Louvre e na Torre Eiffel. Aproveitamos aquela tarde da melhor forma que pudemos.

A noite, subi para o meu quarto para pegar as minhas malas, ao sair de lá olhei de relance para a porta do quarto dele. Não que eu esperasse que fossemos nos esbarrar, ou algo do tipo. É até bom não ter que vê-lo antes de ir embora, só assim para não termos que conversar. Desci para a recepção e fiz o check out. Chamei um táxi e fui direto para o aeroporto. Logo estarei no Brasil, e longe de todas as loucuras que fiz em Paris.

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora