2 Capítulo Visitar a avó

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Lanaly tinha acabado de chegar à casa da avó, que ficou muito feliz em recebê-la. Ana foi junto com ela. Sua tia não queria deixá-la ir, mas, dessa vez, ela não teve escolha; Lanaly foi mesmo assim, sem a tia deixar.

- Querida, você não sabe como estou feliz em recebê-la em minha casa. Quando eu vim morar aqui em Gramado, você tinha 8 anos.

- Vó, eu vim aqui com um propósito e peço que a senhora me ajude. A tia Lúcia não me deixou vir, mas eu vim mesmo assim. Acho que foi a primeira vez que a desobedeci. E essa é minha amiga Ana; eu já ia até me esquecer de apresentá-la.

Elas se cumprimentaram.

- Querida, eu não consigo entender minha própria filha. Como ela foi se tornar tão amarga? E depois que me casei, ela ficou pior ainda. Mas não vou permitir que ela brigue com você.

- Vó, não tem problema. O que a tia mais precisa para a vida dela é de Deus. Mas eu oro sempre por ela e por nossa família e sei que Deus vai abençoar.

- Querida, ouvir você falar assim me enche de esperança.

- Vó, a senhora vai a alguma igreja?

- Não, querida, nunca fui a nenhuma igreja, mas sempre acreditei em Deus.

- Aqui na cidade da senhora, tem a igreja que eu frequento em Campos do Jordão. Convido a senhora para ir comigo amanhã ao culto de domingo, às 8:00 horas da manhã. Já sei até o endereço que pesquisei.

- Irei com maior prazer.

- Eu posso fazer umas perguntas para a senhora e gostaria que a senhora não contasse à tia, por favor.

- Sim, querida, pode falar.

- Lana, vou dar uma volta lá fora, vou olhar esse jardim lindo. Depois eu volto, disse Ana para deixá-la à vontade com sua avó.

- Ok, Ana, obrigada. Então, vó, quero saber do meu pai. O que a senhora sabe? Pode me contar?

- Querida, então é isso que quer saber? Sua tia não te contou nada.

- Não, vô. A única coisa que encontrei lá em casa, no quarto que era da minha mãe, foi o diário dela, que estava escondido. Tinha um fundo falso embaixo do criado-mudo; era um pequeno quadrado e, quando eu abri, achei o diário dela. Isso aconteceu quando eu tinha 14 anos e nunca contei a ninguém. A única pessoa que sabe é minha amiga Ana. Eu fiquei com medo de me tomarem.

- Querida, a única coisa que sei é que seu pai era coreano. Ele era muito bonito e sua mãe o chamava de "Oppa". Nem o nome dele eu sabia. Sua mãe o encontrava três vezes ao ano; eles ficaram assim por cinco anos seguidos, mas não tinham nada sério. Só sei que ele tinha dinheiro, pois dava presentes caros para ela. Ele sempre ia à cafeteria por causa da sua mãe, e como sua mãe, na época, estudava inglês por conta de haver muitos gringos na cidade, ela falava em inglês com ele, pois ele não entendia muito o português. Quando ela ficou grávida de você, não conseguiu avisá-lo. Eu não sei ao certo o que aconteceu, mas ele brigou com ela e, depois dessa briga, não voltou mais.

- Vó, a senhora não tem nada sobre ele, então?

- Não, querida, nada. Só isso que te contei. A pessoa mais certa que você tem que perguntar é sua tia, pois ela sabe a história toda.

- Já perguntei tantas vezes, mas ela sempre diz a mesma coisa: que não sabe de nada.

- Ela sabe, sim; só não quer te contar. Insista para ela te dizer, pois lembro muito bem que ela chegou a sair com eles juntos.

- Muito obrigada, vó! Só não conta que eu achei o diário.

- Não vou contar, mas agora vamos ao restaurante do meu marido, Charles, almoçar. Assim, você vai conhecê-lo.

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