Capítulo Trinta. - Humilhante.

854 99 0
                                    

O cheiro de café invadiu as minhas narinas, fazendo com que meu corpo quisesse se acordar para ingerir aquele líquido. Por um segundo esqueci que Nicolas havia dormido aqui, por isso acabei me assustando quando os meus sentidos foram se acordando, afinal, quem estaria na cozinha se não fosse eu? Nunca pensei que teria uma pessoa a mais no meu apartamento, ainda por cima cozinhando.

Me levantei, indo em direção ao banheiro. Escovei os dentes enquanto encarava o meu reflexo acabado no espelho. Minhas olheiras andam extremamente profundas, não sei se a culpa é da gravidez ou do meu trabalho. Ando bem estressada ultimamente.

Resolvi ir para sala ainda de pijama. Nicolas já tinha me visto daquele jeito, então não faria diferença.

— Bom dia, flor do dia! — Ele disse animado.

— Pra que tanta animação, já viu que horas são?

— Já vi que alguém acordou irritada.

— E eu não estou entendendo essa sua animação, sinceramente.

— Só estou feliz em não ter que me casar com a minha ex. — Colocou os ovos fritos sobre a pequena mesa.

— Espero que o seu plano não acabe me prejudicando.

— Vou fazer o possível para que isso não aconteça. — Levou o restante do café da manhã para a mesa, deixando tudo perfeitamente organizado.

— Não sabia que você cozinhava.

— Aprendi quando fui morar sozinho, era estranho ter vários funcionários ao meu redor, eu não tinha privacidade.

— Por que não contratou apenas um?

— E existe um que faça tudo? Achei que cada um só exerce uma função; é assim na casa dos seus pais.

— Vocês contratam uma pessoa para cada atividade doméstica? — falei incrédula.

— Não entendi o espanto.

— Bom, ao menos geram muitos empregos.

Peguei a jarra do café, enchendo a minha xícara até o topo. Nicolas me olhava abismado, como se eu estivesse cometendo o maior crime do mundo.

— O que foi? — Perguntei já sem paciência.

— Você sabe que não pode exagerar no café, não é?

— Não vai fazer mal, essa xícara é pequena.

— Não, ela não é.

Bufei irritada, derramando metade do líquido dentro da jarra. É irritante o fato de só a mulher ter restrições alimentares durante a gravidez, o homem também deveria ter.

— Está feliz agora? — Falei com ironia.

— O que vai fazer no restante do dia?

— Por que quer saber?

— Vamos lá, Eloise, não seja chata.

— Vou tentar trabalhar na minha nova coleção.

— Tentar?

— Ando sem inspiração.

— Posso te inspirar, se quiser. — Disse em um tom provocativo, o mostrei meu dedo do meio e ele caiu na gargalhada.

— Não tem graça, Nicolas! — Fingi irritação, porque era estranho o riso dele ser tão bom de se ouvir...

— Desculpa, é que eu não esperava que você fosse fazer algo do tipo.

— Você é tão infantil!

— Larga de ser chata, Eloise!

— Eu não sou chata!

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora