Capítulo cinquenta e sete - Problemas

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Nicolas Machado

 Passei pelo portão da Machado's depois de muito tempo sem pisar naquele lugar. Tobias só havia me liberado para as comemorações do Natal; depois, eu trabalharia até o último dia do ano. Nem no meu aniversário eu teria paz.

 Depois do desentendimento que tive com Eloise, prometi a mim mesmo que não aceitaria aos caprichos de Tobias e Antônia com tanta facilidade. Se eles já me achavam um rebelde, começariam a achar ainda mais. A sensação de quase perdê-la acabou comigo; acho que nunca fiquei tão assustado em toda a minha vida. O que seria de mim se ela me deixasse? Não consigo imaginar um Nicolas sem a sua Eloise. Não consigo mais me ver sem ela. Fui um tolo por demorar tanto tempo para perceber que ela é o complemento da minha alma. Hoje, tenho certeza de que fomos feitos um para o outro.

Ri feito bobo com esse último pensamento; meus funcionários me encararam intrigados. Parei de sorrir.

Foi estranho entrar na minha sala; aquele lugar parecia ser de outra pessoa, não o meu. Tirei o porta-retrato da sacola, colocando-o em cima da mesa. Encarei o rosto iluminado de Menezes na foto. Minha face era de um bobo apaixonado na fotografia, mas é realmente isso o que sou.

Sentei-me, lingando o computador, começando a trabalhar. Eu adorava fazer isso antigamente, mas minha vida tem ganhado novas prioridades, novos interesses. Preferiria passar o meu tempo com ela.

Algumas horas depois, quando estava analisando um contrato super importante, escutei batidas desesperadas na porta; perguntei quem era, e voz chorosa de minha irmã se identificou. Liberei sua entrada no mesmo instante. Cátia não era de chorar em lugares públicos, aquilo me preocupou demais.

— O que aconteceu? — disse ao levantar-me, indo ao seu encontro, completamente intrigado. Como ela não parava de chorar, a envolvi em um abraço apertado.

— Os nossos pais — balbuciou aos prantos.

— O que eles fizeram?

— Ah, Nick, você nem imagina!

— Então conte-me!

Ela terminou o abraço, afastando-se, limpando as lágrimas já cessadas com a manga da blusa.

— Você e Ítalo conseguiram fugir do casamento por contrato, mas... — seus olhos encheram-se de lágrimas outra vez. — Mas eu não.

— Como assim?

— Acabei de descobrir que estou noiva do filho de um empresário importante. Ele se interessou por mim e foi propor casamento aos nossos pais, que aceitaram com prontidão. Eles nem sequer me consultaram, Nicolas. — Fungou o nariz.

— Em que século eles acham que estão? — esbravejei. — Esses cretinos não podem fazer isso com você! Se oponha, Cátia!

— Como?

— Faça qualquer coisa; largue tudo e fuja!

— Não, fugir não.

— Então os enfrente, diga que não se casará por nada nesse mundo.

— Como se eles ligassem para as minhas vontades...

— Precisamos fazer alguma coisa, Cátia; isso não pode ficar assim!

— Então me diga que rumo devo seguir, poque estou completamente perdida, irmão.

— Espere aqui, vou falar com Tobias.

— O quê? Mas ele está trabalhando.

— Isso não pode ficar assim, Cátia, não pode!

Não deixei que ela falasse, apenas saí desenfreado. A ira dominava meu corpo; como dois pais não conseguiam considerar a felicidade de seus filhos? 

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora