Capítulo Quarenta e oito - Decida

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— Obrigada mais uma vez por ter tirado o seu sábado para vir trabalhar comigo. — Entreguei um copo de suco de laranja a Letícia. Estávamos tão animadas com o desfile que resolvemos trabalhar na minha casa no sábado, no caso, hoje.

As coisas estavam uma loucura na empresa. Se nos dedicássemos ao desfile apenas naquele lugar, o resultado não seria lá essas coisas. Não era fácil fazer com que as coisas dessem certo quando algumas pessoas desejavam, com todas as suas forças, que tudo desse errado. Descobri que trabalhar em um hospício não era tão fácil como parecia ser há meses atrás. Talvez fosse a minha mente se idolatrando por construir seu próprio negócio em breve, ou apenas estivesse acordando para a realidade. Eu já tinha começado a me acostumar com a ideia de ter a minha própria empresa. A sensação era incrível. Era libertadora.

— Não precisa me agradecer! — Sorriu. — Quer dizer... se realmente estiver grata, pode me levar para a sua empresa — brincou, mas percebi o tom de verdade por trás daquela frase. Ri de seu pedido; era óbvio que a sua vaga já estava garantida antes mesmo dessa suposta empresa surgir.

— E você chegou a pensar que eu não te levaria? Se depender de mim, e depende — brinquei —, você já está lá!

— Ai, que emoção! — Se abanou com as mãos, fingindo que ia chorar. Não contive uma risada.

— Tudo bem, chega de papinho! Precisamos resolver os tecidos.

Caminhei até a sala, observando os tecidos que estavam ao lado dos croquis sobre a mesinha de centro. Sentei-me no chão com cuidado. Peguei a malha vermelha, colocando ao lado do desenho do vestido. Letícia se juntou a mim em questão de minutos.

— Acha que essa malha encaixa com a proposta do vestido? — Levantei o tecido, esticando-o em frente ao meu rosto para mostrar a qualidade dele a Letícia.

— O que você acha?

— Acho perfeito.

— Então já tem a sua resposta!

— Estou aberta a opiniões, vamos lá, dê a sua!

Minha amiga pegou o tecido de minhas mãos, observando-o cautelosamente.

— Concordo com você, ele é perfeito para o vestido.

Sorri em resposta.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Vai em frente! — Respondi, pegando outro croqui, para achar um tecido adequado para ele.

— Já escolheu o nome da sua empresa? — Ela parecia animada.

— Pensei em colocar o meu sobrenome, mas isso é tão clichê que achei sem graça.

— Então não, você não escolheu. Sabe que esse é um dos primeiros passos, não é?

— Não escolhi nem o nome da minha filha, Letícia. Sou péssima para escolher nomes.

— Bingo! — Levantou os braços, balançando-os logo em seguida.

— O que foi? — Franzi o cenho.

— Dê o nome da sua filha à empresa. Afinal, se não fosse ela, você não teria feito essa coleção.

— Eu amei a ideia! — Sorri de orelha a orelha. — Vou falar com Nicolas, precisamos decidir o nome dela o quanto antes!

— Sempre tenho ideias brilhantes, amiga. — Usou um falso tom de gabação.

— Você tem razão. E quer saber de uma coisa? Você será a minha COO! Está ferrada, vai me ajudar em tudo!

A expressão dela era de puro e completo choque.

Me odeie, mas me ame.Onde histórias criam vida. Descubra agora