𝗫𝗟.

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𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐀𝐑𝐌𝐒

Princípios.

Depois da minha crise de choro em cima de Shaw, eu não podia me sentir mais humilhada. Meu Deus, como eu odiava chorar na frente dos outros, ainda mais de um "desconhecido". Mas eu não consegui me controlar, foi mais forte que eu, seu abraço firme fez minhas lágrimas acharem que podiam simplesmente cair sem parar.

Eu demorei um bom tempo até conseguir me recompor e, enquanto eu não dei certeza de que estava bem de novo, ele não me largou. Durante todo o processo ficamos em silêncio. Eu não sabia no que ele estava pensando e nem queria saber. Ele devia me achar uma descontrolada, chorona e estúpida agora, e eu nem o julgaria.

Me sentia extremamente assim. Humilhada, chorona, estúpida e descontrolada.

Fazia tanto tempo que eu não chorava assim, desesperada, sem conseguir parar nem pra respirar. E também fazia tempo que eu não era consolada assim. Não era nessas condições que eu esperava que as coisas fossem acontecer.

Desde que me isolei no quarto, envergonhada, não consegui sair e encarar Shaw. Sabia que ele ainda estava no loft, conseguia ouvir ele vendo televisão, as vezes buscando alguma coisa na cozinha ou rindo baixo de alguma bobeira. Mas não conseguia reunir coragem de ir lá fora.

Eu não sabia o que eu devia dizer ou se devia só ficar em silêncio e fingir que nada aconteceu. Até agora não havia entendido o que tinha acontecido. Eu não era assim, de chorar fácil na frente dos outros, mas não consegui segurar na frente dele. Me senti completamente transparente, como se ele pudesse ver dentro de mim e como se pudesse ver tudo o que eu pensava.

Odiei essa sensação. Odiei parecer tão vulnerável em frente a um homem como ele.

Respirei fundo, separei uma muda de roupas e sai do quarto, indo até o banheiro e depois fechando a porta atrás de mim. Me despi rapidamente e entrei no chuveiro tentando fugir do frio. Me lavei com calma, tirando tempo pra pensar e tentar esquecer e relaxar.

O vapor quente me rodeava, sem me deixar enxergar muito bem. O cheiro doce e floral do sabonete me agradava, assim como a espuma que ele fazia. Ele era bem parecido com o sabonete que eu usava em Porto Rico.

Deus, aquilo parecia ter sido em outra vida.

As vezes eu sentia saudades da vida que eu levava ao lado de Tej. Eu fui muito injusta com ele. Sempre.

Chacoalhei a cabeça tentando fugir da culpa que aquelas lembranças me traziam.

As coisas aconteciam como tinham que acontecer.

Era o que eu dizia pra tentar me sentir menos péssima.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. O banheiro estava enevoado e quente de vapor, sai do box despreocupada e alcancei minhas roupas. Vesti uma blusinha cinza ombro a ombro soltinha, a mesma calça moletom que eu vesti ontem, fiz um rabo de cavalo e hidratei meu rosto.

Pendurei minha toalha no box e sai do banheiro. Suspirei e andei até a sala. Shaw me olhou despreocupado e me deu um meio sorriso.

— Desculpa por hoje. — digo tentando não parecer tão sem graça quanto eu realmente estava.

— Já disse que não precisa se desculpar. — ele diz simples.

𝐎𝐏𝐄𝐍 𝐀𝐑𝐌𝐒 | tej & owen shawOnde histórias criam vida. Descubra agora