Não recomendado para menores de 18 anos!!
SINOPSE:
Aurora Fiore Martinez retorna a Verona, sua cidade natal,vivendo agora na casa dos seus falecidos avós,ela sente que fez a escolha certa. Itália sempre foi seu lar. No entanto, ao enfrentar os desaf...
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O dia no trabalho tende a ser tranquilo, apesar das várias papeladas para preencher. Dante me transferiu para uma sala mais espaçosa, onde agora tenho até uma secretária. Ainda não me acostumei com tudo isso. Não gosto de dar trabalho para a mulher, que insiste em me servir. Já estive no lugar dela e sei como é trabalhar em uma empresa grande.
— Com licença, senhora Martinez, trouxe seu café sem açúcar.
— Obrigada, Dandara, eu mesma iria pegar. E pode me chamar de Aurora, sem formalidades, por favor. — Levanto para pegar a bebida.
— Claro, me desculpe. Precisa de mais alguma coisa? Talvez uns bolinhos de baunilha?
— Não se preocupe, pego se sentir fome. — Respondo com um sorriso, a acompanhando até a porta.
Dandara é linda, de origem africana, com 43 anos, mas o trabalho a faz parecer mais velha. Suas madeixas cacheadas e a pele marrom cacau brilham na luz suave do escritório. As vezes percebo sua postura retraída, talvez por medo, provavelmente resultado de uma vida marcada pelo racismo e descriminação. Mesmo assim, mantém um sorriso encantador no rosto e a admiro por isso.
As horas passam rápido. Deixo alguns documentos para amanhã, dou tchau para ela e procuro Dante para me despedir, mas não o encontro. Raramente o via pelos corredores.
Entro no carro, ligo o ar e o rádio. Anunciam -1 grau. Meus dedos estão congelando envolta do volante.
Já em casa, acendo a lareira e ligo a TV. Faço um chocolate quente, puxo a coberta e me aconchego no sofá. Acordo sobressaltada com o celular vibrando. O fogo apagou, e o gelo se instalou em meu estômago ao ler a mensagem: "Alguém estava com insônia ontem? Ou fiz mais barulho do que devia?"
"Qual é a sua, de parecer um psicopata em frente à casa das pessoas? E como conseguiu meu número novo?"
O respondo sentindo meu peito arder em raiva.
"Eu sou um hacker, querida. Conseguir um número é tão fácil como tirar doce da boca de criança”.
"Isso é doentio, sabe disso né?”
"E você gosta, não é?"
Fico paralisada com o celular nas mãos, o ciclo é interminável e saber que talvez ele tenha razão me dá calafrios. Largo o aparelho e puxo a coberta até o pescoço. O telefone vibra novamente.
"Consigo ver seu rosto assustado daqui passarinho. Tem medo que eu esteja certo? Que talvez você goste desse nosso jogo?"
Corro para a janela, mas não há ninguém lá fora. Vou à cozinha, forço a porta dos fundos, mas está trancada. Ele está brincando comigo.
"Você só quer me assustar".
Olho ao redor. A tela do celular se acende, iluminando meu rosto: "Como tem tanta certeza? Talvez eu esteja tão perto que posso sentir o seu cheiro. Ou talvez esteja embaixo da sua cama te esperando".