Francesca: "Meninos, ainda bem que vocês chegaram. A menina Ayla não quer se alimentar de jeito nenhum e disse que precisava falar com você, Darion, a sós."
Darion: "Está bem, Fran, muito obrigada. Vou falar com ela." (Digo enquanto respiro fundo antes de entrar no quarto.)
Entro e vejo minha irmã sentada na cama, com os olhos fixos no chão. Ela levanta o olhar quando escuta minha voz, e o que vejo é um misto de mágoa e indignação.
Darion: "Minha irmã, que bom que você está bem... você não imagina o susto que me deu."
Ayla: "Susto que EU te dei? Darion, onde é que você estava enquanto eu ligava pra você, desesperada, no meio da madrugada? Que assunto é esse que faz você esquecer a sua própria irmã? Você tem noção do que poderia ter acontecido comigo se o Wade não tivesse atendido? Pra suas coisas você sempre tem tempo, mas pra sua irmã, não. Seria melhor se eu tivesse morrido naquele acidente em que a mamãe morreu."
A fala dela me atinge como uma faca no peito. Sinto a culpa crescer, mas ao mesmo tempo a raiva de ouvir aquelas palavras. Tento controlar minha frustração enquanto falo.
Darion: "Mas que merda é essa que você tá falando, Ayla? Como assim ‘morrer com a mamãe’? Você não se lembra de nada disso! Você... você perdeu a memória naquele acidente. E não pense que eu não queria atender suas ligações. Eu estava trabalhando, droga! Eu bem que te avisei pra não ir naquela maldita festa. Você não tá acostumada com esse tipo de ambiente, Ayla!"
Ayla: (Ela me olha com frieza, respirando fundo antes de soltar as próximas palavras) "Pois eu lembrei, Darion. Lembrei de tudo... e de tantas outras coisas. Se você fosse um bom irmão nas últimas semanas, saberia disso. Achei que entre nós não existissem segredos, mas acho que me enganei feio. Agora, além de eu me sentir culpada por tudo o que aconteceu, você ainda tem a coragem de me fazer sentir como se fosse minha a culpa? Cadê o irmão que dizia que nada abalaria a nossa relação?" (As lágrimas deslizam pelo rosto dela enquanto eu ouço cada palavra em silêncio. Ela respira fundo, limpa o rosto e continua) "Sabe de uma coisa? Eu vou superar isso sozinha, Darion. Eu não preciso de você. Não mais. Eu não sei quem você é, mas meu irmão... ele desapareceu faz tempo."
Ela se vira de costas, mas continua falando com a voz trêmula.
Ayla: "Eu vou ficar aqui por alguns dias. Volte pra sua casa. Talvez eu procure um lugar pra morar sozinha, porque... viver ao seu lado tem sido difícil."
Percebo a gravidade do que ela disse, e sinto uma dor quase física. Tento me controlar, mas sei que preciso responder antes de sair.
Darion: "Eu... eu não quis dizer aquilo. Saiu no calor da raiva, Ayla. Eu queria te contar tudo antes, mas você tem razão. Eu não deveria ter mentido. Você é o meu bem mais precioso nesse mundo cheio de escuridão... Vou te contar agora." (Vejo ela se sentando devagar, enxugando as lágrimas, enquanto continuo.)
Respiro fundo e começo a revelar aquilo que escondi dela por tantos anos.
Darion: "Tudo começou quando você tinha seis anos, Ayla. Nosso pai tinha perdido o emprego e, a partir daí, começou a beber. E, bem... ele começou a bater na mamãe e depois em mim. Você sempre se escondia porque ficava com medo dele, até que um dia ele chegou bêbado e te procurou. A mamãe tentou te esconder, mas não conseguiu, e ele começou a bater em você. Eu tentava te proteger, mas quanto mais tentava, mais ele nos batia."
Ayla me escuta em silêncio, o olhar fixo em mim enquanto continuo.
Darion: "Um dia, tentei te proteger mais uma vez, mas ele me deu um soco tão forte que apaguei. Quando acordei, estava no hospital. Você estava em estado grave, Ayla, e nossa mãe não teve coragem de fazer nada. Voltamos pra casa, e tudo recomeçou."
Ela começa a olhar fixamente para o chão, absorvendo tudo o que estou dizendo.
Darion: "Eu comecei a treinar pra conseguir te proteger. Certo dia, quando eu estava fora, nosso pai voltou bêbado. Ele entrou no seu quarto e começou a... a..." (Engulo seco, tentando continuar.) "Eu consegui chegar a tempo e o tirei de cima de você. Consegui acordar a nossa mãe e avisei que vocês precisavam fugir. Foi nessa época que conheci o Wade e o Cirdan. Eles se tornaram minha família enquanto eu me preparava pra te defender."
Ela me olha, incrédula.
Ayla: "Isso realmente aconteceu, Darion? Eu sempre pensei que nossa mãe tivesse morrido no parto e que nosso pai nunca quis saber de nós. E que tipo de ‘trabalho’ você faz que tem tanto dinheiro assim? Vocês estão... traficando drogas?"
Engulo seco, mais uma vez. Tento manter a calma, mas sei que essa parte é difícil de explicar.
Darion: "Não, Ayla, nós não traficamos drogas. Eu... eu só não posso te contar tudo agora. Só peço que confie em mim, por favor."
Ayla: "Confiar? E como é que você espera que eu confie em você agora, depois de tudo? Sabe de uma coisa? Esquece. Não quero saber de mais nada. Dá licença, Darion, porque essa conversa me deixou com uma dor de cabeça terrível e... eu preciso descansar."
Sem mais o que dizer, saio do quarto em silêncio, deixando-a ali com seus pensamentos e com a mágoa que sei que causei.
Minutos depois, Cirdan se aproxima e coloca a mão no meu ombro.
Cirdan: "Então, como foi a conversa com ela?"
Darion: "Contei quase tudo, menos o fato de que trabalhamos na máfia. Ela pediu um tempo... e nunca vi a Ayla pedir pra eu me afastar."
Cirdan: "Ela vai te perdoar, Darion. Dá tempo ao tempo. Vocês vão voltar a ficar bem, cara. Vocês se amam."
Dou um suspiro, agradecendo pelo apoio do meu amigo.
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Wade Corleone:
Saio do escritório do meu pai e vou pro meu quarto, onde quero tirar essa roupa suja de sangue e descansar. Antes disso, porém, preciso ver a Ayla. Preciso olhar pra ela, sentir o perfume que me deixa fora de mim. Nunca imaginei que ficaria assim, tão envolvido por essa garota. Entro no quarto e a vejo sentada no chão, com os olhos marejados. Ela me olha, surpresa e assustada.
Me aproximo dela devagar, me sentando ao seu lado, tentando confortá-la.
Wade: "Ninguém nunca mais vai machucar você, entendeu? Eu juro, Ayla... se alguém sequer tocar em um fio do seu cabelo, mando essa pessoa direto pro inferno. Você é minha, e só eu posso te proteger."
Olho para ela, e nossos olhares se encontram. Sinto a vontade avassaladora de beijá-la. Aproximo-me cada vez mais, sentindo a respiração dela entrecortada. Quando estamos a milímetros de distância, a porta se abre bruscamente.
Nádia entra no quarto sem aviso, e solto um palavrão antes de me levantar com um sorriso cínico.
Wade: "Eu juro, Ayla... da próxima vez que essa sua amiga interromper quando eu for te beijar, mando ela pro inferno."
Saio do quarto, ainda sentindo a frustração me dominar, enquanto sigo para o banheiro no quarto de hóspedes para um banho gelado.
Oii, o que acharam do capítulo de hoje? Irmandade quebrada, descobertas/memórias que nem eu mesma gostaria de relembrar. Beijos interrompidos kkkkk. Comentem o que acharam, não esqueçam de votar povo de Deus isso é importanteeeee e partilhem com todo mundo.
Beijos gurias e nos vemos por aí...🙃🔥❤️
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SWEET BITTER.(+18)
FanfictionAyla e Wade representam dois mundos opostos que, ao se cruzarem, criam uma dinâmica intensa e cheia de conflitos. Ayla, com sua força e determinação, é impulsionada por um ideal de justiça e a esperança de um futuro melhor. Wade, por outro lado, car...