O dia no escritório está uma loucura. Pilhas de papeladas parecem querer me soterrar, e eu estou afundada nelas até o pescoço. Estou tentando manter o foco quando ouço a porta abrir e reconheço a voz de Dante.— Bom dia. Posso entrar?
— Claro — respondo, tentando disfarçar o cansaço. — Fica à vontade. Como você pode ver, isso aqui não vai terminar tão cedo. — Forço um sorriso enquanto ele se acomoda na cadeira à minha frente, correspondendo com um meio sorriso.
De repente, o rosto dele muda. Fica sério, e meu coração começa a bater mais rápido. Um sinal de alerta dispara na minha mente. — Aconteceu alguma coisa, Dante? — Minha voz sai mais tensa do que eu pretendia.
— Não, relaxa. Não é nada do que você está pensando, pelo menos. — Ele faz uma pausa que só aumenta minha ansiedade. — Pietro veio aqui mais cedo. Estava bêbado. Queria ver você.
Sinto um nó na garganta. Já sei para onde vai o rumo da conversa. — Dante, eu ia te contar, mas... não tive coragem. Eu e o Pietro, nós... — Minhas palavras se arrastam, e eu respiro fundo antes de continuar. — Tínhamos uma química. Quando ele voltou, não foi da maneira mais convencional. Ele se tornou obcecado por mim. Mas não se preocupe, isso não vai se repetir. Não quero ele perto novamente.
Dante ri, um som nasal, e coça a barba antes de falar. — Aurora, você tem vinte e oito anos. Pode fazer o que quiser, não vou te julgar. Nem se for ficar com o meu irmão. — Ele faz uma pausa, os olhos cravados em mim. — Mas... você sabe que ele me contou sobre o que faz da vida, certo? E que você não aceitou. Eu entendo. Nem eu gosto do que ele faz. Mas é a escolha dele, e ou a gente aceita ou vamos embora.
As palavras dele parecem facas perfurando minha mente. — Eu sei disso. Quando o mandei embora, foi por impulso. Mas... eu não sei se consigo lidar com o fato de que ele é... um assassino.
Dante me encara, sério. — Ele ama você, Aurora.
As palavras me atingem como um soco. É como se todo o ar saísse do meu corpo de uma só vez. Levanto, tentando puxar o ar, mas está difícil. — Não é tão simples, Dante. Talvez ele me ame, mas isso não muda o fato de que ele mata pessoas. — Minha voz sai trêmula enquanto mantenho as costas viradas para ele. Não consigo o encarar.
— Você não entende porque é boa demais pra isso. — Ele suspira. — Mas o Pietro não é só um assassino. Ele faz isso... limpando o mundo da sujeira que a polícia não alcança ou às vezes nem se esforça para tal. Não tô dizendo isso só porque ele é meu irmão, mas porque eu nunca o vi assim, vulnerável. Hoje, ele veio até aqui, bêbado, cheirando a uísque, um desastre total, por sua causa.
Respiro fundo e me viro para encará-lo. — Tá, digamos que eu aceite isso. Ele ainda é... desequilibrado. Você não sabe metade dessa história, Dante. — Sento de novo, sentindo o peso do mundo nos ombros.
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Perseguição Sombria
FanfictionNão recomendado para menores de 18 anos!! SINOPSE: Aurora Fiore Martinez retorna a Verona, sua cidade natal,vivendo agora na casa dos seus falecidos avós,ela sente que fez a escolha certa. Itália sempre foi seu lar. No entanto, ao enfrentar os desaf...