vem meu amor • 𝗪𝗔𝗚𝗡𝗘𝗥 𝗠𝗢𝗨𝗥𝗔

𝗩𝗜𝗡𝗧𝗘 𝗘 𝗗𝗢𝗜𝗦

WAGNER MOURA

Resolvi que iria comprar os donuts coloridos que Marjorie tanto amava enquanto aparecia de surpresa na tua casa, ela passou o dia todo quieta e isso normalmente acontecia quando ela estava de tpm, então bombas de açúcar talvez fosse tudo que ela precisasse agora.

Toquei a campainha da sua casa e ouvi um silêncio absoluto, toquei novamente e nada, nem deu tempo de eu pegar o celular para a porta do elevador se abrir e ela sair de lá, ela estava com um jaleco na mão e uma bolsa, um olhar cansado, olhei pra ela sem entender, afinal tínhamos combinado de que ela não iria mais fazer plantões longos, e iria comigo pra Recife.

– Você estava trabalhando? Eu estou igual louco te mandando mensagem.

Falo e ela me olha com o olhar cansado e olheiras nos olhos.

– Eu fiz um plantão. – Ela abre a porta do apartamento e eu entro com ela fechando a porta.

– Por que? Eu falei que você não precisava mais se matar de trabalhar assim...

– Eu precisava esfriar a mente, e trabalhando era uma ótima opção.

– Esfriar a mente? O que aconteceu? – Falo e ela desvia o olhar pra não olhar pra mim, seguro a sua mão mas mesmo assim seu olhar não encontra o meu. – O que aconteceu?

Volto a perguntar e ela respira fundo.

– Você mentiu pra mim.

– Do que você está falando?

– Você não estava almoçando com o Lázaro, estava com a Bella.

Eu respiro fundo.

– Linda... eu precisava colocar um ponto final nela, precisava colocar ela no lugar dela.

– Saindo pra almoçar sozinho com ela e mentindo pra mim?

– Não foi por pilantragem, foi só pra não te deixar com ciúmes ou insegura de algo que não existe, ela criou um sentimento por mim que eu jamais correspondi, éramos amigos, apenas isso, e eu pedi pra ela nos deixar em paz.

Falo com calma pois já tinha visto o quão nervosa ela tava.

– Se coloca no meu lugar. – Ela fala e eu respiro fundo fechando os olhos, eu estaria me sentindo péssimo no lugar dela.

– Eu confio tanto em você que não pensei que você me enganaria por menor que a mentira fosse, agora eu sei lá... – Ela passa a mão na testa nervosa e eu olho pra ela com certo desespero.

– Confiava? Amor eu errei, mas você não pode perder a confiança em mim num único erro, você sabe que eu estou fazendo de tudo desde que eu te conheci pra ser o homem que você mereça ter.

– Sim, eu sei, me desculpa por isso Wagner, mas essa sensação de ser enganada me remeteu coisas ruins do passado, eu não estou legal.

Lembrei da minha conversa com o pai dela e respirei fundo.

– Eu estou me sentindo um pouco sufocada, eu concordei ir pra Recife com você, mas, eu sempre amei a minha vida aqui, ser enfermeira e trabalhar com os meus bebezinhos é o que eu mais amo, eu sinto que estou perdendo quem eu sou, parando de viver a minha vida, pra viver a tua, isso não é justo comigo, se você acordar um dia e resolver que não me ama mais, ou ter encontros secretos de novo, eu vou ter perdido totalmente minha personalidade e quem eu sou pra viver a tua vida.

Ela fala tudo com calma e eu respiro fundo.

– Eu pensei que estava fazendo algo bom te livrando de plantões longos e cansativos.