Me odeie, mas me ame.

Capítulo Sete. - Ponte dos cadeados.

Eloise Menezes.

Só a minha irmã pra me fazer acordar antes do nascer do sol. Ela e Ítalo marcaram uma sessão de fotos na ponte dos cadeados. Algo extremamente romântico por sinal. Mas o que não seria romântico em Paris, não é mesmo?

Agradeci aos céus quando o senhor e a senhora Machado anunciaram que não iriam acordar cedo para uma sessão de fotos besta, palavras deles.

Evelyn optou em usar um vestido branco tubinho, enquanto Ítalo escolheu usar uma camisa social preta e uma calça jeans da mesma cor.

Os padrinhos também apareceriam nas fotos, para "abençoar" o casal. Não entendi esse conceito.

Não me arrumei demais, afinal, quem consegue estar impecável uma hora dessas?

— Vocês dois, fiquem do lado dos noivos! — O fotógrafo fez um gesto com a mão, para que nos aproximássemos.

Nicolas foi para o lado do irmão, e eu fui para o lado da minha.

Ítalo e Evelyn seguravam um cadeado com os seus nomes escritos nele, enquanto Nicolas e eu fazíamos pose.

— Tive uma ideia melhor, os padrinhos ficam abraçados de lado, olhando orgulhosamente para os noivos colocando o cadeado na ponte. O que acham?

— Horrível — indaguei.

— Ah, eu gostei. Achei super fofo.

É claro que Evelyn acharia.

— Não acho uma boa ideia. — Nicolas fez careta. Pela primeira vez na vida, concordávamos em algo.

— Meus queridos, estamos em Paris, o clima exige romance! — O fotógrafo disse já sem paciência.

— Acho que vocês não vão morrer se se abraçarem, não é?

— Escutem o noivo.

Olhei para meu inimigo, que me olhava de volta.

— Tá, foda-se. Que seja feita a vontade de vocês! — Me dei por vencida.

Todos tomaram os seus postos, enquanto eu me aproximava de Nicolas, colocando uma mão em suas costas, e ele fez o mesmo nas minhas. É estranha a sensação de estar encostando nele.

O fotógrafo nos olhou com cara de deboche. Se não fosse contra os direitos humanos, eu poderia arremessar esse homem da ponte.

— Vocês estão muito tensos, e isso é tudo menos um abraço!

O homem veio até nós. Ele fez com que o meu corpo e o de Nicolas se encostassem, e mudou as nossas mãos de lugares, aprofundando aquele abraço.

Foi inevitável não lembrar da última vez em que as suas mãos estiveram na minha cintura, e de como os seus toques fizeram o meu corpo se arrepiar. De como os seus lábios tocaram os meus. Aquela tinha sido a única vez em que tivemos algum contato físico.

Foi desconcertante quando ele olhou no fundo dos meus olhos.

— Não se olhem, olhem para o casal!

Fizemos o que ele pediu no mesmo instante.

Quando a sessão de fotos terminou, voltamos para o hotel e tomamos o café da manhã. Depois disso subi para o quarto e troquei de roupa. Evelyn e eu iríamos passar o dia juntas, turistando. Finalmente tiramos um  tempo pra fazer isso.

Começamos pelo Museu do Louvre, e minha nossa, ele não podia ser mais perfeito! Sempre vi fotos na internet, mas não imaginei que ele fosse ainda mais bonito pessoalmente.

Claro que eu não poderia deixar de tirar uma foto com o quadro da Monalisa.

Quando saímos do museu, compramos sorvete e caminhamos pelas ruas parisienses, admirando as paisagens e as fotografando.

— Sabe, eu estava pensando... geralmente em um casamento se tem mais do que dois padrinhos.

— Eu sei, por isso nós temos quatro.

— Quatro?!

Ela afirmou.

— Quem são os outros dois?

— São os maiores sócios dos Machados.

— É sério que você concordou com isso?!

— O que mais poderia fazer? — Suspirou. — Ítalo vai assumir a empresa daqui à alguns anos.

— E onde estão esses sócios?

— Vão chegar junto com os outros convidados. Eles não vão participar de nada, vão apenas ter o título.

— Que situação.

— Nem me fale.

— E como vai o seu emprego na Frederic's?

Ela não me respondeu, apenas me puxou pelo braço até entrarmos em uma padaria.

— Dizem que os macarons daqui são incríveis, temos que provar!

E o cheiro estava realmente bom. Ela tinha razão, temos que experimentar essa maravilha.

Tenho certeza que vou voltar para o Brasil com alguns quilinhos a mais. Vou ter que entrar em uma dieta e pegar pesado na academia.