Capítulo 01 - O Presente Inesquecível

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Meu vigésimo oitavo aniversário, um dia que deveria ser de celebração, e alegria

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Meu vigésimo oitavo aniversário, um dia que deveria ser de celebração, e alegria. Mas um sentimento obscuro, pairava no ar desde cedo. Abri os olhos me sentindo um pouco desconfortável, uma coisa dentro de mim me alertava que tinha algo errado. Decidi firmemente ignorar a sensação que pulsava em meu peito.

Ao descer as escadas para o café da manhã, sobre a mesa da cozinha à uma caixa pequena preta, com um laço vermelho em volta e ao lado um bilhete escrito em anônimo com letras impressas. Ainda incerta, o abri e tive que me segurar na cadeira à minha frente pra não cair para trás com o que estava escrito.

No papel dizia:
"Você ainda será minha,eu serei sua sombra na escuridão e vigiarei cada passo seu, esse presente é apenas o começo da sua redenção passarinho. Tenha um ótimo aniversário".

Intrigada e ao mesmo tempo receosa, hesitei por um momento antes de abrir. Ao desfazer o laço de cor carmesim, com as mãos escorregadias por conta do nervosismo, me deparo com uma visão perturbadora.

Uma rosa de Trieste branca manchada de sangue fresco. Ao lado um pequeno passarinho imóvel e sem vida, com as asas ainda desarrumadas como se tivesse lutado em vão por seu último suspiro.

Um arrepio percorre minha espinha e logo um gosto amargo sobe pela minha garganta, ondas de náuseas invadem meu estômago me fazendo contorcer em pavor. Em estado de choque tento compreender o significado de tudo aquilo.

"Quem poderia ter enviado algo tão horrendo, E por quê? Isso não era do feitio dos meus amigos muito menos dos meus familiares". As perguntas ecoavam em minha mente, todas elas ainda sem respostas.

O silêncio na casa era ensurdecedor.
Quando me dou conta de que estava sozinha, no mesmo momento sinto um calafrio por todo meu couro cabeludo ao notar que a atmosfera ao redor parecia ter se transformado, como se o mundo estivesse totalmente congelado e só conseguisse ouvir as batidas do meu próprio coração.

Com cuidado e com as mãos trêmulas coloco a tampa de volta em seu lugar, tentando esconder o horror que sentia. No fundo eu sabia que aquele "presente" não era apenas uma brincadeira de mau gosto, mas sim um aviso tenebroso de algo que não compreendia completamente naquele momento.

Com dificuldade, e ainda com a respiração descompassada, pego minha bolsa e as chaves do carro que estavam em cima da mesa e saio para o meu primeiro dia de trabalho. O que era para ser minutos pareceram horas até chegar ao destino. Parada no sinal vermelho tudo repassava como um filme de terror na minha cabeça, de quem poderia ter mandado o presente.

Abro a bolsa e apanho de dentro meu celular, ainda com aquela sensação de repulsa tento digitar o número da minha amiga Ângela.

Depois de algumas tentativas frustradas, penso melhor e resolvo não envolver mais ninguém nisso tudo, talvez fosse apenas um engano ou até mesmo um tipo de trote ou brincadeira. Isso era o que eu estava me agarrando fortemente a acreditar.


***

Chegando na entrada da empresa puxo a maçaneta da grande porta de vidro e logo sou atingida por um calor reconfortante do ar condicionado. Com a visão que tenho aquele sentimento ruim até se dissipa por um momento. As paredes são todas de mármore branco, com quadros enormes por todos os lados. A recepção extremamente chique e um perfume doce, com cheiro de lavanda me invade.

Ao perceber uma figura alta de costas, sinto uma sensação nostálgica. Com alguns papéis na mão conversando com uma mulher de cabelos presos em um coque bagunçado, ele não parece notar minha presença até então.

- Com licença, Bom Dia - falo, tirando sua atenção da mulher.

Agora olhando fixamente para mim o homem tinha um semblante risonho ao me ver.

- Aurora? - me abraçando ele dizia: - Meu Deus quantos anos se passaram desde a última vez que te vi? Está uma bela mulher.

Dante Giuseppe Caccini, estava terrivelmente mais lindo desde quando eu o vi pela última vez a alguns anos atrás, de cabelo preto agora aparado, barba por fazer, vestido em um terno azul escuro com a gravata preta amarrada de um jeito um pouco bagunçado, camisa branca social por baixo e a calça social do mesmo tom de azul da parte de cima. Me olhava com os olhos penetrantes que eu nunca poderia ter esquecido.

- É bom ver você também Dante - falo com um sorriso amigável no rosto. Faz muitos anos desde a última vez, mamãe sente sua falta e sempre que pode conta as histórias sobre você e seu irmão, ela sente saudades e nós também sentimos.

- Sou muito ocupado com a empresa e toda essa papelada - diz mostrando as mãos cheias de vários papéis que pareciam ser documentos. - Assim que eu tiver um tempo livre irei visitá-los. - ele da uma fraca risadinha de canto que faz eu sentir uma estranha sensação de inquietação dentro de mim.

Com o rosto um pouco ruborizado, ignoro o sentimento e sorrio para ele.

- Claro eu imagino que deva ser ocupado, você... Quero dizer o senhor é o dono da empresa Giuseppe's Caccini, a maior empresa de arquitetura de todo país.

O mesmo sai andando em minha frente dando uma gargalhada descontraída, o seguindo continuo.
- Mas sem querer tomar muito seu tempo, esse é o meu primeiro dia e estou um pouco nervosa pra ser sincera - Desde que morei por um ano na Espanha e voltei me sinto um pouco deslocada, é até meio engraçado dizer isso em voz alta, sempre amei Verona e tudo o que essa cidade tem a oferecer, sou muito grata ao senhor por me dar a chance de mostrar o meu trabalho e... - falo tudo de um jeito atrapalhado e rápido demais.

- Aurora, fique calma. - ele diz me impedindo de continuar, arrumando os mesmos papéis que antes ficavam em sua mão, agora estavam em um balcão de cor areia,sendo empilhados.

- Está tudo bem, sou seu chefe e manterei as coisas profissionais, mas tenha em mente que jamais me esquecerei do que sua família fez por mim quando precisei. Apenas respire fundo, tenho certeza que você é uma ótima profissional e vai se sair bem, se não, não teria lhe concedido esse cargo.

Apenas dou um sorriso envergonhado pra ele e assim seguimos rumo onde seria minha sala de trabalho.

Ao chegar no escritório, Dante entra primeiro acendendo as luzes me mostrando como tudo ali funcionava, falando os horários de entrada e saída e coisas das quais precisava prestar atenção.

Logo ele sai me deixando sozinha para me organizar. Agora sentada na cadeira de couro preta, pude respirar fundo e absorver todo o caos que tinha acontecido mais cedo, o bilhete, aquela caixa... Tento não pensar sobre isso no momento,só iria me tirar o foco.

Levantando vou direto a cafeteira ao lado de uma mesinha na sala e sirvo um café sem açúcar. O amargor desce pela minha garganta me fazendo relaxar no mesmo minuto.

Um pouco mais calma consigo reparar como era espaçoso e tudo milimetricamente arrumado, as paredes de um tom de Pérola, a estante com livros sem nenhum pó sequer, o piso que brilhava sobre meus pés, tudo ali dentro cheirava a limpeza.

Me permito relaxar um pouco com uma xícara preta nas mãos, mas a minha mente insistia em reviver o terrível momento mais cedo e o que era pra ser um dia de alegria e festa, se transformou em um enigma sinistro. Ali percebi que precisava desvendar o mistério do maldito presente antes que fosse tarde demais.

*

Esse foi o primeiro capítulo,comentem o que vocês acharam pra ajudar no engajamento e também pra eu saber se vocês gostaram ❤️

Curiosidades: Rosa Trieste branca é a rosa mais rara do mundo e se encontra na Itália

Perseguição SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora