Vinte e cinco de novembro, o dia em que nasci. O dia que tornava-me mais velha a cada ano. Nunca soube distinguir ao certo se os aniversários eram bons ou ruins. Haviam seus pontos negativos e positivos. Pontos positivos: você viveu por mais um ano e pode comemorar isso rodeado por pessoas que você ama. Pontos negativos: Mais um ano de vida se passou, e com o avançar da idade os seus problemas só aumentam. As responsabilidades aumentam, e a saudade da infância, época em que tudo era mais fácil, te pega de jeito. Para algumas pessoas, a vida adulta é melhor do que a vida de criança. Eu nunca soube a minha verdadeira opinião sobre isso; sempre gostei da maturidade e da agitação da vida adulta, mas, às vezes, tudo o que desejo é voltar a ser criança e dormir na cama dos meus pais sempre que algo me atormenta.
Sentei na cama, espreguiçando-me. Uma das desvantagens de ser uma adulta e morar sozinha é não ter ninguém para te acordar no dia do seu aniversário. Ninguém estaria em cima da sua cama, segurando uma linda bandeja de café da manhã, quando você abrisse os olhos. A verdade era que os aniversários perdiam a graça com o passar dos anos. Seu aniversário se tornava um dia normal com as mesmas responsabilidades de sempre. Nada de novo, apenas a mesmice cotidiana.
Peguei meu celular para olhar as horas. Bocejei, ainda com sono. Coloquei o aparelho no criado mudo e parti para o banheiro, para começar as minhas higienes matinais.
Após uma boa ducha, fui procurar uma roupa ideal para aquele dia um tanto especial. Abri o guarda-roupa, olhando as peças penduradas nos cabides. Meus olhos pararam em um vestido tubinho branco de gola alta. Faziam séculos que eu não o usava. Desde que descobri a minha gravidez, passei a usar roupas mais largas na tentativa de manter aquela gestação em segredo. Mas, agora que todos sabiam, ainda haviam razões para fugir das peças mais justas?
Uma vontade súbita de usar aquele vestido me atingiu. Não haveria problema algum se a minha barriga ficasse mais evidente, haveria? Eu poderia tentar ignorar os olhares indesejados.
Puxei o cabide que pendurava o vestido, determinada a usar àquela peça.
Olhei-me no espelho, completamente vestida. Meu reflexo estava agradável aos olhos. Apesar de ter engordado um pouco desde a última vez em que usara algo do tipo, aquele vestido me caiu muito bem, ressaltando todas as minhas curvas.
Levei minhas mãos até os meus seios cobertos pelo tecido branco; Nicolas tinha razão, eles realmente estavam maiores. Um dos benefícios da gravidez, imaginei.
O celular vibrou em cima do móvel; corri para ver quem seria o remetente. O desânimo me corroeu quando descobri que não era Nicolas. Fazia quase uma semana desde a nossa última ligação. Ele não havia respondido a mensagem que deixei em sua caixa postal. Acho que nem mesmo deve ter escutado. Machado tinha me esquecido, era fato.
Antes que eu pudesse me afundar ainda mais naquela maré de negatividade, o som da campainha ecoou por todo o apartamento.
Minha cabeça estava tão perturbada com a ausência de Machado que nem cheguei a raciocinar enquanto caminhava até a porta. Nem sequer cheguei a me perguntar quem estaria tocando a campainha.
Olhei pelo olho mágico e avistei um homem grisalho do outro lado da porta. Ele segurava algo nas mãos; um presente, imaginei, já que o papel celofane chegava até a altura de seus cabelos.
Abri uma pequena fresta da porta, um pouco assustada por não reconhecer o senhor parado na frente do meu apartamento, segurando o que descobri ser uma enorme cesta.
— Eloise Menezes? — Perguntou ele.
— Sim, sou eu mesma.
— Me mandaram aqui para entregar isso para a senhora. — Afastou a cesta de seu corpo, insinuando que estava na hora de eu retirá-la de suas mãos.
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Me odeie, mas me ame.
RomanceEloise descobriu que algumas taças de vinho podem alterar o curso de uma vida. E, bem... foi exatamente isso que aconteceu. Tudo começou a dar errado no momento em que ela e seu pior inimigo foram escolhidos como padrinhos do casamento de sua irmã. ...